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Patricia Knebel

Patricia Knebel

Publicada em 16 de Junho de 2025 às 17:00

Inteligência americana quer impulsionar inovação e amplia aposta na IA

Tulsi supervisiona 18 agências de inteligência, como CIA, FBI e NSA

Tulsi supervisiona 18 agências de inteligência, como CIA, FBI e NSA

AWS/Divulgação/JC
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Patricia Knebel
Patricia Knebel
De Washington,
De Washington,
Responsável por supervisionar 18 agências de inteligência, incluindo a CIA, o FBI e a Agência de Segurança Nacional (NSA), a diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, está atenta para as oportunidades que a tecnologia oferece para garantir que a comunidade de segurança esteja totalmente voltada para a sua principal missão essencial: fornecer inteligência de qualidade, relevante, oportuna e objetiva para quem precisa — seja no campo de atuação ou entre os tomadores de decisão, sendo o principal deles, claro, o presidente dos Estados Unidos.
Para evitar que os times estejam 100% nas tarefas do dia a dia, ela criou Director’s Initiative Group, com a meta de ter equipes especiais focadas exclusivamente nesses projetos de futuro. Da mesma forma, o foco é descomplicar, e repensar processos como os que dificultam a comunicação dos profissionais por aplicativos como Zoom, por questões de segurança. “Estamos dificultando mais do que precisamos”, acredita.
Ex-congressista democrata e indicada pelo presidente Donald Trump para o cargo, ela subiu ao palco do AWS DC Summit, que aconteceu semana passada em Washington (EUA) para participar de um bate papo com vice-presidente global de Setor Público da Amazon Web Services (AWS) para América do Norte, Dave Levy, e discutir como as comunidades de defesa e inteligência estão utilizando computação em nuvem e IA para apoiar suas missões críticas.
Confira as principais visões de Tulsi Gabbard:
A missão da inteligência americana
Meu foco principal em toda a comunidade de inteligência é garantir que estejamos totalmente voltados para nossa missão essencial: fornecer inteligência de qualidade, relevante, oportuna e objetiva para quem precisa, seja no campo de atuação ou entre os tomadores de decisão, sendo o principal deles, claro, o presidente dos Estados Unidos. Ao adotar uma abordagem de princípios fundamentais para avaliar minha organização e os elementos da comunidade de inteligência, a questão é: como podemos olhar para as ferramentas disponíveis, em grande parte no setor privado, e aplicá-las para que nossos profissionais de inteligência, tanto coletores quanto analistas, possam focar seu tempo e energia naquilo que só eles podem fazer?
Parceria com players de tech
Estamos focando nas maiores ameaças que enfrentamos e em como podemos maximizar nossas capacidades de coleta e análise de inteligência para ter a melhor visibilidade e supervisão possível. Tudo para informar da melhor forma nossos formuladores de políticas e, no fim das contas, garantir a segurança, a liberdade e a proteção do povo americano. Grande parte do trabalho que estamos desenvolvendo com a AWS e outras organizações é buscar as ferramentas que sabemos que estão disponíveis, que essas empresas passam muito tempo desenvolvendo e analisando, e ver como podemos aplicá-las da melhor maneira para garantir que estamos cumprindo nossa missão principal.
Estratégia para impulsionar a inovação
Percebi, logo ao assumir esse cargo, que a avalanche de tarefas diárias pode rapidamente consumir todo o tempo do dia, sem deixar espaço para focar em onde queremos estar amanhã ou no próximo ano. Como realmente impulsionar a inovação dentro da comunidade de inteligência? Para isso criei o Director’s Initiative Group. Hoje temos equipes especiais focadas exclusivamente nesses projetos. São o que, no meio militar, chamaríamos de equipe de operações futuras. Enquanto isso, temos outras pessoas na organização focadas nas entregas diárias que somos obrigados a cumprir.
IA e John F. Kennedy
Alguns exemplos da aplicação de IA e aprendizado de máquina que já utilizamos no Director’s Initiative Group envolvem a desclassificação de documentos. Publicamos milhares de documentos relacionados aos assassinatos de John F. Kennedy e do senador Robert F. Kennedy, por exemplo, e conseguimos fazer isso com muito mais agilidade usando ferramentas de IA. Antes, era necessário que seres humanos analisassem página por página. Estamos usando essas ferramentas para identificar, por exemplo, informações sensíveis que familiares ainda vivos devem conhecer.
Outro exemplo são ferramentas que nos permitem agregar e analisar muito mais conteúdo da mídia aberta do que conseguíamos antes. Por exemplo, 10 mil horas de conteúdo de mídia que antes exigiam oito pessoas durante 48 horas para serem analisadas, agora levam apenas uma pessoa e uma hora, graças a essas ferramentas de IA.
Cultura e educação
Fizemos progressos, mas ainda há muito espaço para crescimento e para ampliar a aplicação de IA e aprendizado de máquina. O que estamos fazendo agora é olhar para esses sistemas e ver como eles estão funcionando e se existem ferramentas melhores. Se já temos as ferramentas certas, podemos economizar muito dinheiro se nós comprarmos essas ferramentas para uso em todas as 18 instituições da comunidade de inteligência. Há muita oportunidade, mas isso exige uma mudança de cultura para algumas pessoas que estão na comunidade há muito tempo. E talvez também seja uma questão de educação, de entender quais ferramentas estão disponíveis e de repensar como estamos fazendo as coisas com o objetivo de aumentar a eficiência e a eficácia.
Descomplicar é a meta
Estamos incentivando nossos colaboradores a dar um passo atrás e reavaliar esses problemas, fazendo perguntas que talvez não fazíamos há muito tempo. Precisamos ser realmente criativos e abertos às soluções que podem estar disponíveis e que talvez ainda nem conheçamos. Uma das coisas que estamos fazendo, e que pode parecer muito simples, é olhar como podemos descomplicar os processos. É inacreditável que, quando alguém precise fazer uma chamada por Zoom, tenha que sair e sentar no carro para conseguir se comunicar. Existem regras que dificultam bastante que pessoas do setor privado venham conversar com nossos profissionais e tenham diálogos mais profundos justamente sobre isso: quais soluções vocês estão trazendo para nos ajudar a cumprir nossa missão? Estamos dificultando mais do que precisamos.

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