O que os aspectos do pôquer tem a ver com o universos das novas tecnologias? No limite ( Editora Intrínseca, 560 páginas, R$ 119,90 , tradução de Renato Marques) de Nate Silver, aclamado estatístico e autor de O sinal e o ruído , best-seller do New York Times , mostra como jogadores de pôquer, gestores de fundos hedge , entusiastas das criptomoedas e os grandes colecionadores de arte têm muito a ensinar sobre como ser bem-sucedidos em meio aos riscos e incertezas do século XXI.
Nate Silver foi jogador de pôquer profissional e depois ganhou notoriedade ao analisar estatísticas de campanhas eleitorais e prever a vitória de Barack Obama e depois a de Donald Trump, além de ocupantes do Senado e Governos Estaduais. Ele fundou o blog de política FiveThirtyEight e escreve a newsletter Silver Bulletin.
Por meio de mais de duzentas entrevistas com personalidades influentes, o autor apresenta um panorama geral para entender os rumos das novas tecnologias e da economia global utilizando o poder da probabilidade e estatística. A maioria das pessoas tem dificuldade com números, baixa tolerância ao risco ou receio da incerteza. Mas para as pessoas competitivas que desconfiam por instinto do senso comum, a complexidade faz parte do jogo e o desafio está em saber como lidar com ela e usá-la como vantagem.
Dos bastidores dos cassinos aos fundos de investimento, dos escândalos empresariais às reuniões do movimento do altruísmo eficaz, No limite é uma viagem reveladora e sem filtros pelo mundo oculto dos jogadores de alto risco e dos arquitetos do futuro.
Nate fez uma imersão no universo de Doyle Brunson, Peter Thiel, Sam Altman, o controverso Sam Bankman-Fried e muitos outros e desvendou temas cruciais , desde as fronteiras das finanças até o futuro da inteligência artificial. A imersão mostra os padrões surpreendentes no pensamento dessas mentes estratégicas, mas não deixa de alertar que quando o risco se torna um vício as consequencias podem ser devastadoras. Disse o The New York Times que o livro é um vislumbre da economia do futuro.
Os Mostardeiros (Edição dos autores, 416 páginas), de Andrea Mostardeiro Bonow e Germano Mostardeiro Bonow, com base em exaustivos cinco anos de trabalho, traz 200 fotos e registros precisos da trajetória de uma das famílias mais tradicionais do Estado. A obra já nasce clássica sobre a memória rio-grandense. Autógrafos 16/8, 10h, Museu de História da Medicina, Independência 270.
Kamadutra - A garota do supermercado e outras histórias bobas (Farol 3 Editores, 150 páginas),5º livro do consagrado jornalista e escritor Flávio Dutra, tem novela picaresca e crônicas bem-humoradas envolvendo relações entre homem e mulher. Nilson Souza, prefaciando, diz que a posição pouco importa para ler um livro instigante, malicioso, divertido e escrito com talento e criatividade .
Antologia Poética de Autoria Negra Brasileira (Mazza Edições, 280 páginas), organizado pelas professoras-doutoras Zilá Bernd e Liliam Ramos e coorganizado pelas professoras Cristina Tonial e Roberta Pedroso, traz poemas de precursores e de contemporâneos para professores, alunos e leitores em geral e estimula o debate sobre o racismo estrutural e outros temas essenciais.
Como sabemos, a história da Coreia é marcada por períodos de unidade e divisão, com forte influência de potências estrangeiras, especialmente durante o século XX , quando a península milenar com seus reinados e dinastias experimentou a dominação japonesa e, depois da Segunda Guerra Mundial, houve a divisão do território entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, resultante da Guerra Fria.
Filhos do Céu e da Ursa (Crítica-Planeta do Brasil, 240 páginas, R$ 57,00) de Emiliano Unzer, especialista em Ásia, doutor em História Social pela USP e mestre em Políticas Pós-Coloniais pela Universidade de Aberystwyth, do País de Gales, e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, oferece um panorama abrangente da trajetória coreana, desde suas origens até a atualidade, destacando a formação de uma identidade singular em meio a influências externas e conflitos internos.
Ao longo dos séculos, a Coreia enfrentou invasões, dominações e divisões, além de desenvolver uma cultura vibrante e uma filosofia própria. A ascensão de reinos como Koryo e Joseon, a resistência à colonização japonesa e a divisão da península no século XX foram momentos cruciais que mudaram o destino do país.
A obra bem elaborada e fundamentada do professor Emiliano Unzer não examina apenas os eventos políticos, mas também os aspectos sociais, econômicos e culturais que definiram a Coreia. O contexto geográfico e as relações com os vizinhos do Leste Asiático são igualmente explorados, proporcionando uma visão ampla e integrada dessa história complexa.
Como se constata, essa é uma narrativa sobre resistência, adaptação e reinvenção. Uma história que revela como a Coreia, entre grandezas e tragédias, enfrentou e superou desafios que a colocaram no centro de transformações do Leste Asiático e no mundo.
Em 1950, a sombra de uma guerra avançou sobre a Coreia. Os comunistas de Il Sung quase tomaram o controle de toda a península, mas os americanos liderados por MacArthur empreenderam uma fulminante contraofensiva, perseguindo os comunistas até o território chinês. Isso suscitou novos embates e avanços de tropas comunistas coreanas e chinesas para o sul. Houve impasse no paralelo 38 e, após longas negociações, em 1953, foi assinado um cessar-fogo.
Desde então a Coreia se fraturou em duas repúblicas, sendo as duas proclamadas em 1948. Uma, ao Norte, se isolou cada vez mais no regime dinástico da familia Kim, cujo neto de Il Sung está no poder. Ao Sul, a república segue resguardada pela presença de tropas americanas ao longo da fronteira, mantendo regimes anticomunistas, tecnocratas e desenvolvimentistas. Nas últimas décadas, a Coreia do Sul alcançou expressivo desenvolvimento econômico e instituiu um regime democrático. Não se pode afirmar o mesmo sobre a Coreia do Norte, envolta em realidades políticas e econômicas bem diversas.
Os desentendimentos ainda afloram na península, amplificados por interesses internacionais, já que outros países não querem perder um aliado - e, portanto, um posicionamento estratégico - no Leste Asiático. Russos e chineses não desejam perder o regime de Pyongyang. Os Estados Unidos tampouco almejam retirar suas tropas da fronteira desmilitarizada do paralelo 38. Rusgas de dois irmãos, ao Norte e ao Sul, marcam a história recente da Coreia.
Caberá ao tempo revelar se a histórica unidade coreana será restabelecida ou se caminharemos para um lento desgaste dos dois lados da fronteira, torcendo por nenhuma hecatombe flagelar a população da península.
(Jaime Cimenti)