Papa Leão XIV (Editora Planeta, 196 páginas, R$ 49,00), do experiente e consagrado jornalista, escritor e ensaísta Saverio Gaeta, ex-redator do L'Osservatore Romano e um dos mais renomados vaticanistas da atualidade, apresenta com síntese e objetividade a história do novo Papa e os desafios que ainda virão. Gaeta é autor de mais de 60 obras e artigos publicados sobre assuntos e pessoas relacionadas ao Vaticano. Suas obras já foram traduzidas em 16 línguas.
Este livro é o primeiro retrato completo do 'Papa da Globalização', um líder que, como se sabe, entrelaça raízes culturais diversas e fala com muita clareza a linguagem da contemporaneidade.
A obra trata das origens de Robert Francis Prevost, sua vocação religiosa precoce , formação, vivências como sacerdote e o caminho rumo ao conclave que o levou rapidamente à condição de Papa. Ele surge com o perfil de um pontífice global, atento aos pobres e marginalizados, incansável na defesa dos direitos humanos e no papel unificador da fé.
Quem é o homem que guiará a Igreja Católica nos próximos anos? Quais os caminhos que o levaram ao trono de Pedro? Como a eleição de um Papa norte-americano pela primeira vez pode ser um novo marco para a Igreja e para o mundo? Quais os problemas mais urgentes que ele enfrentará? Como ele atuará sobre os "processos em andamento" legados pelo Papa Francisco?
Leão XIV lidará com as complexas finanças da Igreja, com os cinco mil colaboradores diretos e temas candentes como o papel da mulher, os crimes sexuais, nova sinodalidade e questões ambientais, doutrinárias e políticas. Leão XIV completará 70 anos, é relativamente jovem e, ao que tudo indica, inspirado em Leão XIII, certamente Leão XIV exercerá um papado marcante.
O livro apresenta curiosidades e informações sobre hábitos e gostos de Leão XIV e compara seu pontificado com os dos outros pontífices. Nas páginas finais do volume estão informações sobre os 266 papas que antecederam Leão XIV, desde Pedro até Francisco. Sem dúvida, uma obra importante e útil para conhecer melhor Leão XIV e o que poderá acontecer no futuro próximo.
O desabamento (Todavia, 162 páginas, R$ 62,00), do celebrado escritor francês Édouard Louis, autor de Mudar: Método e Monique se liberta, romance com prosa aguda, sensível e analítica, trata da morte do problemático irmão mais velho, morto precocemente aos 38 anos. Para reconstruir o irmão, o narrador se vale de ciências sociais, psicologia , memória e literatura.
2020 não foi um ano ruim (Editora Zouk, 326 páginas, R$ 70,00), romance do premiado escritor Marcel Citro, é uma caudalosa e envolvente narrativa sobre o professor de filosofia que percorre dez anos para elaborar seus medos, modular os sentimentos e combater a ira. Morte enigmática, pandemia, ayahuasca e a corrente virtual que a todos dissolve e muito mais estão na obra.
Aliandra-Cenas de uma carreira (Boaventura Editora, 135 páginas, R$ 44,90), do escritor, professor e diretor de teatro Lucas de Melo Bonez, bela narrativa em tom de reportagem, mostra a trajetória de Aliandra Ferronatta, jogadora de futebol gaúcha, promessa na Europa que, aos 24 anos largou a carreira e passou a viver no ostracismo.
- Pois é, doutor, estou com uma baita crise de identidade. Há mais de dois mil anos, na pracinha da Grécia, sem botão, urna eletrônica e senhas, a coisa era mais simples. Mãos, voz e corpo votavam. Mulheres, estrangeiros e escravos só ficavam na escuta. Já tinha barulho, briga, fofocalhada, mas era menos.
- Mas e depois, o que aconteceu com a senhora?
- Bom, em Roma criaram o tal modelo republicano, com senado, magistrados e leis, e a coisa andou. Na Idade Média eu meio que sumi. Reis, nobres e a Igreja tomaram conta do campinho pouco republicano.
- Sim, mas com o iluminismo e o renascimento, o que houve?
- Bom, aí pintaram ideias modernas de liberdade, igualdade e soberania popular. Locke, Montesquieu, Rousseau e Voltaire defenderam a vontade do povo e o equilíbrio entre os poderes. Aí, uns séculos depois, vieram as Revoluções Inglesa, Americana e Francesa, com ideais democráticos, eleições e direitos dos cidadãos.
- No século XIX as coisas mudaram para a senhora, não é, Dona Democracia?
- Sim, doutor. Votos para todo mundo, partidos políticos crescendo, imprensa livre e otras cositas mas. Aí no século XX, depois das guerras mundiais, depois de enfrentar o fascismo, o nazismo e ditaduras militares na África, Ásia e América Latina, eu me expandi. Nos tempos da Guerra Fria, eu era a liberal e eles os autoritários.
- Mas e no momento, o que a senhora sente, depois de milênios e transformações? Sente-se cansada, pensa em se aposentar?
- Às vezes dá vontade de pendurar as chuteiras, mas dizem que democracia é o regime menos pior e aí vou levando do jeito que dá. Minha cabeça está explodindo com tantos desafios globais e tecnológicos, com tantas linguagens complexas. Estou de saco cheio com tanta polarização deletéria, ditaduras digitais, censuras medievais e não estou dando conta de tantas notificações e rótulos para mim. Uns aí usam meu santo nome em vão e pouco posso fazer, além de rezar e seguir cansada, mas viva.
- Compreendo. Não deve ser fácil, mas estou aqui para lhe ouvir e ajudar no que for possível. A senhora sabe que a melhor parte de um terapeuta é o ouvido. Nem falo muito, pois para ser franco estou tão ou mais confuso que a senhora.
- Obrigado, doutor, ao menos ainda tenho esse espaço para botar para fora esse monte de sons, palavras, polêmicas, guerras, ofensas, desconfortos, fake news e o escambau. Nem sei o que vou fazer com tudo isso que digo, mas ficar quieta seria bem pior.
- É verdade. Conversando a gente entende alguma coisa. Os silêncios também nos ensinam. No divã a gente descobre umas coisas que insistiam em ficar aferrolhadas nos nossos porões do inconsciente.
- O que me incomoda mais é ver certos elementos usarem meu nome para justamente tentar acabar com a minha raça. Mas não vão conseguir. Estou por aqui há uns dois mil e quinhentos anos. Tenho couro grosso. Tive que me adaptar, aguentei muita coisa e não vai ser agora que vou morrer na praia. Os que estão me ameaçando ou me usando como pretexto para serem ditadores passarão, e eu passarinha, com a licença do Quintana.
- Bem, Dona Democracia, acho que para sorte da senhora, de mim e dos nove leitores do cronista, nosso tempo está acabando.
- É isso, melhor a gente largar esses assuntos um pouco e ouvir música, tomar umas, falar bobagens e ver o sol e a lua. Ninguém é de ferro, muito menos eu. Ah, antes que eu me esqueça, por favor me dê as receitas dos remédios para me acordar, me acalmar e para dormir. Não estou tomando remédios demais?
- A senhora está bem medicada. Na Europa e nos Estados Unidos boa parte da população toma remédios. Fique calma.
(Jaime Cimenti)