"O crescimento da economia do Brasil foi surpreendentemente positivo em 2023", afirmou o vice-presidente de Economia da Federasul, Fernando Marchet, em coletiva de fim de ano com balanço e projeção para 2024 nesta quinta-feira (7) em Porto Alegre.
Marchet sinalizou que a troca de governo e outros indicadores, como alta de juros e conjuntura externa adversa, poderiam ter gerado mais estragos, mas o boom de commodities ajudou, analisou Marchet, indicando que o desempe ho do agronegócio nacional foi decisivo, já que a safra no Rio Grande do Sul teve quebra devido à estiagem.
A entidade do comércio projeta que o ano deve fechar com elevação de 2,8% do PIB nacional. A expectativa é de queda do PIB no último trimestre do ano. Para 2024, a Federasul projeta avanço de apenas 1,3%, com juros básicos anuais de 9,75% até dezembro.
Para a economia gaúcha, a entidade espera que 2023 feche com alta de 2,7% e alcance 4,3% no desempenho de 2024.
No cenário do ano que vem, a federação espera que o peso de cada setor fique em 6,8% do agro, 20,7% da indústria e 58,9% dos serviços.
Para 2024, a Federasul espera aumento da atividade e crescimento mais acanhado no mundo, na Europa e nos Estados Unidos e China em 8,2%. "O ambiente externo será desafiador", definiu o vice-presidente.
Marchet criticou gastos do governo central e coloquei em dúvida o cumprimento do arcabouço fiscal, com novas regras de limite de despesas aprovada em 2023. "É uma licença para gastar mais. Não acho que não vão cumprir a meta, não vão cumprir e vão ter déficit de 1%", cravou o dirigente.
Sobre reformas, Marchet acredita que o governo Lula deve conseguir aprovar a reforma tributária. "Mas porque precisa arrecadar mais. Enquanto o estado for caro como é, precisa arrecadar para pagar a conta. A única saída seria a reforma administrativa, mas isso não está em pauta", completa o vice-presidente.
Sobre a proposta de aumento do ICMS no Rio Grande do Sul, que está sendo avaliada na Assembleia Legislativa, o presidente da Federasul, Rodrigo Fernandes de Sousa Costa, disse que não é o único caminho e defendeu que as alíquotas poderiam ser reduzidas, que teria impacto em mais arrecadação.
"Mas não basta só reduzir alíquota, precisa ter ambiente acolhedor", citou sobre atração de negócios. Sobre o corte de tributos, o dirigente avalia que não é suficiente e apontou melhoria na gestão da máquina.
"Gestão também não é só cortar despesas", avisou Costa, citando que as entidades e setores podem ajudar em ações que possam modernizar o Estado.
Mesmo com críticas, o dirigente elogiou medidas de desoneração de ICMS no querosene de aviação, "arrojada" do governo Leite. "Fez do Estado a maior malha de voos regionais do País", apontou.