Black Friday e Natal agora são só o que o varejo quer saber. Na edição do Mapa Econômico da Região Metropolitana, a coluna Minuto Varejo falou com representantes do setor e traçou o que deve se esperar da reta final em vendas em 2025.
"A nossa expectativa é grande para as duas datas. Apostamos em vendas em torno de 5% reais (descontando a inflação) maiores do que no ano passado", sinalizou Vilson Noer, presidente da Federação AGV, que abrange a base de entidades parceiras e a CDL Porto Alegre.
O presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner, segue projeção semelhante e espera um "Natal de presente mais barato". O economista-chefe do SindilojasPOA e presidente do Conselho de Economia do RS (Corecon-RS), Rodrigo Assis, pondera que preços mais elevados podem afetar a temporada, mas cita a antecipação do 13º de servidores estaduais, nesta semana, como um dado positivo para irrigar a oferta de renda no comércio gaúcho.
"Vai ser um Natal de presente mais barato, o que favorece algumas áreas, como vestuário, calçados e até semijoias. Presentes de anos passados, como celulares ou com valor agregado maior, terão intenção de compra menor", avalia Pioner. A entidade também está bastante preocupada com a escalada da inadimplência no Rio Grande do Sul.
"O Estado tem percentual três vezes maior que o Brasil das pessoas que estavam devendo e ficam reincidentes. No País, a taxa é de 1,91% e entre os gaúchos, de 5,8%. A pessoa paga e depois cai de novo no atraso", esclarece ele.
Assis reforça que os atrasados tiram "muito fôlego para gastar". O economista aposta que a Black Friday terá mais força com o adiantamento do 13º dos inativos estaduais. "O varejo vai ter um acréscimo de dinheiro agora, nesta semana", cita Assis, preocupado com o impacto dos juros, que se mantêm em escala elevada. O Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano. Sobre a inflação, o economista observa que ocorre um recuo "mais lento" do indicador.
Outro front que sempre entra no foco, a contratação de temporários, vem também com ritmo menos intenso que outros anos. "Os lojistas estão apostando menos em temporários e mais nos funcionários mais permanentes", assinala Assis.
"A Black Friday é um evento extremamente importante e tirou parte do movimento do Natal, antecipando as compras mesmo", comenta Noer. "Estamos trabalhando de forma bastante realista, pois o momento está bem difícil. O desvio de renda para as bets preocupa ainda", exemplifica o dirigente da Federação AGV.
No lado do e-commerce, gigantes como Mercado Livre (Meli) devem elevar a demanda e o fluxo em seus complexos logísticos. No Rio Grande do Sul, a unidade fica no Ecoparque Lourenço & Souza, em Sapucaia do Sul. O diretor do complexo, Filipe Chistianetti, diz que o movimento já chegou a 80 mil pacotes ao dia, com mais de 200 caminhões diários. Quando estreou, em 2023, o CD movimentava 20 mil pacotes ao dia.
"Vamos ter agora a big season, com a Mercado Livre e DHL e estamos com ações para dar segurança às operações", diz o diretor. Somente o Meli soma mais de 400 funcionários. Devem girar de 800 ou 900 veículos por dia na temporada de fim de ano.