“A gente quer reconstruir o bairro.” A frase é curta para o tamanho da simbologia que ela carrega ao se referir à porção de Porto Alegre que mais divide sentimentos. O Centro Histórico tem a ala dos incrédulos e a dos convictos quando se trata de apostar na reconversão da região.
Kleber Sobrinho, corretor de imóveis veterano do Centro e sócio-fundador da Recons, focada em comprar ativos “estressados” e transformá-los para novos usos, tem certeza que o coração da Capital vai voltar a pulsa mais forte.
“A gente entende que o Centro precisa passar por esse processo de recuperação e reconstrução. Esses ativos estressados, que são prédios ociosos e que não têm valor no mercado, precisam ganhar uma nova chance, que passa pelo processo de retrofit”, argumenta Sobrinho.
O empreendedor cita movimentos da Recons. Dois edifícios da carteira dos investidores segue à risca a proposta. Os ativos ficam em um dos quarteirões mais icônicos, com vizinhança do Cais Mauá e da arquitetura neoclássica, onde estão o Memorial e Museu de Arte do Rio Grande do Sul, centros culturais e também sedes de operações comerciais.
"É um rooftop que não existe em Porto Alegre hoje, com parte residencial e comercial", diz Sobrinho
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O Cais Rooftop, na esquina da rua Caldas Júnior com Mauá já está em operação desde 2024, com unidades para locação permanente ou temporada. O Cais terá um rooftop, com operação do restaurante Tetto, marca presente em São Paulo, Balneário Camboriú, Curitiba e Vitória. Será a primeira da grife de gastronomia no Estado e que deve estrear até junho, adianta Sobrinho:
“É um rooftop que não existe em Porto Alegre hoje, com parte residencial e comercial. O restaurante terá pé direito de quatro metros de altura e um dos usos, além de ser aberto aberto ao público, será locação para eventos corporativos”, esmiuça o sócio da Recons.
O próximo a estrear será vizinho, o Cais Fratelli, em referência ao restaurante que ocupa há mais de 30 anos o térreo: o Dei Fratelli (Dos Irmãos, em italiano), e que já está em obras. A previsão é finalizar a refroma em 2026, projeta Sobrinho. A empresa comprou o ativo. O Cais Fratelli vai também ser destinado à moradia, com previsão de 56 apartamentos, e terá outro atrativo.
“Vai ser o primeiro com SPA (serviços de estética e beleza) do Centro da Capital, com banheira jacuzzi, deque, sauna seca e área de beleza e massagem”, descreve o empreendedor. No térreo, o restaurante continua, mas ganhará um deque externo voltado à Siqueira Campos.
“Em um ano, vamos ver um contexto completamente diferente nessa região”, assegura Sobrinho, que tem mais projetos na mira. Ele participou da negociação da venda de terreno perto do Parque Harmonia, que terá empreendimento da ABF Developments. “Estamos nos consolidando como empresa focada no retrofit do Centro”, define o sócio da Recons, que tem ainda participação da construtora Toniolo.