"A Inteligência Artificial (IA) veio para mudar absolutamente tudo", avisa Maurício Bastos, diretor de tecnologia (CTO) do Azzas 2154, hoje o maior conglomerado de marcas de moda (mais de 30) da América Latina, que surgiu em 2024, após a união da Arezzo (Arezzo, Reserva e Cris Barros, entre outras) e Soma (Farm e Hering).
Bastos foi um dos convidados do Executive Summit, que ocupou auditório do Campus Caldeira, na Zona Norte de Porto Alegre, na última quinta-feira (12), em promoção da Câmara Americana de Comércio (Amcham-RS) e Genesys.
Na plateia, equipes que precisam de linhas de frente de empresas que precisam desatar o nó do uso de IA, principalmente para tornar as operações mais eficientes.
"A IA transforma todas as experiências do cliente ou de back-office, desde descritivos de site, imagens de produto, personalização de indicação de produto para clientes e insights acionáveis pelo vendedor de loja poder fazer uma régua de relacionamento", lista o executivo.
Antes de aprofundar a ação do grupo no manejo do novo recurso, um detalhe que chama a atenção é o nome da associação das duas gigantes: Azzas 2154.
Bastos explica que os dois "ZZs" são referência à Arezzo e "asas" a um "sentido mais amplo de como trabalhamos moda do Brasil para o mundo".
Mas e o 2154? "É a visão do fundador da Arezzo, Anderson Birman (pai de Alexandre Birman, que preside o Azzas), pensando para dois séculos. O ano de 2154 será o aniversário de 200 anos dele", desvenda Bastos.
Gerir um conjunto diverso é o desafio da nova companhia, que tem sido alvo de especulações no mercado sobre supostas divergências ou dificuldades de relação entre os novos sócios líderes, o que poderia comprometer o futuro da fusão.
Já sobre a IA, Bastos comenta que a condução dessa virada passa pelo uso de soluções disponíveis, mas com olhar estratégico. "Temos de entender onde que a inteligência artificial pode nos apoiar para acelerar soluções para questionamentos estratégicos e os negócios", conceitua o executivo.
"É super importante também entender em que pé estamos hoje, falando de AI generativa, e quais aplicações são bem resolvidas. Quando a gente fala de cliente, atendimento, por exemplo, tudo que é uma relação básica de atendimento. Isso é muito facilmente resolvido por AI. O que é diferente de uma curadoria, de uma leitura personalizada", confronta o CTO.
O que entra nesse fluxo? Status de pedido, cancelamento, informações da compra (cliente): tudo isso pode ser automatizado, sinaliza ele.
"Isso traz eficiência muito grande e permite que as pessoas do time tenham um trabalho muito mais de encantamento e relacionamento do que um trabalho quase que de uma máquina, de pegar um status e devolver para o cliente", ilustra Bastos.
Sobre mais mudanças geradas a partir da incorporação de iA, o executivo vislumbra transformações em todas as áreas. "Desde os pontos de contato, a jornada e a expectativa do cliente. Em resumo: acredito muito no conceito da IA conversacional como uma forma de ser um consultor, um agente, um parceiro para o processo de compra", define.
"A IA falando, conversando, como se fosse um amigo no WhatsApp. Você vai poder consultar e consumir produtos e construir um relacionamento direto, pessoal, com a marca de preferência", exemplifica. Em um grupo com o porte do Azzas 2154, a expectativa é que a nova tecnologia e suas aplicações possam ser levadas, a partir de testes, para as 30 marcas.
"Parte da estratégia está conectada ao cliente e de como colocar na mão dos vendedores insights para poder gerar melhor venda e melhor conversão, aumentando o tíquete e a recorrência e ampliando a geração de valor", delineia o CTO.
Bastos acredita ainda que a "IA vai nos empoderar". "Dentro de cada segmento, estrutura da operação e processos que são muito repetitivos e maquinais serão trocados por IA. Mas não como eliminação do humano, mas para que as pessoas possam se focar e entregar uma experiência verdadeiramente humana, algo que a IA não vai fazer."