A maioria das pessoas gosta mais de falar de alimentos e de receitas culinárias do que de economia. Para muitos o 'economês' é uma língua árida, difícil e técnica demais. Sem contar que o noticiário econômico e os governos não ajudam. Juntar histórias de alimentos em vários países do mundo ao mesmo tempo passando noções de economia de modo acessível é uma boa idéia.
É o caso de Economia: modo de comer - Um economista voraz explica o mundo (Portfolio-Penguin - Cia. Das Letras , 254 páginas, R$ 76,00), de Ha-Joon Chang, nascido em Seul-Coreia do Sul, professor universitário (Universidades de Cambridge e de Londres), escritor best-seller e autor de 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo e de Chutando a escada, é obra divertida e instigante sobre alimentos, bebidas, livre-comércio, industrialização e corporações modernas. Pela Portfolio-Penguim publicou Economia: modo de usar.
Mediante a história dos alimentos, o autor fala de sistema de patentes, desenvolvimento industrial, relações de poder econômico e mostra de modo agradável e legível como os hábitos alimentares e a economia envolve nosso cotidiano. O que a cenoura revela sobre o sistema de patentes? Por que o macarrão é tão amado na Itália e por que está entrelaçado no desenvolvimento da Coreia do Sul? O que a anchova tem a ver com a industrialização? Essas e muitas outras histórias econômico-gastronômicas estão na obra, que trata também de Coca-Cola e ideologia econômica e da relação da nossa caipirinha com as mudanças climáticas.
Chang mostra o livre-mercado por um percurso que começa nos navios negreiros no Atlântico, passa pelas fazendas coloniais de cana-de-açúcar operadas por escravos em São Domingos (hoje Haiti), encontra os colonos nos prados norte-americanos, até alcançar as ruas de Santiago sob a ditadura de Pinochet.
A obra mostra que entender a economia pode ser muito mais fácil do que imaginamos, tal como aprender uma receita culinária simples.
No próximo 20 de maio comemoramos os 150 anos da chegada dos primeiros italianos no Rio Grande do Sul. Em vista da relevância do fato, o governador Eduardo Leite, através do Decreto 57 558/2024 estabeleceu uma Comissão Oficial para organizar festejos de 01/01/2025 a 31/12/2025 e convocou Secretarios de Estado, entidades e instituições para homenagear o glorioso sesquicentário. O dr. Valerio Caruso, cônsul-geral da Itália no RS e o deputado estadual Guilherme Pasin, ex-prefeito de Bento Gonçalves em dois mandatos, entre outros, têm trabalhado afanosamente pelas justas comemorações, e vale lembrar que o dr. Alessandro Cortese, embaixador da Itália no Brasil, esteve em nosso Estado por quatro vezes no último ano, fato raríssimo na história diplomática local.
150 Anos da Imigração Italiana - Rio Grande do Sul - Volume IV - Personalidades , Famílias e Associações, belíssima edição encadernada, em papel couchê, formato 26x26, com centenas de ilustrações e fotos em preto e branco e em cores e 436 páginas, organizada pelo consagrado jornalista, poeta, escritor, homem de cultura e pesquisador Ademir Antônio Bacca, é, sem dúvida alguma, juntamente com os três primeiros volumes, o registro mais importante sobre estes 150 anos de uma imigração que enriqueceu o Estado com suas contribuições sociais, políticas, econômicas e culturais. Em 2026, para alegria de todos, deve sair o volume V.
Neste volume IV, depois da apresentação de Bacca, Isabel Quirino Dalcin e Paulo José Massolini, são apresentados dados sobre a colônia no final do século XIX, o sucesso da imigração, a convivência com os luso-brasileiros, os imigrantes na região da fronteira e na Colônia Maciel em Pelotas, as famílias em dezenas de municípios e fotos e informações sobre as respectivas cidades. A importância deste quarto volume se dá principalmente por enfocar diretamente personalidades, pessoas anônimas e dados sobre suas localidades, mostrando quem construiu o gigantesco patrimônio espiritual e material das regiões onde lutaram, trabalharam e venceram.
Poucos anos depois da pandemia e um ano depois da enchente que afetou grandemente nosso Estado, esta obra é uma grande fonte de inspiração para seguir na reconstrução de uma terra devastada pelos desastres climáticos. Os velhos imigrantes que subiram as serras a pé ou a lombo de mula para enfrentar dificuldades variadas, como a presença de animais, nesse momento mais do que nunca merecem ser lembrados e homenageados.
Os volumes organizados por Bacca e este em especial, com o auxílio importante de dezenas de colaboradores, já nasceram como referência bibliográfica e as fotos de pessoas, famílias, instituições, empresas e cidades emocionam os leitores pela importância da família, do trabalho e da religião, pilares essenciais, como sabemos, de uma imigração que segue dando bons frutos, exemplos e contribuições materiais e imateriais para um Brasil que tanto precisa de boas inspirações.
Cartas de Insight (Editora Saberes Sistêmicos), da psicóloga gaúcha Paula Pereira, é uma caixa com um livreto e cem bilhetes acartonados para induzir, à luz da ciência e da psicologia, a clareza da mente e provocar "estalos" que ajudem a pessoa a se conhecer e a resolver. Lançamento 21/5, 19h, Café Fon Fon, Vieira de Castro 22.
Ciomacio (Libretos, 112 páginas, R$ 50,00), do poeta e escritor Mario Pirata apresenta tankas, haikais, pequenos versos e inventorias. "para quem / já foi holofote / ando meio toco de vela / mas ainda volto / a ser fogueira " ; costurar histórias / luz acesa na lamparina / da memória" estão na obra, apresentada por Ricardo Silvestrin.
O caminho do cliente (Editora Gente, 192 páginas, R$ 74,90), de Ricardo Pena, especialista em relacionamento com o cliente e criador da plataforma PeopleXperience, fala do segredo para criar uma experiência do cliente que vai alavancar o seu negócio. Conhecer o cliente, fazer plano de ação, reconhecer os bons colaboradores, lidar com reclamações para melhorar e inovar de verdade é o que propõe o autor.
Agora é comemorar muito esses primeiros 150 anos, aguardar ansiosos pelo quinto volume da coleção organizada pelo laborioso, iluminado e bom de memória Ademir Antônio Bacca e ler as histórias da Aurora, dos Valduga, Dreher, Michelon, Stefani, Expresso Mercúrio, titãs da longevidade de Veranópolis e tantas outras que encantam pela vida, pelo trabalho, pela dignidade e pelos exemplos que nos legaram. Com essas imagens e essas lembranças, vamos contando com energias e esperanças para reconstruir o Rio Grande do Sul que merecemos.
(Jaime Cimenti)