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Jaime Cimenti

Jaime Cimenti

Publicada em 21 de Novembro de 2025 às 00:40

Romance de László Krasznahorkai, Nobel de 2025

sátántangó

sátántangó

/COMPANHIA DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
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Jaime Cimenti
Sátántangó  ( Companhia das Letras, 228 pp., R$ 71) é o único romance de Lászlo publicado no Brasil e sua estreia na Companhia das Letras. Ele nasceu em 1954 em Gyula, Hungria e é autor dos romances The Melancholy of Resistante (1989); War and War ( 1999); Destruction and Sorrow Beneath the Heavens ( 2004)  e Baron Wenckheim´s Homecoming ( 2016) , entre outros.
Sátántangó  ( Companhia das Letras, 228 pp., R$ 71) é o único romance de Lászlo publicado no Brasil e sua estreia na Companhia das Letras. Ele nasceu em 1954 em Gyula, Hungria e é autor dos romances The Melancholy of Resistante (1989); War and War ( 1999); Destruction and Sorrow Beneath the Heavens ( 2004)  e Baron Wenckheim´s Homecoming ( 2016) , entre outros.
A prosa de Lászlo, implacável, sombria e monstruosa, tem sido comparada com a dos gênios Beckett, Walser, Kafka e Faulkner  . Sátángó foi publicado na Hungria em 1985 e a ação se concentra na chegada de um homem misterioso numa aldeia húngara onde a chuva não para de cair. O visitante pode ser um profeta, um vigarista, ou o próprio demônio.
Os habitantes do lugar são camponeses esfarrapados, desajustados e enlouquecidos. Há um médico alcoólatra vigiando obsessivamente os vizinhos; jovens perdidas num moinho destroçado e uma garota com deficiência tentanto matar seu gato. Entre inúmeros bêbados ,  muitas casas em ruínas, destinos fracassados e aranhas a chuva não para.
Os desajustados descobrem que Irimiás , o homem a quem atribuem poderes extraordinários, e dado como morto, está a caminho do lugar com seu companheiro, Petrina. Os moradores se reúnem numa taverna, espécie de porão do fim do mundo, para esperá-los , e lá discutem , bebem e dançam ao som de um acordeão.
Um súbito silêncio se faz e eles acham que haviam ficado surdos , mas eles cobrem os olhos com os braços e explodem em choro. O cenário é e  não é apenas a Hungria sob o comunismo. László mantém tudo envolto nas brumas da abstração e a fé depositada na aparição de um líder salvador faz com que a obra não perca sua espantosa atualidade.Paraíso, inferno, mundo do além? Besteiras ? Chegaremos à alguma verdade?
A outorga do Nobel de Literatura 2025 para Lászlo é muito mais que um mero tributo.  Como disse a própria Academia Sueca   , a obra dele é um testamento de coragem artística, de alta resistência  e  uma prova  definitiva de que literatura escrita com o fogo da alma pode mudar o curso do entendimento humano .

Lançamentos

Eucárdio de Rosso - Uma vida em cinco ciclos (Scriptoria, 300 páginas), de Roseanah França, beletrista, escritora, editora e esposa de Eucárdio, traz memórias do esposo jornalista, advogado e escritor, de 80 anos e autor de mais de 30 livros. Origem familiar, mocidade e ponto de virada consciencial, nova fase evolutiva, vida adulta e maturidade estão na obra, com dezenas de fotos.
Desenvolvimento Harmônico e Inovação (Editora Alcance, 138 páginas), do consagrado professor e escritor Alberto Dal Molin Filho, resultado de muitas pesquisas, estudos, leituras e reflexões, trata especialmente de Nanotecnologia e suas implicações sociais, econômicas e políticas. O autor preconiza cuidado com novas tecnologias e respeito aos direitos humanos e sustentabilidade.
O tempo não faz perguntas (Editora AGE, 80 páginas), estreia de Pedro Manoel Osório, produtor cultural e assessor de comunicação, apresentado por Élvio Vargas, Ricardo Silvestrin e Luiz Coronel, traz poemas maduros sobre tempo, vida, dinheiro, amor, infância e outras essências. "A manhã revela/ os segredos que a madrugada/ não conseguiu guardar" , versos da obra.

Design Para Um Mundo Melhor

Design para um mundo melhor (Editora Rocco, 368 pp., R$ 89,90, tradução de Tiago Lyra), de Don Norman, um dos designers mais influentes, premiados e importantes do mundo, pretende auxiliar os leitores a serem mais significativos, sustentáveis e centrados na humanidade, para a construção de um mundo melhor.
Don é autor do clássico O design do dia a dia, foi empresário, professor em Harvard e nas Universidades de San Diego, Northwestern e KAIST na Coreia do Sul. Foi vice-presidente do Departamento de Tecnologia Avançada da Apple e criou a Nielsen Norman Group, cujo foco é orientar empresas na criação de produtos e serviços centrados no usuário.
Estamos vivendo dias tempestuosos, caóticos e imersos em crises climáticas e colapsos de estruturas sociais que vem de longe. Sempre pensamos que os recursos do planeta seriam ilimitados. Somos consumidores sobrecarregados com opções demais e a tentativa de acompanhar os milhões de modismos nos leva a consumir desenfreadamente bens e serviços, impulsionados fortemente pelas redes sociais, pela mídia e por uma publicidade cada vez mais eficiente.
Sim, temos momentos rápidos de alegria ao adquirir um novo aparelho, usar um look novo ou viajar para algum país diferente e depois compartilhar nas redes sociais. Para muitos, a única fonte de prazer é comprar e comprar e viver um eterno presente, sem maiores preocupações. Claro que cada um tem liberdade para fazer - sem ser julgado ou criticado - o que quiser e no momento que achar melhor. Ninguém precisa justificar suas escolhas.
O certo é que, do jeito que o mundo está, precisamos pensar no aquecimento global, em novos modos de comportamento pessoal e maneiras de conviver em sociedade, para que todos possam viver mais tempo e com mais saúde.
Na sua obra bem fundamentada em pesquisas, leituras e reflexões consistentes, com linguagem clara e com base em suas décadas de experiência como cientista e empresário, Don aponta para caminhos, mudanças e transformações. Don Norman aponta três focos principais: ser significativo, sustentável e centrado na humanidade. Ele enfatiza a qualidade de vida das pessoas, não o lucro; reestruturar nosso modo de vida para proteger o meio ambiente; concentrar-se na humanidade e em todos os seres vivos. Seu livro pode ser considerado um clássico visionário: apresenta um diagnóstico dos erros do passado e desenha um caminho claro a fim de melhor o mundo.
Em conclusão Norman ensina: "O comportamento humano é o aspecto mais crítico das dificuldades atuais e há inúmeras questões físicas, tecnológicas e econômicas que precisam ser resolvidas. Na base de todas, o comportamento humano e seu impacto sobre o que pode ser feito. O comportamento humano impulsiona o comportamento político e precisamos de boas respostas. Os povos da terra devem se mobilizar, ser ouvidos, exigir mudanças dos governantes e empresários."

A propósito

Tratando especificamente do que pode ser feito, Norman fala de atividades top-down, aquelas que vem dos níveis mais altos dos governos, o topo, o que inclui também entidades públicas e privadas, universidades, lideranças empresariais e líderes da sociedade civil. Em termos de atividades bottom-up as iniciativas são dos cidadãos que, unidos, podem pressionar as instâncias burocráticas de seus países para exigir ações. Indivíduos com capacidade de liderança nacional, internacional e mundial são essenciais. Enfim, os problemas e as tarefas são enormes e não dá para ficar aí parado. (Jaime Cimenti)

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