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Patrícia Comunello

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Publicada em 11 de Junho de 2025 às 17:05

Maior tributação das bets divide opiniões do varejo no RS

Setor de comércio e serviços alerta para endividamento e danos à saúde gerados pelas apostas

Setor de comércio e serviços alerta para endividamento e danos à saúde gerados pelas apostas

Freepik/Divulgação/JC
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As bets viraram uma espécie de pesadelo para o comércio porque acabam drenando parte do dinheiro que varejistas acham que poderia desaguar nas compras. Por isso, o aumento da tributação das apostas digitais, que foi incluído no pacote fiscal do governo federal para melhorar as contas, tem consenso de dirigentes do setor sobre medidas, mas há certa divisão sobre os remédios usados, como justamente a eleição da carga e seus efeitos.
As bets viraram uma espécie de pesadelo para o comércio porque acabam drenando parte do dinheiro que varejistas acham que poderia desaguar nas compras. Por isso, o aumento da tributação das apostas digitais, que foi incluído no pacote fiscal do governo federal para melhorar as contas, tem consenso de dirigentes do setor sobre medidas, mas há certa divisão sobre os remédios usados, como justamente a eleição da carga e seus efeitos.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que o segmento movimentou mais de R$ 100 bilhões sem 2024. Este ano, de janeiro até abril, o fluxo teria sido de R$ 40 bilhões, segundo a Federação AGV. 
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, lembra que a tributação das bets já era uma pauta nacional do comércio e serviços, com a defesa da taxação dos jogos. "Mas não aumentando a carga da forma como o governo está fazendo", argumenta Bohn. Para o dirigente da maior federação gaúcha do varejo, a elevação deveria ser compensada com queda em outras frentes. "Virou um jabuti, mas achamos que não vai passar", projeta Bohn, citando que uma medida mais eficaz, considerando o impacto para o consumo de bens, seria a restrição a apostas usando recursos de programas sociais, como Bolsa Família. 
O presidente do SindilojasPOA, Arcione Piva, avalia que a alta da tributação pode inibir o nível de consumo dos jogos digitais. "Mas a maior preocupação não é nem com tributar as bets, mas com a tributação em si, pois a conta acaba sendo paga por toda a sociedade", pondera o líder do sindicato lojista.
"Precisaria ser feito algo mais na redução de gastos, especialmente nas despesas correntes do governo, para evitar a necessidade de novos aumentos da carga", aponta Arcione, citando ainda que a necessidade de elevar a produtividade do setor público. "Quando o resultado não está bom, tem de mexer nos custos e organizar a casa para poder voltar a ser produtivo, como qualquer varejo faz", contrasta o presidente do SindilojasPOA.
O presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, opina que é "ótimo taxar as bets", mas achou pouco o percentual, que passaria de 12% para 18%. "Ainda é pouco, mas melhor do que nada", rendeu-se o lojista da Capital. Outra crítica para reforçar o maior custo tributário é que a maior parte dos recursos captados pelas empresas do segmento enviam o dinheiro ao exterior. "Além disso, as pessoas viciam no jogo e passam a ter sérios problemas nas famílias. Também seria ideal aplicar recursos desses impostos em campanhas de conscientização sobre os malefícios do jogo", sugere Piva.
Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do RS, concorda no aumento da taxação dos jogos, "por estarem sugando muito da renda das pessoas". Dados do SPC Brasil mostram que acelerou a velocidade da curva de inadimplência em 30%, após a liberação das bets", adverte Pioner.
"Muitas pessoas avisam que atrasaram as contas porque gastaram com as bets que haviam contratado", exemplifica o presidente da Federação Varejista. "Nossa preocupação também é com as modalidades que alcançam os jovens. Precisa colocar mais barreiras para diminuir o consumo desse tipo de jogo de azar, que são um sumidouro de recursos das pessoas", alerta Pioner.
Parte da elevação da inadimplência, que bate recordes no Rio Grande do Sul, por exemplo, é explicada pelo deslocamento para as apostas, cita Vilson Noer, presidente da Federação AGV. "Devido ao alto grau de endividamento, que está acontecendo aqui no Estado. A incidência de pessoas com problemas mentais é gigantesca, segundo médicos", reforça o dirigente, que também vê como grave a evasão de recursos.
"De janeiro a abril, R$ 40 bilhões gastos em apostas e jogos. Isto é um absurdo!", reage Noer: "Por quê? Porque isso é um dinheiro que sai do consumo, ninguém ganha, o jogo não é para ganhar, todo mundo perde." O presidente da Federação AGV também questiona outras elevações de tributos que estão no pacote: "Se tributar as bets, não precisa elevar a carga (tributos) em outras áreas".

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