No meio da noite ( Editora Intrínseca, 368 páginas, R$ 69,90, tradução de Renato Marques) de Riley Sager, autor de nove thrillers que figuraram na lista de best-sellers do The New York Times , mostra novamente a grande habilidade narrativa num romance de suspense que envolve aspectos de profundo luto, inúmeras reviravoltas no enredo e uma atmosfera paranormal.
Riley Sager lançou em setembro de 2024, no Brasil, pela Editora Intrínseca o romance O massacre da família Hope , que vendeu incríveis 32 mil exemplares desde o lançamento. No meio da noite é o segundo livro que o autor lança pela Intrínseca e faz jus ao título de “mestre das reviravoltas” que lhe atribuiu o jornal The New York Times.
Não por acaso, No meio da noite, o suspense aterrorizante e recheado de referências aos anos 1990 se tornou best-seller instantâneo. A narrativa inicia em 1994 quando o menino Billy Barringer, que estava numa barraca com o amigo Ethan de dez anos, desapareceu de forma misteriosa no meio da noite. A barraca estava no gramado da casa de Ethan e alguém cortou a lona com uma faca e levou o menino.
O caso aterrorizou o subúrbio de Hemlock Circle, em Nova Jersey, e ficou sem solução por mais de trinta anos, após investigação criteriosa e intensa cobertura da imprensa. Trinta anos depois Ethan precisou voltar a sua casa da infância e, também afetado pelo fim de seu casamento, vai reencontrar velhos amigos e começa a perceber que o passado, talvez, esteja voltando com lembranças há muito enterradas.
Depois do desaparecimento do menino, Ethan nunca conseguiu dormir direito e sente a presença do amigo Billy durante a madrugada. Ethan investiga o que houve e tenta lembrar os mínimos detalhes da noite fatídica. Quanto mais ele se aproxima da verdade, mais se dá conta de que lugar algum é totalmente seguro, seja uma floresta ou uma rua pacata. E constata que o passado sempre encontra um jeito de assombrar o presente.
Lançamentos
Onde estás? (Citadel, 240 páginas, R$ 65,00), de Tulio Milman, consagrado jornalista, consultor e palestrante, diz que, nesse mundo cheio de informações e respostas, é mais importante fazer a pergunta certa do que só respondê-las. Esse guia prático e provocador traz caminhos para se comunicar com clareza e usar a inteligência artificial com propósito, para chegar antes.
A Casa das Sombras (Bookba, 474 páginas) é a segunda parte da Trilogia Árvore de Família, denso e caudaloso romance da bibliotecária e escritora Rosane da Veiga Faria. A narrativa cobre o período 1968-2015, e traz histórias e lendas de povos do Mar Báltico e profundas ideias de liberdade individual. Universo fantástico, período da ditadura militar e ideologias atuais estão na obra.
De galinha a gavião (Nova Fronteira, 192 páginas), da premiada jornalista de economia Juliana Rosa, que já trabalhou na Globonews e na Bandeirantes, fala, de forma leve e didática, de contas públicas, juros, educação, sistema tributário e comércio internacional, entre outros temas quentes. Conversou com Gabriel Galípolo, Pedro Malan e Bernard Appy, entre outros, para propor como impulsionar o voo da economia brasileira.
E palavras
O que esperar do futuro ?
Olhei para a tela em branco e cheguei a pensar em pendurar minha velha e gasta chuteira de cronista especializado em generalidades e palpites específicos e ficar flanando aí pelas pracinhas contemplando bebês , babás , mamães, papais , velhinhos , crianças, jovens, pipoqueiros, sorveteiros, gatos, cachorros e Parcão-nosso Central Park NY. Esse mundinho velho agora pós-moderninho sem porteiras, referências que duram o mesmo que uma cabeça de fósforo e seres e ideias que mudam a cada segundo estão me deixando mais estonteado do que eu já era. Quando era guri entrava na Livraria do Globo e achava que lendo tudo ia entender de mim, da vida e do mundo. Não foi bem assim, mas era legal comprar bombons de licor da Kopenhagen na rua da Praia e ficar meio embriagado.
Aí para espairecer um pouco olhei pela janela da sala os peões que há anos estão envolvidos com uma obra que vai levar mais uns anos para ficar pronta. Eles retiraram uns 30 mil metros cúbicos de terra e fincaram estacas para duas torres de dezoito andares cada. Serão cinquenta e quatro apartamentos e um VGV de prováveis centenas de milhões de reais. Os peões trabalham até em sábados e às vezes debaixo de garoa. O bairro Moinhos de Vento vive, entre o passado, o presente e o futuro e tem outras várias obras que mostram que nem todo mundo quer ir de muda para o Uruguai , Miami , Portugal ou Austrália.
Como me animei contemplando os simpáticos operários , decidi seguir adiante com minha missão de escrever crônicas para meus vinte e dois queridos e fiéis leitores. Estou só com 71 anos , meio aposentado, mas andei lendo um livro sobre Ikigai , termo japonês que significa “razão de ser” ou”motivo pelo qual você levanta da cama todos os dias” e estou tentando dar uma de japa e não me aposentar. Ao menos não totalmente. Amarro a chuteira e vou adiante, no meio de assuntos demais e verdades de menos. Pois é, entrou no meu local de trabalho a Mrs. IA ou Inteligência Artificial ou ou AI para quem fala inglês. Disse que ia fazer a crônica sozinho e ela disse que tinha vindo para ficar e que eu não poderia mais viver sem ela. Pensei em não me estressar e tirar partido daquela vizinha metida, ofereci um chá de camomila e mandei ela sentar . A Dona Inteligência ajuda, não dá para negar, mas vou tentar, acho que inutilmente, dar a última palavra.
Espero que o julgamento do Bolsonaro e dos outros sete pelo STF seja sereno, democrático, jurídico, constitucional e não me atrevo a fazer previsões e nem maiores comentários. Recebi uma mensagem psicografada da Velhinha de Taubaté me dizendo que é preciso acreditar nas autoridades. No Brasil até o passado é imprevisível e o futuro a Deus pertence, se é que ele ainda quer ser dono dele. Tenho lá minhas dúvidas . Minha irmã quis me levar numa vidente e eu disse que já tinha questões presentes suficientes para me ocupar e que não queria saber o que vem ou não lá adiante. Será que o futuro é uma piada que a gente só entende depois? Cartas para a redação.
a propósito
A vida é tragédia, comédia e tragicomédia. Infelizmente é jogo sem terceiro tempo. Uns ganham prorrogação. O otimista é um pessimista mal informado e hoje pensa em cooperação global, avanço científico para todos, menos pobreza, mais educação e saúde e um mundo melhor, mesmo custando os olhos da cara. Os pessimistas dizem que a distopia chegou, que as crises climáticas, guerras, desigualdades e brigas intermináveis de irmãos apontam para o final dos tempos. Tomara que Trump tome tenência e que escolha, junto com os chineses, o que for melhor e mais pacífico para eles e o resto, para dar menos briga e para eles não se ferrarem. Obrigado, Dona IA, volte sempre.
(Jaime Cimenti)