“Tem muitas oportunidades que ficam à sombra dos grandes players”. A avaliação é de Igor Senra, fundador da Cora, fintech que atua como banco digital para pequenas e médias empresas. Ele foi um dos participantes do painel Investimento em Fintech: Abraçando as Novas Tecnologias, que acontece nesta quarta-feira, durante o primeiro dia na programação do South Summit Brazil 2024.
Apesar da alta competitividade, o segmento financeiro oferece crescentes possibilidades de atuação para as fintechs. Normalmente, as oportunidades estão nos segmentos que não são contemplados de forma efetiva pelos grandes bancos. Esse é o caminho que tem sido percorrido por startups que estão consolidando suas soluções no mercado.
"Surgimos da demanda do mercado. A Cora nasceu para ajudar pequenos negócios que não são tratados da forma que poderiam pelas grandes corporações. Identificamos logo que as pessoas queriam um produto acessível”, destacou Senra.
Essa visão também é compartilhada por Philippe Schlumpf, head de VC da Kinea, que gere o Corporate Venture Capital do Itaú.
“Os bancos são gigantescos, mas têm um mercado grande em que eles, muitas vezes, não conseguem trabalhar tão bem, por não ser o foco das instituições”, argumenta.
Schlumpf frisa que há um amplo mercado a ser explorado pelas fintechs, o que se traduz em mais investimentos na área. Ele cita que a Kinea já fez sete investimentos e o foco é buscar a sinergia entre as startups e o banco. “Hoje, o Itaú consegue atender caras gigantescos de agro, mas e os caras menores? Uma das nossas startups atua nisso”, exemplifica.
As fintechs que souberem olhar para as oportunidades têm boas perspectivas de crescimento. Senra está vivendo isso com a Cora. “Começamos este ano com apenas com dois produtos (conta digital e cartão de crédito), e vamos terminar com seis. Vamos entrar com crédito e ter mais produtos de pagamento, expandindo portfólios”, conta animado.
Construir essa trajetória requer propósito, foco no cliente e relação de parceria com investidores. “Não precisa embarcar em todas as ondas. Tem que escolher o que realmente faz sentido para o seu negócio e público”, sustenta Senra. O desenvolvimento acompanha a mesma lógica. “A inovação mais importante que temos feito nos últimos cinco anos [tempo de mercado da Cora] é escutar o cliente. Depois, você decide qual a melhor tecnologia para isso.”
Quanto aos investimentos, Senra menciona que a Cora tem sido criteriosa. “Os nossos investidores são muito ativos e nos ajudam muito. Poderíamos estar aqui sem o dinheiro deles? Não. Estaríamos passos atrás, mas conseguimos acelerar com esse empurrão do capital. Fomos privilegiados de trazer investidores capazes de agregar valor.”
Três recomendações do CEO da Cora para os investimentos
1.Não é preciso embarcar em todas as ondas. Escolha p que realmente faz sentido para o seu negócio e público.
2.Escute o cliente. Só depois disso vá procurar a tecnologia para a sua solução.
3.Busque investidores que ajudem a empresa a crescer, que sejam ativos no apoio à gestão da startup.