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Patrícia Comunello

Patrícia Comunello

Publicada em 22 de Outubro de 2025 às 16:59

Gigantes do varejo gaúcho adotam jornada 5x2 para reter e atrair mão de obra

Setor de supermercados é um dos campeões em rotatividade de funcionários

Setor de supermercados é um dos campeões em rotatividade de funcionários

/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
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Patrícia Comunello
Patrícia Comunello
Atualização 23/10/2025 - Duas grandes varejistas gaúchas colocaram na cesta de opções para funcionários uma jornada de trabalho diferente do que domina o setor. E a razão? A dificuldade de preencher vagas e reter pessoas. A Comercial Zaffari, de Passo Fundo, segunda maior supermercadista do Estado e dona da bandeira Stok Center, e a rede de eletrodomésticos e materiais de construção Quero-Quero tiveram experiência com escala 5x2 em vez de 6x1, que domina o comércio.
Atualização 23/10/2025 - Duas grandes varejistas gaúchas colocaram na cesta de opções para funcionários uma jornada de trabalho diferente do que domina o setor. E a razão? A dificuldade de preencher vagas e reter pessoas. A Comercial Zaffari, de Passo Fundo, segunda maior supermercadista do Estado e dona da bandeira Stok Center, e a rede de eletrodomésticos e materiais de construção Quero-Quero tiveram experiência com escala 5x2 em vez de 6x1, que domina o comércio.
O atrativo para os empregados é poder ter folgas seguidas, seja no fim de semana ou em dias de semana. A carga horária de 44 horas semanais se mantém, seguindo a regra prevista da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
A informação foi repassada para a coluna Minuto Varejo pela Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços (Fecosul) e pelo sindicato da categoria em Lajeado, no Vale do Taquari, onde a jornada já está em vigor.
No atacarejo Stok Center, a escala de 5x2 para preencher vagas foi adotada para a filial aberta em junho na cidade. O presidente do Sindicomerciários de Lajeado, Marco Daniel Rockenbach, diz que a oferta partiu da própria empresa. A entidade havia prevenido o grupo que, com o salário e a jornada 6x1 e ainda aos domingos, a Comercial não conseguiria candidatos. Um motivo extra na região é que as redes de varejo rivalizam com as indústrias, com remuneração superior e ainda folgas em fins de semana. 
A varejista explicou à coluna que chegou a anunciar a jornada para atrair interessados. Sdegundo a rede, a modalidade não teria tido êxito para ocupar as vagas. Depois de duas semanas de aníunciio, a Comercial recuou e voltou ao sistema de 6x1. Até, mesmo assim, há algumas vagas que não foram preenchidas.   
'Esperamos que mais redes busquem o mesmo caminho. Virou um grande atrativo', diz Rockenbach | SINDICOMERCIÁRIOS DE LAJEADO/DIVULGAÇÃO/JC
'Esperamos que mais redes busquem o mesmo caminho. Virou um grande atrativo', diz Rockenbach SINDICOMERCIÁRIOS DE LAJEADO/DIVULGAÇÃO/JC
"Há grande falta de mão de obra, e a indústria é nossa grande concorrente, como em avicultura e doces", cita o sindicalista de Lajeado. "O Stok Center achava que ia ser fácil conseguir candidatos, avisamos que tinha de pagar além do piso e ter diferenciais, como rotação de folgas, incluindo sábados", cita o presidente do sindicato.
"Esperamos que mais redes busquem o mesmo caminho. Virou um grande atrativo. Os trabalhadores querem folga dupla", reforça Rockenbach.
O setor de supermercados é um dos campeões em rotatividade de mão de obra. A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) fala em mais de 60%. Os contratados saem após o período de experiência. "Tem gente que troca de empresa por R$ 50,00 a mais", conta o sindicalista de Lajeado.
Rede adotou a jornada em lojas de Lajeado como piloto para ver impacto da mudança | PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Rede adotou a jornada em lojas de Lajeado como piloto para ver impacto da mudança PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O novo esquema também seduz gerações mais novas, que são as que mais trocam de local de trabalho. "Os mais jovens não querem trabalhar sábado de tarde e domingo. Querem mais liberdade", avisa o dirigente local. 
presidente da Agas, Lindonor Peruzzo Junior, acompanha o movimento das redes: "É uma estratégia que cada empresa está montando devido à dificuldade total de contratar e reter pessoas", diz Peruzzo Jr, validando que a saída também busca contrapor a disputa de mão de obra com as indústrias.
Na Quero-Quero, a jornada 5x2 começou em outubro em duas lojas de Lajeado de forma piloto em Lajeado, após acordo com o sindicato, porque altera as condições anteriores. No Stok Center, não houve acordo pois foi na contratação.
"Eles (Quero-Quero) vão fazer rodízio com as pessoas, incluindo folgas na semana, para que todos tenham folga dupla em uma semana no mês. A ideia é que a pessoa possa se programar no mês", explica o sindicalista. "Estão focando em unidades com turnover maior". 
'É  estratégia que cada empresa está montando pela dificuldade total de contratar e reter pessoas', diz Peruzzo | TÂNIA MEINERZ/JC
'É estratégia que cada empresa está montando pela dificuldade total de contratar e reter pessoas', diz Peruzzo TÂNIA MEINERZ/JC
Na região de atuação do sindicato em Lajeado, englobando oito cidades, Rockenbach diz que há 800 a mil vagas abertas com dificuldade para serem preenchidas. São 400 a 500 somente no comércio. O Via, do grupo Passarela, será aberto com previsão de 150 empregos. O grupo catarinense enfrentou problemas para reter funcionários no Lajeado Shopping. O dirigente local diz que fez alerta sobre a futura operação.  
"Penso que 40 horas e escala 5x2 é o caminho mais adequado no momento para depois avançarmos para busca de uma jornada menor", aposta Guiomar Vidor, presidente do Fecosul, que espera mais adesões de empresas ao esquema de mais folgas na semana.
A legislação trabalhista prevê número mínimo de folgas no mês, mas nem sempre o descanso é concedido dentro dos sete dias corridos da semana. Isso já gerou críticas e reações de categorias em segmentos que abrem de segunda a segunda, como supermercados e farmácias. O Grupo Zaffari, o líder do setor, foi alvo de manifestações e campanha, que inseriu a pauta da jornada. O grupo fez mudanças na rotina de trabalho, segundo apurou o Minuto Varejo

Consultora aponta 'negação' sobre epidemia de turnover

Angelita detalhou as razões da rotatividade e os caminhos para mudar a situação

Angelita detalhou as razões da rotatividade e os caminhos para mudar a situação

/BRENO BAUER/ARQUIVO/JC
"Temos uma legião de pessoas que estão em negação ainda", adverte a consultora em gestão comportamental Angelita Garcia, sobre a reação de muitos donos de empresa ante o problema número 1 do comércio hoje. A retenção de funcionários e atração de novos para vagas têm tirado o sono de lojistas.
Angelita se rebela quando ouve frases como: "Por que não parou (na vaga)? Aí dizem: 'Ah, não gostam de trabalhar'", reproduz ela, que está no mais recente videocast da coluna Minuto Varejo.
Ela colocou seu olho clínico, de quem atua há décadas com recursos humanos no mundo supermercadista, para elucidar as razões da epidemia de turnover (rotatividade de pessoas) e indicar caminhos. Ela cita que há casos de redes com 140% de rotatividade.
A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) aponta taxa negativa de mais de 50% entre demissões e admissões. "A gente não perde só um colaborador. Com ele vai uma história, o relacionamento com o cliente e a experiência de compra. Ele sabe qual é o pãozinho que o seu fulano gosta. O cliente fica incomodado porque ele foi embora", lista Angelita.
"Ou a gente muda a nossa cultura ou a coisa vai ficar cada vez pior. É a cultura da empresa, e isso começa pela cabeça do dono", avisa a entrevistada, de forma contundente e clara. 

Coluna de segunda terá entrevista completa

A coluna Minuto Varejo na edição de quinta-feira do jornal impresso terá a entrevista completa com Angelita Garcia, sobre o desafio de manter e atrair pessoas para vagas no varejo.

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