Katábasis ( Editora Intrínseca, 480 páginas, R$ 69.90) da multipremiada escritora e tradutora R.F.Kuang , autora de Babel e Impostora: Yellowface, publicados também pela Editora Intrínseca, é o novo e aguardado livro de Kuang, mestra em literatura e doutoranda em Yale, que se firmou como um dos maiores nomes da literatura contemporânea e é autora da trilogia best-seller A Guerra da Papoula.
A nova obra de Kuang é uma narrativa fantástica que une romance, lógica, filosofia e as mitologias grega e chinesa, agregados a um debate profundo sobre misoginia e estruturas de poder.
A protagonista Alice Law abriu mão de muito para alcançar o objetivo de se tornar uma das mentes mais brilhantes da área de magia analítica . Ela deixou para trás orgulho, vida amorosa e até mesmo a sanidade. Tudo parecia caminhar para o sucesso. Estudante de pós-graduação em Cambridge e doutoranda orientada pelo mundialmente renomado professor Jacob Grimes, ela estava perto de receber a carta de recomendação que permitiria concretizar seus sonhos.
Quando um acidente terrível leva à morte de Jacob, orientador, ela toma uma decisão: resgatar a alma dele no Inferno. Contra a sua vontade está a companhia de outro orientando do mago: Peter Murdoch, seu principal rival ao estrelato acadêmico. No árido e impiedoso Inferno, Alice e Peter precisam procurar o professor pelos sete tribunais que correspondem aos pecados humanos: orgulho, desejo, ganância, ira, violência, crueldade e tirania, além de um oitavo território misterioso. Guardados pelos relatos históricos de figuras como Dante e Orfeu e ancorados em Lógica e Linguística, os dois enfrentarão as condições inóspitas do submundo, criaturas sanguinárias e deidades diabólicas.
O pior desafio de Peter e Alice será encarar o peso dos próprios pecados e sentimentos conflitantes que nutrem um pelo outro. Kuang mostra mais uma vez o talento para histórias ousadas e audaciosas e trata da busca de sentido num mundo intrinsecamente imperfeito.
Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano disse: a história é a mestra da vida, não meros registros, estudo do passado para entender o presente e projetar o futuro. Há historiadores dos vencedores, dos vencidos, de "direita" e de "esquerda" e até os "radicais de centro". Há quem diga que história é algo que não aconteceu contado por alguém que não estava lá. Há quem conte a história a partir do povo ou a partir da elite, a partir do indivíduo ou do coletivo.
Hoje muitos deixaram os historiadores de lado para ler sobre o passado em romances históricos, mais divertidos e menos dogmáticos. Há historiadores que gostam de fontes primárias, papéis, documentos e objetos originais e outros aceitam fontes secundárias, com relatos e interpretações de fontes primárias. Sim, há historiadores que utilizam os dois tipos de fontes.
Lições da História (L&PM Editores, 104 páginas, R$ 59,90) do grande filósofo, antropólogo e sociólogo francês Edgar Morin, vivo e produtivo aos 104 anos, testemunha ocular e participante ativo dos últimos dois séculos e autor de mais de cinquenta livros traduzidos em mais de cinquenta idiomas, traz dezesseis lições extraídas da história mundial, a partir de décadas de estudos aprofundados e apaixonados pelos rumos da humanidade.
Com tradução competente de Juremir Machado da Silva, professor universitário, jornalista, escritor, tradutor e ensaísta, aluno de Morin e estudioso de sua gigantesca obra, Lições da História mostra um dos maiores pensadores de nosso tempo, com sua clareza, didatismo, humanismo e a crença de que a principal lição da história é que ela ilumina as diversas faces da humanidade, os diferentes comportamentos humanos, mas também a estreita combinação antropológica entre razão e loucura, técnica e mito.
Desde episódios das antigas Grécia e Roma, passando por tempos da Idade Média e fatos e personagens da Revolução Francesa, Revolução Russa e Guerras Mundiais, até chegar a nossos tumultuados séculos XX e XXI, Morin ensina, com espírito aberto, humildade e profundas vivências práticas e teóricas, que é preciso dar importância à solidariedade e que a educação deve prevalecer sobre os perigos do individualismo e do comunitarismo.
União, desunião, concórdia e discórdia, impérios crescendo e desabando, avanços, retrocessos, civilização, barbárie, atos previstos e imprevistos, escravidão e liberdade, evolução, involução e revolução, o papel do imaginário, do mito e da religião, genialidade e estupidez, disso tudo e muito mais é feita a História, que cria e destrói, que revela o melhor e o pior do ser humano. Acima de tudo, Morin nos lembra que a humanidade esteve e sempre estará em transformação.
Para Morin os santos, como Gandhi, que dedicou a vida ao seu povo, atestam as maiores virtudes humanas, como bondade, generosidade e amor pelo outro. Os santos são como testemunhas do melhor da humanidade no caos e nas trevas da História.
Nobres traficantes (Zahar, 312 páginas, R$ 79,90), do premiado jornalista e escritor Bruno Abbud, é um eletrizante livro-reportagem sobre o universo multifacetado dos traficantes da elite. Jovens de classe alta que ganham com o tráfico de maconha orgânica, ricos empresários do tráfico aéreo de cocaína e intermediários com a máfia sérvia e o PCC estão na obra.
Contos Pelotenses (Editora Insular, 184 páginas), do premiadíssimo escritor Lourenço Cazarré, traz 16 narrativas retiradas de seus seis livros de contos publicados, desde os anos 1980. São histórias de solidão, melancolia, medo, morte, cercos e perseguições que se passam em cenários pelotenses, com linguagem febril e suspense.
IA Para Empreendedores (DVS Editora, 384 páginas, R$ 75,20), de Alexandre Rodrigues, PhD em Ciências da Comunicação, consultor e palestrante, com participação especial de Leonardo Coelho, PhDz, ajuda o leitor a dominar na prática a inteligência artificial para vender mais, comunicar melhor, decidir com mais precisão e inovar antes de seus concorrentes.
Morin reflete sobre a grande questão de que o progresso material não vem acompanhado de qualquer progresso moral. A crença de que a ciência e a tecnologia iriam resolver tudo, que o mundo digital e a inteligência artificial iriam tornar o mundo melhor é objeto da reflexão acurada de Morin. A hegemonia do lucro, a impotência da ciência frente à aids e à Covid e os comandos da elite tecnocrática californiana fanática por ciência, em meio a crises climáticas, políticas, econômicas e da democracia, igualmente são examinados por Morin, que traz as luzes do passado para seguirmos rumo ao futuro. (Jaime Cimenti)