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A coluna foca novidades sobre operações, tendência e desempenho do consumo e traz olhar de quem empreende no varejo do Rio Grande do Sul, com conteúdo multimídia.
Publicada em 29 de Maio de 2025 às 00:25
'Melhor loja para se visitar é uma livraria', diz fundador da Travessa
Livreiro apontou, no videocast da coluna, o atendimento como "mais trabalhoso" no negócio
/TÂNIA MEINERZ/JC
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Patrícia Comunello
"A melhor loja para se visitar é uma livraria", diz, convicto, Rui Campos, fundador da Livraria da Travessa, prestes a ter a primeira unidade no Sul do Brasil e justamente em Porto Alegre. Para Campos, o ponto físico com milhares de livros - serão 50 mil somente na unidade do Iguatemi da Capital, que deve estrear até agosto -, "possibilita a fuga da velocidade", tudo a ver com o que especialistas falam sobre o papel da loja para desacelerar o consumidor. Já para os shopping centers, livraria virou atração de fluxo.
"A melhor loja para se visitar é uma livraria", diz, convicto, Rui Campos, fundador da Livraria da Travessa, prestes a ter a primeira unidade no Sul do Brasil e justamente em Porto Alegre. Para Campos, o ponto físico com milhares de livros - serão 50 mil somente na unidade do Iguatemi da Capital, que deve estrear até agosto -, "possibilita a fuga da velocidade", tudo a ver com o que especialistas falam sobre o papel da loja para desacelerar o consumidor. Já para os shopping centers, livraria virou atração de fluxo.
A marca, que chegará a 15 unidades com a da Capital, incluindo uma em Lisboa, em Portugal, terá características que a fizeram mega popular, como o teto vermelho. Em videocast da coluna, Campos falou sobre a expansão da marca e importância dos livreiros no atendimento.
"ATravessa, assim como toda boa livraria, tem que ser intérprete do momento, do entorno onde está atuando", define. Antes de abrir o ponto no Iguatemi, que terá quase 500 metros quadrados, a rede já marcou presença no festival do Fronteiras do Pensamento.
Minuto Varejo - Como se explica a trajetória da Travessa?
Rui Campos - A Travessa, assim como toda boa livraria que pretenda ser uma boa operação, tem que ser intérprete do momento e do entorno. Gosto de pensar que a livraria tem esse espírito, esse é o segredo. A livraria é muito bonita, tem uma pegada de arquitetura e curadoria muito boa. A gente recebe muito convite para abrir unidades em vários lugares do Brasil, mas falo sempre que nos movemos muito devagar. Nesses 50 anos, vamos chegar agora a 15 unidades, com a de Porto Alegre. O negócio de livraria é a coisa mais complicada do varejo mundial.
MV - Por quê?
Campos - Em uma farmácia, a percepção é de uma quantidade absurda de remédio. São 5 mil SKUs diferentes (formulações, produtos). Na Travessa, em Porto Alegre, serão 50 mil livros ou 50 mil SKUs. A cada ano, são lançados 10 mil títulos no Brasil. Precisamos ter um gerenciamento muito sofisticado e complexo para decidir quem fica e quem entra. Investimos em um software de gerenciamento próprio muito bom. Nossa gestão de estoque é reconhecida pelo mercado como quase perfeita. Não temos estoque. Os livros estão ao alcance do público. O sistema orienta o que deve ser devolvido e o que deve ficar.
MV - O que foi decisivo para a rede crescer, enquanto grandonas foram fechando?
Campos - Todo setor passa por crises. Veio o comércio online, que sacudiu tudo, e diziam que tudo ia ser eletrônico. Hoje o mercado se divide em 94% de venda de livro físico e 6% de digital. A melhor loja para se visitar é uma livraria, que possibilita a fuga da velocidade.
MV - Como foi definida a Travessa em Porto Alegre?
Campos - O caso de Porto Alegre foi bem específico. Minha especialidade é perceber lugares vivos, com potencial. A Capital tem um mercado próprio de escritores e editores. Tem de ser muito atento para propor novidades e falar a linguagem do que tem lá. O grupo Iguatemi nos chamou e fez a proposta de abrir na Faria Lima, em Alphaville, as duas em São Paulo, e Porto Alegre. Foi um pacote com as três.
Projeto mostra a futura operação no Iguatemi POA, com o tradicional teto vermelho
LIVRARIA DA TRAVESSA/DVULGAÇÃO/JC
MV - Vem outras unidades?
Campos - Quando a gente abriu a décima, um jornalista perguntou quantas a gente queria ter. Falei: 11. A nossa ideia não é abrir mais nada. A gente vai abrir em Porto Alegre e não vai abrir nunca mais nada (risos). Nosso crescimento foi orgânico e natural. Mas continuam chegando propostas para abrir em shoppings por todo o Brasil.
MV - O setor livreiro pode crescer mais?
Campos - O Brasil tem que aumentar o número de livrarias. São cerca de 1,8 mil hoje. O grande problema são as cidades médias, que perderam as operações quando mudou a política do livro escolar, que passou a ser comprado pelo governo. Até escolas podem vender. As capitais estão razoavelmente bem servidas.
MV - Qual é o papel do livreiro na operação?
Campos - A Travessa tem como tripé três As: Arquitetura, com as lojas projetadas pela Bel Lobo, Acervo e Atendimento, que é o mais trabalhoso, mas o mais importante. Temos livreiros que estão com a gente há mais de 20 anos. Pesquisas mostram que 70% das pessoas decidem o que vão comprar em conversa com o livreiro. Gosto de dizer que ele tem que ser lacunar: saber tudo, mas ter capacidade de aprender na interação com o cliente. Uma vez um cliente da Travessa de Ipanema (Rio) perguntou para mim: "Quem escolhe os livros aqui?" De pronto, respondi: "Você".