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Jaime Cimenti

Jaime Cimenti

Publicada em 28 de Agosto de 2025 às 19:07

24 horas vitais da Revolução Francesa

a queda de robespierre

a queda de robespierre

EDITORA PLANETA/DIVULGAÇÃO/JC
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Jaime Cimenti
A  queda de Robespierre ( Editora Planeta, 672 páginas, R$ 140 ) de Colin Jones, professor emérito de História Cultural na Queen Mary University de Londres, especialista em história francesa, especialmente século XVIII, Revolução e História da Medicina, apresenta as 24 horas que definiram o rumo da Revolução Francesa e revisita o episódio emblemático , mergulhando nas últimas horas de vida do controverso Maximilien Robespierre.
A  queda de Robespierre ( Editora Planeta, 672 páginas, R$ 140 ) de Colin Jones, professor emérito de História Cultural na Queen Mary University de Londres, especialista em história francesa, especialmente século XVIII, Revolução e História da Medicina, apresenta as 24 horas que definiram o rumo da Revolução Francesa e revisita o episódio emblemático , mergulhando nas últimas horas de vida do controverso Maximilien Robespierre.
Colin Jones foi condecorado com a Ordem do Império Britânico, é Membro da British Academy e ex-presidente da Royal Historical Society e nessa alentada obra que lhe tomou muitos anos de trabalho fala do dia 27 de Julho de 1794, ou o dia 9 Termidor. A data é amplamente reconhecida como um marco na história da Revolução Francesa. À meia-noite, Robespierre, o membro mais proeminente do Comitê da Salvação Pública, que havia dirigido o Terror por mais de um ano, estava planejando destruir uma das conspirações mais perigosas que a Revolução havia enfrentado.
No final do dia tumultuado, cheio de reviravoltas, seu mundo havia virado de cabeça para baixo. Ele era um fora-da-lei, em fuga e procurado por conspiração contra a República. Sentiu a vida e a carreira no final. E estavam mesmo. Ele se matou pouco depois. Meio-morto, a guilhotina o executou de forma macabra no dia seguinte.
Ainda hoje há duas lendas envolvendo Robespierre. Uma “lenda dourada” o traz como um líder incorruptível e pai da democracia social. Uma  “lenda sombria” o retrata como um “ditador megalomaníaco” sedento por sangue.
Lembrando Dickens e o romance policial britânico clássico, Jones elabora uma narrativa detalhista e deliciosa, sem deixar de lado o rigor historiográfico e implodindo as fronteiras entre a história e o romance histórico. Jones faz outra leitura sobre Robespierre, afinada com o melhor da historiografia atual e amparada em documentação. Jones não isenta Robespierre de suas ações, mas mostra que a ideia de um “Estado terrorista” dirigido por um único homem deve ser revista.

lançamentos

morrendo de rir

morrendo de rir

ARQUIPÉLAGO/DIVULGAÇÃO/JC
As aventuras de Generosidade (Editora Alice, 64 páginas, R$ 60,00) de Silvana Pretto Zanon, engenheira, empresária e escritora, obra infantojuvenil, é mais que uma história de aventura, é um convite ao brincar e uma leitura que estimula curiosidade, empatia e construção de amizades, temas preciosos para a autora e para a busca de um mundo mais solidário.
A educação da vontade (Edipro, 224 páginas), de Jules Payot (1859-1940), célebre pedagogo francês e reitor das Universidades Chambéry e Aix-en-Provence, ensina a fortalecer a vontade e adquirir o domínio de si e a investigar as causas da preguiça, da dispersão de atenção e da fraqueza moral. É um clássico da pedagogia.
Morrendo de rir (Arquipélago, 184 páginas, R$ 39,90), da premiada escritora, jornalista, ilustradora e artista plástica carioca Elvira Vigna traz crônicas saborosas que falam de feminismo e machismo, especialmente para mulheres, que ouvem melhor. As crônicas falam de literatura, futebol, feiras literárias, encontros e desencontros, mau humor com a política e outras inquietações cotidianas, sem aliviar para ninguém, mas com mordacidade e sagacidade.
 

Freud no Parcão

Confesso que ainda não fui fazer sessão terapêutica com a estátua do imortal Dr. Sigmund Freud inaugurada, com chuva e frio britânicos, na manhã de sábado passado, no Parque Moinhos de Vento, o Parcão. Claro que vou lá assim que possível tomar a bênção e abrir os nebulosos porões do meu inconsciente para o pai da psicanálise. Sou paciente freudiano e mais ortodoxo que rótulo de Olina, desses de consultório, mas pretendo até fazer terapia alternativa peripatética, caminhando, pensando e falando em volta da estátua, que pesa três toneladas e mede 2m50cm.
Pelo visto, os ladrões de bronze que andam por aí no máximo vão conseguir roubar os óculos do doutor, ou talvez a placa do monumento, feito com bronze e granito gaúchos por vinte e um artistas da Associação dos Escultores do Rio Grande do Sul (Acergs). O monumento é bonito, imponente, bem visível e acho que está à altura de Freud, um dos pensadores mais importantes do século XX e que, após 86 anos de sua morte, segue influenciando nossas maneiras de viver, pensar e refletir sobre nós e o mundo e sobre as formas com as quais produzimos arte e cultura. Nos tempos da pandemia e da enchente a população foi auxiliada por terapeutas, muitos com trabalho voluntário.
Como sempre, há quem reclame do custo da obra, da localização e outros detalhes. Normal. Quanto ergueram a Torre Eiffel muitos parisienses reclamaram. O genial escritor Maupassant protestou, disse que ela era um esqueleto gigante, uma monstruosidade, mas ironicamente ele almoçava no primeiro andar, que era o único lugar em Paris onde, dizia, ele não precisava olhar para ela.
Historicamente poderiam ter pensado em localizar a bela estátua do Freud no local onde antigamente era o Largo da Loucura, a Praça que hoje homenageia o grande doutor Annes Dias, em frente a Santa Casa. No entorno havia e ainda há consultórios de psicoterapeutas. Nas últimas décadas do século XX e início do século XXI muitos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas localizaram seus consultórios na rua Tobias da Silva, que logo ganhou o simpático apelido de Fobias da Silva. Acho que a estátua não ficaria bem lá.
Atualmente os profissionais da área psi estão atendendo, creio, desde o Lami até o Sarandi, mostrando que se espraiou e democratizou a nobre atividade de escutar e auxiliar a quase todos nós, estonteados habitantes urbanos, necessitados de ajuda, em meio a tantos sons, palavras, ruídos, notícias, brigas e crises culturais, sociais, políticas, financeiras e mentais.
Em Viena onde viveu boa parte de sua vida e em Londres onde viveu o último ano de sua existência, Freud se localizou em endereços elegantes, que hoje são museus. Portanto, Freud combina com o Moinhos de Vento, nosso bairro que une passado, presente e futuro com elegância, saúde, liberdade e democracia. Especialmente nos fins de semana, o Parcão é um território alegre, saudável, plural, livre e democrático, sem preconceitos contra cachorros, gatos, bicicletas, bebês, crianças, jovens e adultos de qualquer parte da cidade, do Estado, do Brasil e de países estrangeiros. O Parcão é inclusivo e universal.
 

a propósito...

Brincadeiras e coisas ditas sérias à parte, o Freud no Parcão vai se tornar um ponto turístico e uma referência nacional e internacional. O monumento vai proporcionar fotos e selfies, ajudar a divulgar ainda mais as ideias do psicanalista e nossa cidade. Há quem diga que somente os passarinhos tratam estátuas com naturalidade. Tomara que, no caso do Freud, as pessoas tratem a estátua com naturalidade e aproveitem o tempo que for possível para desacelerar um pouco, tomar consciência do momento e seguir o caminho com prazer de viver. (Jaime  Cimenti)
 

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