"É uma mágica. A gente tira uma cartola e de lá sai o projeto", descontrai o arquiteto porto-alegrense Dudu Logemann, radicado em Nova York há dez anos. O astral combina com o jovem, cuja família comanda um dos maiores grupos do agronegócio brasileiro, o SLC. O arquiteto prepara agora o reencontro com o Rio Grande do Sul e o Brasil.
Logemann, que se mudou com 17 anos para Manhattan, escolheu o mundo do design e da arquitetura como campo profissional, de inspirações e ideias. "Cada projeto tem muito a ver com o dono, por isso nenhum é igual ao outro. Nosso trabalho é achar o sabor da arquitetura do cliente", arremata Logemann.
O arquiteto está montando seu escritório em São Paulo, para explorar o potencial de projetos e clientes nos principais mercados. "O Brasil está precisando de variedade, e a gente quer levar muito disso", avisa o jovem.
Apartamento em Tribeca, em Manhattan, é sede do Ministry of Design, base com referências para projetos
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Além disso, Logemann ou Dudu, como é chamado por todos, adianta que vai lançar uma coleção de mobiliário no fim de 2025. Para 2026, já tem outra safra prevista. "Não posso contar muito ainda, mas vai ser com peças limitadas. A ideia é trabalhar com material diferente a cada coleção. A primeira vai ser em couro. Ano que vem vai ser vidro", dá a pista. Mesas e abajures estarão no cardápio das criações.
Em Nova York, o gaúcho montou, em 2024, o Ministry of Design, um laboratório de experiências sensoriais. A base é o apartamento da família em um prédio de 1893, na Lispenard Street, em Tribeca, no sul da ilha. A equipe é formada pelo gaúcho e mais duas arquitetas, colegas da formação no Pratt Institute, Amy Liu e Helena Lenz Ferreira.
Na sala gigantesca com janelões que produzem uma interação inusitada - o visual externo dos edifícios antigos, muitos restaurados, e a muvuca da avenida Broadway que é quase ao lado -, estão objetos do Mercado de Pulgas de Paris, de bazares de Istambul, de antiquários de Nova Délhi e mobiliário histórico e de época colhidos na Inglaterra ou de produção artesanal.
O trabalho autoral de Logemann, com formação em arquitetura pelo Pratt Institute, tem influências de viagens pelo mundo, imersão no mobiliário italiano, em Roma, e estilos como art déco, neoclássico, gótico e retrofuturismo.
"Nossos projetos privilegiam o conforto, a permanência e o bem-estar", destaca. "Esse espaço (Ministry of Design) é a nossa casa. Aqui, a gente mostra a nossa curadoria, com mistura de objetos de diferentes períodos", descreve o arquiteto.
Logemann e Amy Liu, colega no Pratt Institute, desenvolvem projetos no Ministry of Design
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Um dos móveis mais irresistíveis é uma "poltrona da vovó", confeccionada de forma artesanal em Yorkshire, interior da Inglaterra, e que levou 14 meses para ficar pronta. "Não podemos ficar só no móvel moderno. Temos de voltar para os clássicos", defende.
Duas caixas de som compradas de segunda mão da marca dinamarquesa Bang & Olufsen, que agregam o oposto, um design futurista que parece ter saído do mundo dos Jetsons, desenho dos anos de 1960 e 1980, que mostrava o mundo em 2062.
Além de atuar em Nova York, com extensão até o refinado Hamptons, point do veraneio de alta renda na costa leste do país, Logemann assina projetos residenciais entre Londres e Bélgica. No mercado brasileiro, as ideias do jovem já começam a ser conhecidas em empreendimentos de luxo, como o da Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, em São Paulo.
Em Porto Alegre, o gaúcho trabalha na concepção de uma residência no condomínio da Belmondo, de integrantes da família Zaffari, vizinho ao futuro Complexo Belvedere, onde um hipermercado do Grupo Zaffari está em implantação.