Se o digital testa cada vez mais as fronteiras do varejo físico, o contrário também acontece. Foi assim que uma loja com fachada muito delicada, nas cores azul e rosa, surgiu este ano em uma das avenidas mais valorizadas de Porto Alegre e com cada vez mais segmentos de produtos, principalmente com foco em moda e design.
A Doce Doce, de linhas de roupinhas para recém-nascidos e bebês, veio com essa pegada quando abriu na avenida Nilo Peçanha, 2602, um dos corredores emergentes em público de alta renda na Capital. Depois de uma década no mundo online e conquistando clientes pelo Brasil - o maior mercado é São Paulo -, a proprietária Laureen Ratth decidiu dar um passo de maior maturidade do negócio.
"A Doce Doce é uma marca de roupinhas em tricô para bebês, especializada na linha maternidade. São produtos exclusivos criados e confeccionados pela marca. As peças são confeccionadas de forma artesanal", conta ela.
"Com detalhes de bordados e aplicações feitas à mão e com o principal ingrediente: o amor", acrescenta a lojista.
Peças para a demanda de recém-nascidos têm detalhes bordados à mão
TÂNIA MEINERZ/JC
As produções são feitas por mulheres em bairros da periferia da Capital, como bairro Bom Jesus. "É um trabalho lindo artesanal", orgulha-se. A Doce Doce chegou a ter showroom durante oito anos no bairro Moinhos de Vento.
"Estou fazendo o caminho inverso da maioria do varejo. Comecei no online, mas observei uma carência de lojas de bebê na cidade. Tomei coragem e abri a loja física", conta.
Laureen montou a operação quando a primeira filha nasceu. Na hora de organizar o enxoval, a futura mamãe encarou as restrições para conseguir peças mais tradicionais, com detalhes e estilo que dificilmente se encontrava em lojas.
"Sou engenheira de produção com marketing em moda. A ideia da loja veio ao organizar o enxoval da Martina (minha filha). Percebi que faltavam peças mais estilosas e diferentes no mercado", conta ela.
Laureen tem maior mercado formado por clientes dos estados do Sudeste
TÂNIA MEINERZ/JC
A lojista decidiu começar a criar os modelos e passou a vender em canais digitais. As peças que seguem os perfis de gerações que tinham de resolver muito em casa as demandas de vestuário, como casaquinhos, macacões e outros itens básicos de bebês.
"Enviamos nossas criações para todo o País. Nosso forte sempre foi a venda online e ganhamos um bom mercado no Sudeste", cita ela.
Para quem lida com proposta de modelos feitos de forma manual, o gargalo é inevitável. "Nossa limitação é a produção. Esse trabalho artesanal está em extinção. Jovens não têm interesse (em seguir as mães) e a quantidade de pessoas que ainda fazem diminui a cada ano", preocupa-se.
Laureen comenta que, mesmo após a estreia no ponto físico, a venda do digital ainda é maior, com mais demanda de compradores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. "Mas a ideia é equilibrar o faturamento das duas", projeta ela.