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Jaime Cimenti

Jaime Cimenti

Publicada em 17 de Julho de 2025 às 19:10

Democracias

democracia

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L&PM EDITORES/DIVULGAÇÃO/JC
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Jaime Cimenti
Na democracia direta da Grécia do século V a.C., mulheres, escravos e estrangeiros não tinham direitos políticos. Em Roma, século VI a. C., surgiram os representantes eleitos, uma República, algo próximo de uma democracia representativa. Na Idade Média os reis, nobres e religiosos comandavam e a democracia desapareceu. Nos séculos XV a XVIII, o Renascimento e o Iluminismo trouxeram ideias de liberdade, divisão dos poderes e soberania popular. As Revoluções Americana e Francesa trouxeram as democracias liberais, com todos votando. Depois da II Guerra e dos regimes fascista e nazista, as democracias cresceram até chegar aos desafios de hoje.
Na democracia direta da Grécia do século V a.C., mulheres, escravos e estrangeiros não tinham direitos políticos. Em Roma, século VI a. C., surgiram os representantes eleitos, uma República, algo próximo de uma democracia representativa. Na Idade Média os reis, nobres e religiosos comandavam e a democracia desapareceu. Nos séculos XV a XVIII, o Renascimento e o Iluminismo trouxeram ideias de liberdade, divisão dos poderes e soberania popular. As Revoluções Americana e Francesa trouxeram as democracias liberais, com todos votando. Depois da II Guerra e dos regimes fascista e nazista, as democracias cresceram até chegar aos desafios de hoje.
Democracia - Uma breve introdução (L&PM Editores, 230 paginas, R$ 54,90), de Naomi Zack, professora de filosofia do Lehman College - NY, ex-professora em Albany e Oregon e autora de dezesseis livros, oferece aos leitores uma introdução acessível ao conceito de democracia e, acima de tudo, faz reflexões sobre seus desafios contemporâneos.
As democracias no mundo estão em crise, enfrentam questões de credibilidade e funcionamento. Há retrocessos, desinformação, polarização, desigualdade, frustração, golpes e ditaduras digitais. Naomi estudou a evolução da democracia desde a Grécia até hoje, apresenta os principais pensadores e sugere que se pense sobre como surgiu e como se desenvolveu a democracia, para protegê-la.
"Os governos são chamados de democráticos quando há separação dos poderes, as eleições são livres, a maioria pode tomar decisões por todos, os direitos dos indivíduos são respeitados pelo governo, os governados são tratados com igualdade, há liberdade de imprensa e liberdade de dissenso, e os governados geralmente consentem com o governo existente, mas mantêm o direito de mudá-lo", ensina a autora, que reflete sobre a necessidade de princípios humanitários para a busca da moral política, da paz e do desenvolvimento para todos.
 

Lançamentos

Perdi a virgindidade no banheiro do avião (Minotauro, 240 páginas, R$ 69,90), do renomado advogado, escritor e cronista Léo Iolovitch, autor dos livros O sapato do pirata e Descendo da nuvem, apresenta crônicas bem elaboradas e modernas. Deonísio da Silva na apresentação: "Léo decola nacionalmente a bordo deste livro e vai navegar junto aos autores que têm o que dizer e sabe como."
A loja de cartas de Seul (Editora Intrinseca, 256 páginas, R$ 49,90), de Baek Seung-yeon, premiada escritora coreana, é um delicado e denso romance sobre a arte perdida de escrever cartas num mundo cada vez mais virtual. Perda, família, irmã e perdão estão na narrativa envolvente, que faz pensar sobre relacionamentos familiares.
Sexo, política, poder e outros ensaios (EST Edições, 208 páginas) do consagrado médico, escritor, ensaísta e articulista Franklin Cunha, autor de várias obras, apresenta ensaios consistentes sobre medo, arte do impossível, pornografia, leis e salsichas, semiótica de banheiros, Keynes e o Bolsa Família e muitos outros temas atuais e relevantes.

Os muitíssimos Paulo Sant'Ana

Paulo Sant'Ana (1939-2017), nome mais fulgurante da imprensa gaúcha entre as décadas de 1970 a 2017, foi mais do que um gênio indomável ou um gênio idiota, título do mais marcante de seus oito livros. Paulo Sant'Ana foi literalmente muitíssimos, um Fernando Pessoa múltiplo em dezesseis mil crônicas, escritas em 45 anos de jornalismo.
Sant'Ana provocava amor, paixão, amizade, respeito, admiração, parceria, ódio, rancor, medo, ciúme, inveja e ressentimento. Polêmico, egocêntrico, exagerado, idolatrado e odiado, também odiava a indiferença. Tinha um faro gigante pelos temas mais vivos e todos os dias trabalhava muito, como um mouro.
A tarefa de um bom biógrafo, tipo Ruy Castro ou Fernando Moraes, é colocar o falecido a andar e falar de novo entre nós. É bem o caso de Paulo Sant'Ana - O gênio indomável ( Editora AGE, R$ 95,00, 288 páginas), do consagrado, produtivo e competente jornalista, escritor, produtor cultural e biógrafo Márcio Pinheiro, autor, entre outros livros, de O Que Não tem Censura num Nunca Terá: Chico Buarque e a Repressão Artística durante a Ditadura Militar ( L&PM Editores), já em segunda edição. Há mais de três décadas, Márcio trabalha com cultura e jornalismo, e foi colega de Sant´Ana três vezes no jornal Zero Hora.
Muito já se disse e muito já se escreveu sobre Paulo Sant´Ana, mas Márcio teve o mérito de ter lido, relido e treslido milhares de crônicas dele, ter considerado todos os milhões de sentimentos de Paulo/Pablo e conversado com mais de trinta colegas, amigos, parentes, chefes, médicos e confrades. Márcio mostra bem o lado bipolar e mercurial de Sant´Ana, que tinha muitas inseguranças e uma necessidade infinita de chamar a atenção, se afirmar e de ser reconhecido.
No programa Sala de Redação, Sant´Ana mostrava talento e gremismo inveterado, digladiando com os colorados, elogiando jogadores, jornalistas e cartolas e criticando-os quando achava que fosse o caso. Mornidão não era com Sant´Ana, um homem que não gostava de passar despercebido, que gostava de comandar seus espaços.
Sant´Ana era da noite e do dia, trabalhador, boêmio, sincero, mentiroso, amoroso e rancoroso. Gostava de cantar nos botequins, amava São Francisco de Assis e tinha paixão por jogos de azar. Sant´Ana disse que não teria sucessor, que era absolutamente insubstituível, e furtou cigarros do caixão do Mario Quintana, que tinha deixado de fumar muitos anos antes de morrer.
Sant´Ana dividiu com absoluta franqueza e generosidade os traumas decorrentes das atitudes de seu pai, que considerava um carrasco. Sant´Ana conta que, apesar de tudo, conseguiu viver, sobreviver, trabalhar e emocionar diariamente milhares e milhares de pessoas.
A famosa entrevista com o Jô Soares, o uso do Viagra, os encontros com Pelé e Julio Iglesias, os vários maços de cigarro consumidos diariamente e as mil andanças, palavras e atitudes de Sant´Ana estão entre nós, nas mãos de um biógrafo que trabalhou afanosamente mas que, sábio, colocou o hiperprotagonista Paulo Sant´Ana em close permanente.

A propósito

Infância pobre, difícil, trabalhos modestos na juventude, mas Sant´Ana, ao invés de fazer do limão uma limonada, fez muitas e gostosas caipirinhas. Aqui no céu mando eu, deve ter dito Sant´Ana ao recém-chegado Ruy Carlos Ostermann. Obrigado ao Márcio Pinheiro por colocar a andar e falar livremente por aqui o guri pobre, delegado, vereador, jornalista, cantor, amigo, inimigo e muito mais. Biógrafo é para isso, para ressuscitar pessoas, se bem que o Sant´Ana nunca morreu e nem vai morrer tão cedo. Enquanto lembramos, ele está muito vivo, como sempre foi. Autógrafos dia 22, às 18h, na Livraria A Página Shopping Praia de Belas.(Jaime Cimenti)

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