O casarão na esquina das ruas Luiz Afonso e José do Patrocínio, miolo do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, chama a atenção pela fachada na cor preta. Mas tem outro atrativo no entorno do negócio: é um mix de livraria, edição de títulos (comics) e agito cultural, o que inclui um bar para os frequentadores ampliarem a experiência na Editora Brasa.
Outro detalhe na trajetória da Brasa: em 2024, o negócio estava na sala da casa do dono, Sandro Ferreira, o Lobo. Ele conta que o conceito do negócio no segmento editorial começou em 2017, quando a editora arrematou o primeiro Prêmio Jabuti, na categoria quadrinhos, com a edição independente de Castanha do Pará.
"Naquele ano, comecei a trabalhar nos livros que seriam os primeiros lançamentos. A Brasa ganhou este nome por volta de 2019 como sugestão do diplomata Igor Trabuco, um dos responsáveis pelo projeto Brasil em Quadrinhos", recorda o proprietário.
"Em setembro de 2021, a gente lançou a editora. Até 2024, ela funcionava na sala da minha casa." No bairro, a enchente afetou a operação, principalmente no fluxo de público. "Foi muito traumático ver o nosso Estado e a nossa cidade afundando. Parentes e amigos perdendo tudo."
A Brasa tem 14 livros em catálogo e já publicou cerca de 30 autores brasileiros. "Estamos negociando com muito mais autores", adianta Lobo. A evolução da loja segue a capacidade financeira do dono. Lobo investiu R$ 15 mil que tinha "guardados" para abrir a operação, que ocupa o térreo do casarão. Parte do dinheiro também foi usada para suportar o pós-cheia.
"Não perdemos nada, mas fomos severamente impactados financeiramente. Nosso tráfego pago caiu e ficamos três meses sem vender na editora. Até hoje, as estantes da loja são as que tínhamos em casa", cita ele. "A comunidade abraçou a loja desde o primeiro dia. O lançamento foi tão cheio que lotou o espaço", valoriza Lobo.
O varejo do térreo foi uma separação da área da editora, que fica no piso superior. "A Loja da Brasa desceu para o térreo para ganhar espaço próprio. É uma gibiteria, livraria e bar", define o livreiro. A operação funciona diariamente, das 14h às 22h.
"A ideia é ampliar o acervo de quadrinhos e literatura, além de fornecer mais espaço para o público que gosta de linguagens narrativas se reunir e passar um bom tempo fazendo o que mais gosta: contando e ouvindo histórias numa boa mesa de bar", define o proprietário.
"Ocupar todo o casarão histórico era um desejo nosso. É bonito ver os quadrinhos ganhando mais espaço nas ruas e nas prateleiras de Porto Alegre”.