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Olha Só

MÚSICA POPULAR

- Publicada em 28 de Abril de 2023 às 15:22

Caras e Vozes de Gal e Adriana Calcanhotto

Show de Adriana Calcanhotto em tributo à cantora Gal Costa

Show de Adriana Calcanhotto em tributo à cantora Gal Costa


TÂNIA MEINERZ/JC
A cantora Adriana Calcanhotto iniciou na quinta-feira (27) a turnê brasileira de seu novo espetáculo Gal: Coisas Sagradas Permanecem, na Reitoria da Pucrs, em Porto Alegre, mais uma de suas ousadias. O show em homenagem à cantora Gal Costa, falecida em novembro passado, encontrou na cantora gaúcha, radicada no Rio de Janeiro desde o fim dos anos 1980, a intérprete certa para empreitada, que nas mãos (ou na voz) de qualquer outra cantora, seria uma aposta arriscada.
A cantora Adriana Calcanhotto iniciou na quinta-feira (27) a turnê brasileira de seu novo espetáculo Gal: Coisas Sagradas Permanecem, na Reitoria da Pucrs, em Porto Alegre, mais uma de suas ousadias. O show em homenagem à cantora Gal Costa, falecida em novembro passado, encontrou na cantora gaúcha, radicada no Rio de Janeiro desde o fim dos anos 1980, a intérprete certa para empreitada, que nas mãos (ou na voz) de qualquer outra cantora, seria uma aposta arriscada.
Adriana, ao invés da rima fácil de simplesmente revisitar os maiores sucessos da baiana, considerada por muitos como a maior cantora do Brasil, persegue a pluralidade de Gal e empresta seu corpo e sua voz para revelar a multiplicidade do espírito e da performance da homenageada em momentos que beiram o sublime. O início do show com Recanto Escuro, de Caetano Veloso, usando uma panela no ouvido em alusão aos primeiros contatos de Gal com sua voz cristalina, é um achado que demonstra o requinte de detalhes de sua criação e a profundidade a que a cantora gaúcha se predispôs.
O mergulho de Adriana na obra e na vida de Gal Costa fulmina todos os recantos claros, escuros e multifacetados de uma obra gigantesca cuja seleção de 22 canções, foi um desafio a mais para Adriana. O espetáculo que estreava em solo gaúcho foi desvendando aos poucos e num crescente que só parecia dimensionar a cada música, a pesquisa vocal a que Adriana se entregou, muitas vezes emulando a diva baiana que foi uma de suas referências, ao lado de Elis Regina e Maria Bethânia.
E foram tantas as Gal que Adriana trouxe à luz, que foi possível se “ver” os figurinos de cada shows, os gestos, as caras, bocas, cabelos e os acordes da musa inspiradora daquele recital. Adriana Calcanhotto se joga de corpo e alma em tudo o que se propõe a fazer; é uma característica da artista que, ao escolher o lado dos grandes músicos e intérpretes do Brasil, acabou se tornando um deles.
Na sucessão de canções eternizadas por Gal como Vapor Barato, Meu nome é Gal, Folhetim, Solitude, Índia, Baby, Negro Amor, Dia de Domingo, Caras e bocas, Nuvem Negra, Tema de amor de Gabriela, Bloco do Prazer, entre tantas outras, o show se passa como em uma epifania. A participação dos excelentes músicos Limma (teclados), Fabio Sá (baixo) e Vitor Cabral (bateria e percussões) e Pedro Sá (guitarra e violão)– que acompanhavam Gal em suas últimas turnês - conduzem o espetáculo a um final surpreendente com a plateia em pé cantando “não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa”, nos versos de Dê um rolê. Ao sair de cena, Adriana ainda deixa a blusa abrir e mostrar um pouco dos seios em alusão ao polêmico gesto de Gal em show dirigido por Gerald Thomas. É o desfecho perfeito para deixar Gal pairando sobre tudo e todos e Adriana, ganhar de seu irmão, Claudio Calcanhotto o epíteto de GalCanhotto, disparado já no camarim com Adriana entre seus amigos e familiares, feliz com sua missão cumprida.
A turnê segue para o Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo, Santos e Salvador.