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Minuto Varejo

- Publicada em 04 de Abril de 2022 às 18:39

'Porto Alegre precisa aprender a se vender melhor', diz novo presidente do Sindilojas

Piva assumiu o comando da entidade e quer mais engajamento do setor para melhorar a cidade

Piva assumiu o comando da entidade e quer mais engajamento do setor para melhorar a cidade


LUIZA PRADO/JC
Patrícia Comunello
A melhor forma de saber como estão os negócios do setor em 2022 é indo onde o comércio ferve, e a rua é imbatível para isso. É o que o novo presidente do Sindilojas Porto Alegre e Alvorada, Arcione Piva, anda fazendo, num roteiro pelo Centro e polos da Azenha e Assis Brasil.
A melhor forma de saber como estão os negócios do setor em 2022 é indo onde o comércio ferve, e a rua é imbatível para isso. É o que o novo presidente do Sindilojas Porto Alegre e Alvorada, Arcione Piva, anda fazendo, num roteiro pelo Centro e polos da Azenha e Assis Brasil.
"Não temos números ainda, mas tudo o que os empreendedores falam permite dizer que teremos um ano positivo, melhor do que 2019", repassa Piva, que saiu da vice-presidência para sentar na cadeira de presidente no 22º andar do edifício mais alto do Centro Histórico, o que fez pela primeira vez na manhã desta segunda-feira (4), justamente quando falou com a coluna.
"Vou sentar pela primeira vez agora", avisa ele. "É confortável", descontrai: "Mas o peso (da responsabilidade) é grande." Um dos donos da rede Elevato, do setor de materiais de construção, com 58 anos, o lojista fica no posto até 2026.
Piva também provoca a Capital com uma pegada mais varejista, literalmente.
"Porto Alegre (os porto-alegrenses) precisa aprender a se vender melhor", aconselha o dirigente, com mais de 40 anos de experiência atrás do balcão, seja ele físico ou digital, que é a cara do comércio em 2022. Piva dirige o maior sindicato patronal da Capital, que abrange loja de móveis a floriculturas. "É comércio é Sindilojas", avisa. São mais de 20 mil CNPJs. 
Minuto Varejo - Como o setor está, após os primeiros meses do ano e maior flexibilização da pandemia?
Arcione Piva - Fechamos dois anos de pandemia, que ainda afeta muita gente.  Os setores de calçados e moda, que é o maior número de lojistas, tiveram muito prejuízo. Assumo em um momento de muita transformação também devido à digitalização acelerada, que imprimiu nova velocidade desde 2020. Por isso, tenho falado que inovação será um mote muito importante nos próximos anos no sindicato. Queremos ajudar os pequenos a usar as ferramentas de tecnologia. Não precisa ter um grande e-commerce ou marketplace sofisticado. Isso começa com uso de WhatsApp e CRM, que já dão bastante resultado. Outro desafio é suceder o presidente anterior, Paulo Kruse, que elevou a régua de qualidade.
MV - O ex-presidente sempre se posicionou e até com opinião mais contundente. Como vai ser o perfil de atuação do senhor? Vamos ter um ano de eleições ...
Piva - Primeiro, o sindicato não pode ter partido, mas atuamos na política. Vamos ouvir todos os candidatos ao governo e ao Senado. Vamos analisar as propostas. Sou bem diferente do Paulo Kruse - até porque não existe duas pessoas iguais (risos). Sou mais de ouvir, para depois emitir uma opinião. Não existe o certo e o errado, mas o que somos capazes de fazer. Vamos ouvir muito os lojistas, a sociedade para orientar nossos empreendedores para tomarem as decisões mais corretas. Não defendo candidato A, B ou C, mas sim daqueles que possam nos ajudar trazendo desenvolvimento para o varejo.
MV - No plano estadual, quais os temas que o senhor entende como fundamentais para o setor?
Piva - O que nunca sai da nossa pauta é o tamanho da tributação para as empresas, e um delas é das faixas atuais de isenção do Simples Gaúcho, que é pauta comum com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-POA) - como o presidente lá é meu irmão, Irio Piva, não vamos ter problema de atuar juntos (risos). É fundamental a correção, pois chega em um patamar que o empreendedor tem de abrir um outro CNPJ para ficar no Simples, devido ao aumento de receita, ou não abre mais lojas. Outros assuntos passam pela segurança, desburocratização da máquina pública e buscar saídas para o comércio informal, que garanta direitos em caso de formalização. Vamos atuar e cobrar muito ações na área da Educação, que perdeu muito nos dois anos da pandemia. Isso nos preocupa muito. Queremos também colaborar com sugestões. 
MV - Falando sobre os irmãos, como vai ser a dobradinha dos Piva no Sindilojas e na CDL? 
Piva - Trabalhamos há 33 anos juntos no grupo Elevato, de materiais de construção, e temos conversado porque queremos fazer mais coisas. Uma prova é que a câmara vai estar na Feira Brasileira do Varejo (FBV), em maio, aqui em Porto Alegre. Vamos colocar os setores de cada lado para que trabalhem e tenhamos saídas juntas para temas comuns. Essa aproximação já vem ocorrendo nos anos recentes em temas com a prefeitura.
MV - As ações da prefeitura para melhorar o Centro Histórico são suficientes?
Piva - O trabalho da atual gestão segue a campanha e continuidade do que já tinha, como na Orla do Guaíba. A revitalização do Centro, que vai começar no quadrilátero, não é suficiente, mas é um primeiro passo. Vai gerar transtorno para os lojistas e restaurantes, mas é necessária para ter um Centro melhor. Mas tem ainda o Cais Mauá, com solução que precisa ter mais celeridade.
MV - O senhor falou que as medidas não são suficientes. O que mais precisa fazer?
Piva - Sempre tem mais para fazer. Já provoquei algumas entidades que precisamos de uma educação para a conservação da cidade, não só o Centro. A casa limpa é aquela que não é suja. A cidade limpa é a que a população não joga lixo no chão, mas para isso precisa ter um trabalho forte de conscientização, que envolve o pedestre e o empresário, como quem não dá o destino correto de resíduos. Uma das ideias é fazer uma grande campanha para mobilizar para a conservação da cidade, reunindo diversas entidades.
MV - Estamos a menos de um mês do South Summit, como os visitantes vão encontrar Porto Alegre?  
Piva - Temos uma grande dificuldade de vender a nossa cidade. Porto Alegre (os porto-alegrenses) precisa aprender a se vender melhor. Não acreditamos que a cidade seja a segura, que temos 50 museus e que temos os melhores restaurantes do Estado. Precisamos evoluir muito para dar esta segurança ao visitante. Falta uma melhor identificação dos eventos, visualmente. Conversei informalmente sobre isso com o presidente da Câmara Municipal, Idenir Cecchin, e o vice-prefeito, Ricardo Gomes. Precisamos de um novo jeito de divulgar, como colocar bandeiras de indicação do evento. Hoje isso é proibido por lei, devido à poluição visual. Tenho certeza que isso tem de mudar. O visitante que chega ao Aeroporto Salgado Filho precisa logo ver que vai ter o South Summit Brasil, como quem mora na Zona Sul.
MV - Qual é a orientação sobre o uso da máscara nas lojas?
Piva - A orientação é que se o cliente chega de máscara, o funcionário deve usar a proteção. Se não chegar, o uso fica a critério de cada um. É uma decisão pessoal e vale o bom senso. Quem está com algum resfriado e continua a trabalhar pode usar também. O legado da máscara vai ficar para o resto da vida.
MV - O que precisa melhorar na segurança pública para o setor?
Piva - Primeiro, é preciso melhorar a renda e educação, e depois ter mais efetivo de policiais nas ruas, mesmo que tenha tido expansão de efetivo. Também é importante que o comerciante faça o registro da ocorrência contra o estabelecimento, sem isso o trabalho da inteligência policial é prejudicado.
MV - Como está a relação de lojistas e shoppings? Vamos continuar vendo marcas locais deixando os empreendimentos para ir para a rua ou mesmo fechando?
Piva - Continuamos preocupados com a insegurança nesta relação. O desafio é fazer um bom contrato, e o Sindilojas pode orientar sobre isso. De um lado tem um investidor e grande empreendedor, e de outro o comerciante. Sem orientação e estudo sobre o contrato - e não é só olhar o aluguel -, depois que assinar não adianta. Estamos pensando em reunir todos os executivos de shopping centers para ver como trabalhar juntos, para garantir equilíbrio nestes contratos.
MV - Como 2022 vai terminar para o varejo, com inflação e juros mais altos, consumidores mais endividados, guerra, eleições ...?
Piva - Em pesquisas, dados até março e conversas com lojistas, mesmo os que sofreram mais na pandemia, a expectativa é que o ano feche positivo, com crescimento frente a 2019, resta ver quanto, o que pode ainda não ser suficiente para recuperar as perdas.   
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