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Patricia Knebel

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Publicada em 21 de Abril de 2024 às 20:22

Investir em startups exige estômago para risco, diz diretor da Gerdau

Rapachi destaca evolução das apostas feitas pela Gerdau para o 'além aço'

Rapachi destaca evolução das apostas feitas pela Gerdau para o 'além aço'

Marcos Oliveira/Divulgação/JC
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Com US$ 80 milhões destinados para investimentos em startups, US$ 30 milhões já desembolsados nos últimos três anos, a Gerdau avança na direção de uma conexão mais intensa com o ecossistema de inovação brasileiro. Uma das bases deste movimento foi a criação da Gerdau Next, com foco em concentrar os investimentos feitos pela companhia para o 'além do aço'. “Estamos vivendo um momento muito rico, de grande troca com as startups, com os movimentos de inovação, o que se reflete, inclusive nas ideias e negócios que nascem dentro da própria empresa”, destaca o diretor de Novos Negócios da Gerdau Next, Elder Rapachi. Ele participou do podcast Sounds of South Summit, uma iniciativa do Jornal do Comércio em parceira com o Instituto Caldeira e a Radiativa. Confira agora alguns trechos deste bate papo.
Com US$ 80 milhões destinados para investimentos em startups, US$ 30 milhões já desembolsados nos últimos três anos, a Gerdau avança na direção de uma conexão mais intensa com o ecossistema de inovação brasileiro. Uma das bases deste movimento foi a criação da Gerdau Next, com foco em concentrar os investimentos feitos pela companhia para o 'além do aço'. “Estamos vivendo um momento muito rico, de grande troca com as startups, com os movimentos de inovação, o que se reflete, inclusive nas ideias e negócios que nascem dentro da própria empresa”, destaca o diretor de Novos Negócios da Gerdau Next, Elder Rapachi. Ele participou do podcast Sounds of South Summit, uma iniciativa do Jornal do Comércio em parceira com o Instituto Caldeira e a Radiativa. Confira agora alguns trechos deste bate papo.
Mercado Digital - A Gerdau está fazendo esse mergulho no ecossistema de inovação há alguns anos. Qual é o tamanho do desafio de uma empresa gigante como essa se conectar com startups, com culturas diferentes?
Elder Rapachi – É uma riqueza, uma troca incrível na qual todo mundo cresce. Quando olhamos o ecossistema, vemos os inovadores, aquelas pessoas que tiveram as ideias e que decidiram empreender. Nós, como companhia, temos acesso à grandes ideias, bons empreendedores e, por outro lado, retribuimos com capacitações e investimentos que, às vezes, eles precisam para crescer. Mas, claro que essa questão da cultura é importante. O primeiro ponto sempre é o patrocínio dos principais líderes. Sem isso, é muito difícil você conseguir fazer as coisas acontecerem. Depois, é muito interessante que toda empresa entenda esse movimento, como o jurídico, suprimentos. Eles estão trabalhando e tem os anticorpos deles para proteger a empresa.
Mercado Digital - Como vencer esse choque cultural entre a grande empresa e a startups?
Rapachi - É preciso mostrar que uma startup nem sempre vai ter toda a sua documentação perfeita para passar por todos os trâmites exigidos tradicionalmente. O contrato nem sempre vai estar como o jurídico gostaria. Se eu pegar o modelo de contratação de empresas que temos hoje na área de suprimentos e quiser aplicar, não vai funcionar. Então, a empresa começa a se moldar para poder trabalhar com esse ecossistema. Existe uma caminhada que você tem que tem que ir construindo e aperfeiçoando seus modelos e adaptando. Tem inúmeras histórias de startups que tivemos que ajudar nas coisas mais básicas que você pode imaginar, mas por outro lado, nós também nesse processo nos preparamos para conseguir trabalhar com esse ecossistema. A startup tem aquela velocidade, aquela energia, aquela pressa de fazer as coisas. É uma adaptação constante que a gente tem que fazer nos nossos processos, sem abrir mão do compliance.
Mercado Digital – Como a inovação aberta ajuda a superar os desafios desse mercado dinâmico?
Rapachi - É uma corrida sem linha de chegada, pois os desafios têm brotado de fontes muito diferentes. Às vezes é aquela competição natural dentro da siderurgia, mas às vezes é escassez de algum tipo de tecnologia que nós temos que criar do zero, ou o cenário econômico adverso. A Gerdau é uma empresa gigante, mas sabemos que existe muito mais inteligência fora da Gerdau, do que dentro. Por isso a inovação aberta é tão importante. É sobre atrair pessoas inteligentes que estão no mundo para ajudar a resolver os problemas. Essa costura de ecossistema e de Open Innovation tem que ser uma ferramenta importante para a gente enfrentar os desafios. Hoje me dia precisamos olhar para coisas que nem tínhamos pensado.
Mercado Digital – Como surgiu a ideia de criar a Gerdau Next?
Rapachi – Sempre trabalhamos movidos por uma estratégia. Em 2019, quando olhamos os próximos 10 anos, entendemos que precisávamos diversificar o portfólio. Pensamos em vários modelos, e a nossa decisão foi criar uma Business Division chamada Gerdau Next para concentrar todos os investimentos que seriam feitos além do aço. Quando temos investimentos característicos da indústria do aço, isso é feito pelo core da operação, mas quando falamos de oportunidades de negócios que tem a ver com inovação ou relacionada a algumas das nossas teses de investimento, é a Gerdau Next. E aí temos um conjunto de ferramentas para desenvolver os negócios. Podemos incentivar uma startup, investir nela ou apenas ser cliente dela, mas é muito importante que estamos focados em fomentar o ecossistema de alguma forma. Às vezes a gente só dá capacitação para os fundadores, para eles terem melhores técnicas e fazer aquela startup virar um grande negócio.
Mercado Digital – O intraempreenderismo também faz parte, de alguma forma, dessa estratégia?
Rapachi – Sim. Tem pessoas com ideias maravilhosas, que se conectam com necessidades da Gerdau e que nós vemos no mercado e, assim, acabamos criando, juntos, uma empresa do zero, uma startup que já nasce com um capital da Gerdau. Ou tem o caso do intraempreendedorismo, quando o meu time cria as empresas. São pessoas que trabalham na Gerdau Next que estão prospectando novos negócios. Conseguimos transitar, dentro da Gerdau Next, desde a criação de empresas, a parceira com startup ou um grande negócio até a beleza de ver as ideias nascerem e se consolidarem dentro de casa, com o intraempreendedorismo.
Mercado Digital – Qual o volume de investimentos previstos para as startups?
Rapachi – Uma característica nossa é que, quando fazemos os cheques, já procuramos fazer em negócios e startups que estão com uma história de vida um pouco mais adiantada. São valores em torno de US$ 1 milhão a US$ 5 milhões, e depois podemos ir aumentando. Colocamos US$ 80 milhões no nosso fundo de investimento, o que é um valor bem ambicioso. Já desembolsamos mais de US$ 30 milhões três anos. E quando atuamos nesse mercado de capital de risco, sabemos que são investimentos arriscados. Em 10, muita vezes você erra oito e acerta dois. Têm que ter estômago para perder dinheiro. Mas, isso também é um processo de educação da própria companhia. Sabemos que vamos perder dinheiro, mas esses dois que nós acertamos, por exemplo, compensam largamente o que a gente acabou colocando.

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