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Patricia Knebel

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Publicada em 19 de Maio de 2025 às 21:23

"Ninguém sai igual de uma Gramado Summit", orgulha-se Rossi

Rossi reforça importância de ampliar discussões para além do eixo Rio-São Paulo

Rossi reforça importância de ampliar discussões para além do eixo Rio-São Paulo

Gramado Summit/Divulgação/JC
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Gramado Summit é símbolo do espírito empreendedor e pioneiro do gaúcho. Foi o primeiro destes grandes Summits a acontecer no Rio Grande do Sul e, mais do isso, foi desenhado e construído aqui. Marcou Gramado no mapa global da inovação, mas, o que pouca gente sabe, é que essa foi uma ideia projetada, originalmente, para Porto Alegre.
Gramado Summit é símbolo do espírito empreendedor e pioneiro do gaúcho. Foi o primeiro destes grandes Summits a acontecer no Rio Grande do Sul e, mais do isso, foi desenhado e construído aqui. Marcou Gramado no mapa global da inovação, mas, o que pouca gente sabe, é que essa foi uma ideia projetada, originalmente, para Porto Alegre.
Quem conta essa história é o fundador e CEO da Gramado Summit, Marcus Rossi, que participou do Better Future, podcast do Jornal do Comércio.
Em 2024, a Gramado Summit gerou uma receita de R$ 60 milhões para a cidade em apenas três dias. O impacto vai além do resultado financeiro e se reflete na construção da cultura de empreendedorismo e inovação na região. A vocação da Summit, no entanto, não parou nos limites do Rio Grande do Sul. Em 2024, o evento realizou sua primeira edição internacional, em Punta del Este. A escolha do balneário uruguaio reflete a ambição de criar um novo polo sul-americano de inovação em cidades com alto valor simbólico e turístico.
A próxima edição da Gramado Summit está confirmada para os dias 4, 5 e 6 de junho de 2025, no Serra Park. A expectativa é reunir mais de 20 mil pessoas e mais de 400 palestrantes. A proposta é ampliar o debate sobre o futuro da economia brasileira com um olhar que vai além do universo das startups.
Mercado Digital - Como está a expectativa para mais uma edição da Gramado Summit?
Marcus Rossi - Expectativa está alta. Vamos ultrapassar a marca das 20 mil pessoas em uma edição que vai se basear muito na convergência, na divergência e nas discussões sobre o futuro. E isso não é só necessariamente sobre o ecossistema de startups. Hoje existem diversas indústrias que foram mudando com o tempo e que fazem parte da economia brasileira como um todo, então, eu acho que essas grandes discussões precisam envolver todos os perfis de pessoas e negócios. A Gramado Summit tem uma raiz local muito grande e o resultado disso é muito positivo. Por isso sempre defendo que, na mesma medida em que se investe para trazer eventos internacionais e dar uma visibilidade global ao Estado, também é uma responsabilidade da sociedade civil encorajar e apoiar empreendedores locais a se tornarem globais.
Mercado Digital – Fazer um evento do zero, capaz de conquistar a relevância que a Gramado Summit tem hoje no Brasil, especialmente acontecendo em uma cidade que não é capital, requer ousadia. Como foi a decisão de apostar nesse projeto?
Marcus Rossi — Vou te contar um segredo que acho nunca falei para ninguém: o projeto da Gramado Summit nasceu para acontecer em Porto Alegre. Isso foi por volta de 2015. Eu tinha acabado de voltar da Web Summit, que na época acontecia em Dublin, na Irlanda, e estava decidido a criar um Summit no Rio Grande do Sul.
Na época, falei com o prefeito de Porto Alegre e disse: vamos fazer um projeto para Porto Alegre. Ele topou. Mas, assumir uma prefeitura não é fácil, e com a transição de governo o projeto acabou ficando em alguma prateleira. Aí pensei: Talvez aqui seja a minha grande oportunidade. Bati na porta do prefeito de Gramado (na época o Fedoca Bertolucc) e ele abraçou a ideia.
Mercado Digital – Qual é a dimensão desse evento hoje para Gramado?
Rossi – Eu sempre quis fazer um projeto de uma cidade inteligente muito mais fácil e de maior visibilidade. Em uma cidade em que tudo funciona. Gramado é um case de sucesso muito raro no mundo. É uma cidade que está a 120 km de um aeroporto, está no topo das montanhas. Tem uma matriz econômica mais de 90%, eu acho que 92% do PIB do município vem do turismo. E é ótimo, só que é um risco muito grande, porque não tem segunda opção e não temos nem área suficiente para ter indústrias.
Sempre pensei que, se a gente conseguir criar um segundo pilar para a cidade, como fazer um evento nacional e, quem sabe, de escala global, que faça com que o mundo inteiro olhe Gramado, a gente aprenda a desenvolver uma matriz econômica diferente, com base na inovação. Desde quando eu comecei a desenhar o projeto e ele ganhou corpo ali na segunda edição, eu entendi que a gente tinha uma responsabilidade muito grande.
Mercado Digital – Quais foram as principais influências para criar a Gramado Summit?
Rossi — Como aqui no Brasil não tinha muita coisa acontecendo, fui conhecer o que hoje é um concorrente meu: o Web Summit, que ainda acontecia em Dublin. Quando cheguei lá, fiquei muito impressionado: era 40 mil pessoas e um evento que, claramente, tinha um propósito além do pavilhão. O que vi foi um país abraçando um empreendedor local para fazer com que Dublin e a Irlanda deixassem de ser só um paraíso fiscal para empresas de tecnologia, e passassem a ser uma capital de inovação. A ideia era: vamos fazer o empreendedorismo digital acontecer aqui.
Eu pensei: se acontece na Irlanda, que é a terra da Guinness, do Papai Noel, do chocolate, pode dar certo no Rio Grande do Sul. E voltei com essa ideia. Assim nasceu a Gramado Summit.
Depois que a Web Summit foi para Lisboa, mudou muito o formato, que eu, particularmente, não gosto hoje. Mas novos eventos vão aparecendo, como o SXSW, que é incrível, e o Festival de Cannes, Lyon-Cannes, um dos que mais me inspira nesse sentido de mesclar conteúdo, feira e experiência.
Mercado Digital – Hoje a Gramado Summit têm um line up de palestrantes de peso. É um evento de sucesso. Mas, como foi convencer esses grandes nomes a participar quando tudo que você tinha era uma ideia?
Rossi — Sempre que eu sentei para conversar com alguém, dizia a verdade: não tenho grana, não sei se vai dar certo, mas acho que se a gente tirar as discussões do eixo Rio-São Paulo e trouxer para um Brasil grande e imenso como ele é, vai ser incrível. Talvez, fazer negócios em Gramado, seja muito mais legal do que fazer em São Paulo. E algumas pessoas disseram que sim, que fazia sentido.
Hoje, com uma plenária grande, na lista dos principais eventos do mundo, é claro que facilita. Porque, para quem quer se mostrar como um bom palestrante, a Gramado Summit é o palco. Mas, independentemente disso, tem uma parada que é difícil explicar: o que é a Gramado Summit? No ano passado, a gente fez um manifesto, e no final a gente colocou: a única forma de explicar é que ninguém sai igual de uma Gramado Summit e, se tudo der certo, o mundo nunca mais vai ser o mesmo.

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