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Jaime Cimenti

Jaime Cimenti

Publicada em 31 de Janeiro de 2024 às 19:24

A passagem do tempo e as relações humanas

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Jaime Cimenti
Três (Editora Intrínseca, 528 páginas, R$ 89,90, tradução de Sofia Soter) é o novo romance da francesa Valérie Perrin, autora do fenômeno editorial Água fresca para as flores, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca e que vendeu mais de 2 milhões de exemplares em vários países. Em síntese, a alentada e densa narrativa de Três trata de três amigos unidos pelo destino, em uma amizade que nada parecia capaz de arruinar, exceto a vida e o tempo, implacáveis.
Três (Editora Intrínseca, 528 páginas, R$ 89,90, tradução de Sofia Soter) é o novo romance da francesa Valérie Perrin, autora do fenômeno editorial Água fresca para as flores, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca e que vendeu mais de 2 milhões de exemplares em vários países. Em síntese, a alentada e densa narrativa de Três trata de três amigos unidos pelo destino, em uma amizade que nada parecia capaz de arruinar, exceto a vida e o tempo, implacáveis.
Valérie Perrin, fotógrafa e roteirista que nasceu em Remiremont e cresceu na Borgonha, depois do primeiro romance best-seller Les Oubliés du dimanche em 2015 e do estrondoso sucesso de Água fresca para as flores, recebeu muitos prêmios e foi publicada em mais de trinta idiomas.
Três trata de Adrien, ingênuo, Étienne, rebelde e Nina, a emotiva, bem diferentes, que se conheceram na escola em 1986. Tinham dez anos e viviam juntos, inclusive na piscina, no interior da França, trocando confidências. Prometeram sair de lá e ir para Paris, onde viveriam de música. A infância fica para trás, os percalços da vida acontecem e eles, quando adultos, acabam se tornando como estranhos uns para os outros.
Um carro encontrado no fundo de um lago, uma jornalista com passado enigmático e aí se iniciam uma investigação sobre o caso e reflexões sobre a antiga relação entre os três amigos. Uma sequência de acontecimentos e mistérios que se estende por três décadas é revelada e o destino dos três volta a se cruzar. A narrativa sensível, envolvente e cheia de reviravoltas e acontecimentos inesperados traz discussões sobre temas atuais, como machismo, identidade de gênero e relacionamentos tóxicos e, como nos romances anteriores, e a autora reflete sobre a passagem do tempo, os relacionamentos e as escolhas que moldam nosso caminho.
 

Lançamentos

Cenas de um futuro socialista (Avis Rara, 128 páginas, R$ 39,90), de Eugene Richter (1838-1906), político e jornalista alemão, defensor do liberalismo, obra clássica que precedeu 1984 e Admirável Mundo Novo, é uma distopia sobre a Alemanha escrita em 1890, prevendo regimes autoritários na Europa, como o da Alemanha Oriental.
Caibalion - A viagem da vida (Hanoi Editora, 48 páginas, R$ 46,00), de Lúcia Helena Galvão, filósofa, escritora e professora, reúne os sete Princípios Herméticos para crianças, orientando-as a lidarem com as transformações munidos de inteligência emocional. O livro nasceu de prática com jovens na Nova Acrópole, destinada a tornar a filosofia acessível a todas as idades.
Círculo de Sangue (Carta Editora, 192 páginas, R$ 59,00), do jornalista e correspondente internacional Tom Belmonte, ficção policial envolvente narrada com destreza, traz um crime surpreendente na Porto Alegre de 2001, com o Fórum Social Mundial como pano de fundo e revelando a desintegração moral e ética de uma família.
 

Impresso ou digital?

Há quem diga que o jornalismo impresso está com os dias contados. Será? Em primeiro lugar, é bom lembrar que geralmente uma mídia não necessariamente substitui a outra. Por exemplo, o rádio, a TV, o cinema e outras mídias não substituíram o livro impresso, que segue aí, depois de quase quinhentos anos. A venda de e-books não aumentou de forma significativa, ao contrário do que se previa. Dizer que o jornal digital vai acabar com o impresso e que todo mundo vai ler jornal no celular é conversa, no mínimo, precipitada e mesmo exagerada.
As pessoas têm todo o direito de escolher que mídia preferem e é bom que seja assim. Claro que nas últimas décadas houve avanços na comunicação digital, em conteúdos e números, que afetaram e afetam os jornais impressos, suas formas e conteúdos e os números relativos à circulação. O que mata o impresso não é a mídia digital e, sim, a irrelevância. Algumas referências globais importantíssimas como o The New York Times, Financial Times e Washington Post, no jornalismo, e The Economist e Harvard Business Review, nos negócios, para ficar em apenas algumas, mostram que vale o conteúdo, a importância e não simplesmente a forma de comunicação.
Num mundo marcado pela comunicação digital, com suas novas plataformas, seus novos conteúdos e sua presença instantânea em nível global, dia e noite, é preciso constatar e refletir que grandes referências culturais, políticas, econômicas e de negócios seguem utilizando mídia impressa, pelas características que a tornaram importante e fundamental através dos séculos.
As pessoas que gostam de jornais impressos são as que preferem o método tradicional de publicação, o gosto por folhear as páginas, o rigor na apuração, a autoridade e a veracidade do papel, os conteúdos, análises e opiniões mais densas e elaboradas da mídia impressa. Acima de tudo, são leitores que priorizam os sentidos: a visão, o olfato e o tato são laços afetivos antigos e essenciais para quem gosta de sentar-se e ler calmamente o jornal impresso, enquanto toma café ou chimarrão.
A mídia digital fascina por alguns benefícios: a instantaneidade, a facilidade e rapidez das atualizações, a leveza dos conteúdos em frases curtas e simples, o uso de links e a possibilidade maior do leitor em interagir. Em contrapartida, a mídia digital é território mais favorável para as famigeradas fake news e para a publicação de material que não foi objeto de checagem ou de tempo para ouvir os dois ou mais lados dos fatos e notícias.
Portanto, é claro que se sabe que as tiragens dos jornais impressos diminuiu muito nos últimos anos e que aumentou o número de leitores das mídias digitais, mas a questão não é de um acabar com o outro e, sim, de ser relevante, verdadeiro e necessário para os leitores. Como se disse, cada pessoa tem o direito de escolher sua mídia, que, espera-se, impressa ou digital, entregue boa informação, análise e comentário úteis para os leitores.
 

A propósito

Num momento em que tanto se enfatiza a inteligência artificial, tão inevitável quanto o futuro campeonato do Inter, e numa hora de desafios da capacidade crítica, analítica e criativa dos redatores, editores, autores e leitores, é bom constatar que grandes inteligências, referências e autoridades ainda estão dando ótimas impressões no impresso. É bem o caso do nosso querido Jornal do Comércio, noventão lépido, Jornal de Verdade, que não é moderno, é eterno e tem leitores fiéis e altamente qualificados, das versões impressa e digital.

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