O futuro do trabalho já é realidade para um grupo de empresas que estão sendo chamadas de Frontier Firms. O termo aparece no relatório Work Trend Index 2025, publicado recentemente pela Microsoft, e define as chamadas “empresas de fronteira”, que instituíram um novo modelo organizacional, com equipes humanas e agentes de inteligência artificial (IA) atuando em conjunto.
Nesse contexto, deixa de ser uma ferramenta de assistência para assumir o papel de “colega digital”, atuando como força de trabalho sob demanda.
Segundo a pesquisa, realizada com 31 mil profissionais em 31 países, apenas uma parcela pequena das empresas hoje pode ser classificada como Frontier. Elas se distinguem por cinco fatores: uso extensivo de IA, maturidade técnica, integração atual e planejada de agentes autônomos e confiança no retorno sobre esse investimento. No entanto, a Microsoft destaca prevê que, nos próximos dois a cinco anos, todas as organizações já estejam em processo de transição para se tornarem empresas de fronteira.
A Microsoft compara essa mudança à revolução provocada pela internet, antecipando décadas de transformações econômicas e sociais. Atualmente, 82% dos líderes globais afirmam que 2025 será um ano decisivo para repensar estratégias e operações em função da IA — entre executivos brasileiros, esse índice chega a 94%. No mundo todo, oito em cada 10 líderes esperam integrar agentes de IA às suas empresas de forma moderada ou extensiva, nos próximos 12 a 18 meses.
Com a nova dinâmica de trabalho se configurando, surgem novas estruturas organizacionais e funções. Os organogramas rígidos devem dar lugar a sistemas mais fluidos e orientados a resultados.
O relatório prevê que, em breve, todos os funcionários se tornarão "chefes de agentes", responsáveis por construir, delegar e gerenciar agentes de IA para ampliar seu impacto, isto é, atuar de forma mais inteligente, acelerando o ganho de escala e assumindo o controle sobre a própria carreira.
Os líderes esperam que suas equipes treinem (41%) e gerenciem (36%) agentes de IA dentro de cinco anos. No Brasil, 43% dos líderes esperam que suas equipes estejam treinando agentes e 39% esperam que estejam gerenciando agentes dentro de cinco anos.
Outro dado relevante que surge desse contexto é a métrica “humano-agente”, como forma de medir a proporção ideal entre pessoas e agentes de IA nas equipes de trabalho, uma informação estratégica com impacto direto sobre a produtividade.
Equipes híbridas, compostas por ambos, tendem a superar tanto grupos exclusivamente humanos quanto colaboradores individuais com IA, indicando que o futuro está na colaboração, não na substituição. Entretanto, a medida adequada varia de acordo com o perfil da organização e das atividades desempenhadas, e cada empresa terá que fazer essa análise.
Há um caminho a percorrer até chegar a esse ponto e ele exige maturidade digital. A Microsoft identifica três estágios de evolução no uso da tecnologia: primeiro, a IA entra como assistente; depois, passa a atuar como colega de equipe; por fim, torna-se responsável por processos inteiros.
Para cada fase, são necessárias novas habilidades, rotinas e formas de gestão. Por isso, 47% dos líderes empresariais globais priorizam hoje o treinamento de suas equipes em IA — percentual que sobe para 95% entre os que estão à frente das Frontier Firms.