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Patrícia Comunello

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Publicada em 08 de Junho de 2025 às 18:42

Com 3,4 mil pontos, como a Editora Vitrola virou a maior 'livraria' do Brasil

"Quero levar os livros a lugares que jamais estariam", diz Severiano

TÂNIA MEINERZ/JC
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“80% das cidades brasileiras não têm uma livraria, mas a maioria delas tem Vitrola. Somos uma livraria, uma distribuidora e editora”, conceitua o fundador do negócio mais inusitado de livros que surgiu nas décadas recentes no Brasil, o gaúcho de Iraí, Ramir Severiano.
“80% das cidades brasileiras não têm uma livraria, mas a maioria delas tem Vitrola. Somos uma livraria, uma distribuidora e editora”, conceitua o fundador do negócio mais inusitado de livros que surgiu nas décadas recentes no Brasil, o gaúcho de Iraí, Ramir Severiano.

Videocast do Minuto Varejo: Assista ao episódio completo com Ramir Severiano, da Editora Vitrola 

Com 3,4 mil pontos pelo Brasil, a Vitrola pode ser considerada a maior rede de livrarias do País sem necessariamente seguir o padrão do setor. Ex-bancário, Severiano tem uma trajetória igualmente incomum e chamou a atenção da coluna por isso.
O empresário, que contou sua história e da Editora Vitrola no videocast do Minuto Varejo, começa a operação como videolocadora, migra para CDs e depois para livros, vendidos em farmácias, supermercados, conveniências de postos e até floriculturas. A evolução do negócio, que projeta faturar R$ 70 milhões este ano, mostra a exploração de potenciais em áreas dentro de varejos. E vem novidade por aí.
A marca somou no primeiro trimestre de 2025 mais de R$ 15 milhões em faturamento, com média de mais de R$ 5,3 milhões por mês na venda nos pontos. No mesmo período, 184 novos pontos de venda foram ativados em diferentes regiões do país. Desses, 31 estavam localizados no estado de São Paulo, que tem se consolidado como um mercado estratégico para a empresa.
Minuto Varejo - Como surge a Vitrola?
Ramir Severiano - Começamos como locadora nos anos de 1990. Vendíamos consórcio para clientes comprarem videocassete. A primeira loja foi aberta em Frederico Westphalen. Em 1994, introduzimos CD, mas o interior era abandonado e não tinha distribuidor. Decidimos botar a distribuidora e trazíamos CDs de São Paulo. Depois, compramos direto de gravadoras. No começo, colocava os CDs dentro do meu carro e viajava para vender para lojas. Mostrava que muitas pessoas queriam comprar. Fizemos uma mudança de cultura, levando o CD para pontos distantes. Chegamos a ser o maior distribuidor do Brasil.
MV - Como foi com o digital?
Severiano - O CD começou a perder força, e a indústria mudou de novo. A locadora já tinha ficado pelo caminho. O que vamos fazer? Foi aí que um amigo da Sony Music sugeriu: “Vamos vender livro na tua loja?” Respondi: “Vamos!”. Ele mandou os livros com um expositor. Foi mais uma oportunidade. Aos poucos, começamos a comprar de editoras para distribuir, como se fazia em Porto Alegre. Nossa primeira Bienal foi em 2011, mas tinha de convencer as editoras a venderem para a gente. Dizia: “Pelo amor de Deus, me deem a condição para me vender livros”. Mas diziam que já tinham distribuidor no Estado. Daí, respondia: “Quero vender em pontos alternativos e levar os livros a lugares que jamais estariam”, que, aliás, é o nosso lema. “Propagar a cultura através do livro em lugares em que ele jamais estaria”. Um dia o diretor da editora Globo cedeu: “Ramir: todo dia acordo e tenho certeza que você vai me ligar. Vamos te dar uma chance”. Ele disse para ir à Bienal que abriria as portas. Assim, começamos a ter relação com as editoras Gente, Companhia das Letras, Sextante e Record.
Expositores da Vitrola estão em varejos, como lojas de conveniência cafeterias e outros negócios | EDITORA VITROLA/DIVULGAÇÃO/JC
Expositores da Vitrola estão em varejos, como lojas de conveniência cafeterias e outros negócios EDITORA VITROLA/DIVULGAÇÃO/JC
MV - Como montar a rede?
Severiano - Nossa grande sacada foi já ter os canais de venda de CD em supermercados. A Cotripal, de Panambi, topou colocar os livros e foi um sucesso. A cidade, com 50 mil habitantes, não tinha livraria. O mercado era o único lugar que vendia livros. Aliás, 80% das cidades brasileiras não têm livraria, mas hoje a maioria tem Vitrola. A pessoa está viajando, para em um restaurante à beira da rodovia e diz: “Olha ali a Vitrola”. O desafio sempre é convencer o dono do negócio. Nosso argumento principal é que o livro é um produto diferente. É uma forma desurpreender os clientes porque é uma oferta de cultura.
MV - E vendia?
Severiano - Sim! A Publishing News mostrou que apenas 16% dos brasileiros compraram um livro em 2023. A gente pode olhar assim com um certo pessimismo, mas vejo com otimismo. Se apenas16% compraram, os outros 84% são um mercado gigante. Nosso desafio é estimular as pessoas a comprarem. Como? Colocando títulos em lugares em que jamais estariam, como farmácias, supermercados, frente de caixa, conveniências, floriculturas. Hoje tem quatro, cinco, seis tipos de modelo de expositor.
MV - Qual é o tamanho da rede e os próximos passos?
Severiano - São quase 3,4 mil pontos, 32,5% (1,1 mil) em farmácias e 18,3% em supermercados. Este ano vamos montar a Livraria Vitrola dentro de varejos com muito fluxo. Já temos franquias em algumas cidades, mas vamos ter um projeto padronizado.

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