Edda Mussolini (Crítica - Editora Planeta, 432 páginas, R$ 109,90), da jornalista e biógrafa inglesa Caroline Moorehead, apresenta a biografia da filha favorita de Benito Mussolini e retrata o desmoronamento do sonho fascista na Itália. Edda, nos vinte anos de governo fascista italiano, foi considerada a mulher mais perigosa da Europa e protagonizou alguns dos momentos mais desafiadores do século XX.
Aos dezenove anos, Edda começou a ser a estrela mais exótica do movimento. Durante os treze anos que esteve na vanguarda da ditadura, às vezes era a confidente mais próxima e única amiga do pai. Ela tinha doze anos quando Mussolini chegou ao poder. Mimada e adorada pelo pai, foi enviada para a Alemanha e para o Reino Unido, e desempenhou papel importante na orientação da Itália para se aliar a Hitler. A partir dos vinte anos foi efetivamente a primeira-dama italiana, assumindo o papel que seria de sua mãe, Rachele.
Seu marido, Galeazzo Ciano, foi o ministro de Relações Exteriores mais jovem da Itália e eles eram o casal mais celebrado e glamouroso da sociedade fascista italiana. Por questões políticas e por opor-se a Mussolini, Galeazzo foi executado com a conivência do Duce, em 1944.
A enigmática, determinada, complexa e audaciosa Edda fugiu para a Suiça. Sua pessoa e sua vida estão envolvidos em realidade e fantasia e sua história mostra a pompa e as intrigas políticas da Itália fascista, bem como a turbulenta decadência que precedeu seu violento fim.
Num momento mundial em que tanto se discute sobre direita, esquerda, centro e outras alternativas, conhecer por dentro o fascismo é essencial para entender muito do que acontece nestes nossos dias tumultuados. Mussolini produziu Edda e ela representa o que o fascismo fez e não fez. Ela não aceitou a cultura misógina em que cresceu e que se acentuou com o crescimento do fascismo.
É uma obra, claro, para entender o fenômeno Giorgia Meloni, que há dois anos e meio é primeira-ministra da Itália e tornou-se líder mundial.
07-07-2007 (L&PM Editores, R$ 69,90, 336 páginas), do consagrado escritor, ator e roteirista italiano Antonio Manzini, narra o pior dia na vida do lendário Subchefe de Polícia Rocco Schiavone, muito conhecido de romances anteriores. Numa chuvosa Roma, o mal-humorado e inescrupuloso policial vai atrás de quem esfaqueou dois jovens e matou um. Manzini é um dos reis do policial noir.
Uma história da velhice do Brasil (Vestigio, 320 páginas, R$ 74,90), da multipremiada escritora Mary Del Priore, autora de mais de cinquenta obras, trata dos idosos ao longo dos séculos, com base em documentos. Desde os indígenas, passando pelo Brasil Colônia até hoje, Mary mostra como a igreja e a medicina tratam do tema. Obra importante para tratar bem os idosos.
Liberdade ameaçada (Avis Rara, 192 páginas, R$ 36,50), organizado pelo deputado Rodrigo Lorenzoni, com prefácio de Ricardo Gomes, traz textos de Guilherme Baumhardt, Karina Michelin e Gustavo Lopes, entre outros, sobre o avanço do autoritarismo no Brasil. É bom lembrar que o preço da liberdade é a eterna vigilância.
O Dia do Trabalho começou a ser celebrado a partir de uma famosa greve em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, que pleiteava a redução da jornada de trabalho de 13 a 17 horas por dia para oito diárias. Desde então a data é comemorada em cerca de oitenta países. Alguns chamam a data de Dia do Trabalhador, outros de Dia Internacional do Trabalhador ou Dia 1º de Maio. Pensando bem, seria bom se fosse o Dia Internacional do Emprego.
Com a Revolução Industrial , o aumento da produção de bens veio junto com a precarização das condições de trabalho. Na Suécia em 1890, após movimentações, a jornada ficou em oito horas diárias. Na França, em 1919, foram aprovadas oito horas diárias pelo Senado. No Brasil, em 1924, começaram as comemorações do 1º de maio e em 1943 foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho, para modernização no setor.
O trabalho é a relação pessoal geralmente mais longa que as pessoas têm na vida, e nela são mais ou menos felizes e realizadas. Desde os tempos bíblicos o trabalho esteve associado com pecado, suor, esforço, castigo, instrumento de tortura e, desde sempre, quem podia se escapava do trabalho e colocava os outros a trabalhar. Mas o fato é que a história do trabalho humano é um dos capítulos mais bonitos da história universal. O sonho seria ver todos os adultos trabalhando com a seriedade, a alegria e a concentração de uma criança brincando.
O mundo de hoje tem muito trabalho, pouco emprego. Milhões estão na atividade informal, especialmente depois do coronavírus, dos desastres ambientais e outros problemas globais. A questão do emprego e do trabalho é crucial, num momento em que, na história do mundo, nunca houve tanta concentração de renda.
Inteligência artificial, tecnologias modernas, especialmente eletrônicas e digitais, aplicativos e outros progressos estão deixando milhões à deriva, pessoas que não têm qualificação para o trabalho. O desafio é gigante. Máquinas não podem e não devem substituir totalmente as pessoas. O olho no olho, o convívio presencial, a conversa do cafezinho, a contação de causos variados e o abraço físico não podem morrer.
O que mais diferencia os humanos dos outros animais é a linguagem e não a razão. Os humanos não podem abrir mão das histórias, da linguagem e do contato físico com o mundo e com as pessoas. O trabalho é quando o ser humano está mais conectado consigo mesmo e, na medida do possível, o ser humano precisa do ócio criativo, aquele momento de 'nadismo' para colocar seus sonhos e sua criação em dia e depois partir para enfrentar os leões reais.
Oito horas de trabalho por dia, oito de descanso e oito de diversão é uma boa e antiga fórmula, vinda lá dos operários ingleses do século XIX. É mentira que quem inventou o trabalho não tinha o que fazer e que o melhor é ficar horas assistindo os outros trabalharem.
Tomara que essa meninada esperta das startups, os estudiosos e administradores encontrem ocupação para os milhões que estão fora do mundo do trabalho. Tomara que se criem formas de tornar o trabalho e seu ambiente mais saudáveis e felizes. Doenças e licenças são ruins para todos, custam caro. Melhor prevenir. As empresas sabem que trabalhadores felizes produzem mais e melhor. No Japão e outros países algumas empresas tem intervalo para ginástica, meditação etc. Bom, já fiz a minha tarefa. Se não está melhor, não é por falta de experiência. Há trinta anos escrevo aqui. Trabalhe feliz como uma criança até o que der. Faça como os japoneses, não se aposente totalmente. Mexa-se, ocupe-se. Labor omnia vincit - O trabalho vence tudo: estava e está escrito no prédio do meu colégio em Bento Gonçalves. Fui. (Jaime Cimenti)