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Jaime Cimenti

Jaime Cimenti

Publicada em 07 de Dezembro de 2023 às 18:08

Limites da genética e da tecnologia em thriller impactante

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Jaime Cimenti
Upgrade (Editora Intrínseca, 304 páginas, R$ 69,90, tradução de Ulisses Teixeira), de Blake Crouch, consagrado roteirista e autor best-seller do New York Times, mostra, em thriller verdadeiramente impactante, o próximo passo da evolução humana, apontando limites da genética e da tecnologia.
Upgrade (Editora Intrínseca, 304 páginas, R$ 69,90, tradução de Ulisses Teixeira), de Blake Crouch, consagrado roteirista e autor best-seller do New York Times, mostra, em thriller verdadeiramente impactante, o próximo passo da evolução humana, apontando limites da genética e da tecnologia.
Autor da famosa trilogia Wayward Pines, que originou série de TV do mesmo nome, Blake é um dos mais importantes nomes da ficção científica contemporânea e seus livros já foram traduzidos em mais de trinta idiomas, com mas de um milhão de exemplares comercializados.
Em Upgrade o tema central é até que ponto o avanço cada vez mais veloz da ciência pode mudar nossas vidas. Na obra, Blake, autor de Recursão e Matéria escura, volta a discutir os impactos da tecnologia na humanidade e suas consequências irreversíveis.
Na trama, o agente Logan Ramsay, na madrugada, entra num laboratório clandestino à procura de provas de um crime, sem fazer ideia que sua vida iria mudar. Um som estranho, uma explosão e silêncio. Logan acorda num leito de hospital, sendo atendido por profissionais usando trajes de proteção biológica, enquanto sua esposa e filha o observam através de uma barreira de vidro.
Ele foi infectado por um vírus que modifica estrutura genética, embora os exames nada tenham detectado. Depois da febre e da dor, Logan começa a enxergar o mundo com mais clareza. Se sente mais forte, mais inteligente, mais rápido e suas habilidades aumentam a cada dia.
Algo revolucionário está em curso, capaz de mudar a própria definição de humanidade. Logan é o único que pode deter a catástrofe iminente e impedir a morte de milhões de pessoas, ainda que para isso precise confrontar seu passado sombrio, desafiar o governo e se transformar em algo que jamais imaginou.
Logan protagoniza uma narrativa empolgante, que explora as implicações éticas e sociais da tecnologia e questiona os limites da humanidade e nosso infinito potencial.
 

Lançamentos

Toyota by Toyota (Estação Liberdade, 240 páginas, R$ 87,00), organizado por Samuel Obara e Darril Wilburn, destacados empresários, traz textos deles e de outros homens de empresa que tiveram experiências cotidianas na Toyota, mostrando as técnicas que revolucionaram a indústria a partir de líderes que aprenderam na fonte.
Bowie - Uma biografia (L&PM Editores, 168 páginas, R$ 69,90, tradução de Sérgio Karam), de Maria Hesse e Fran Ruiz, com lindas ilustrações em cores, traz todos os aspectos da vida do cantor, que vendeu 136 milhões de discos, experimentou muitos estilos e definiu a cultura pop, com canções como Starman, Space Oddity e Let's Dance.
Todos nós estaremos bem (Dublinense, 192 páginas, R$ 59,90), do premiado escritor Sérgio Tavares, autor de Cavala, Prêmio Sesc de Literatura, traz a vida de Roberto, empresário que enriqueceu durante a ditadura e vive imerso em obsessões sexuais por homens, mentindo para a esposa, ex-guerrilheira do MR-8. Eles lutaram por liberdade, mas não estavam prontos para ela.
 

Kissinger, o cara e a cara do Século XX

Poucas pessoas, ou quem sabe nenhuma, marcaram as últimas décadas da história mundial como Henry Kissinger, falecido em 29 de novembro deste ano. Com sua atividade acadêmica, suas ideias, palestras e livros e sua atuação diplomática fundamental para as relações entre Estados Unidos, União Soviética, China, Vietnã e países do Cone Sul, Kissinger, ao mesmo tempo que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1973, se viu envolvido em controvérsias sobre o bombardeio secreto dos EUA no Camboja.
Kissinger, que foi Secretario de Estado dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, era conhecido como Mr. Fix It, e gostava de frases como "o poder é o afrodisíaco definitivo" e "se você não sabe para onde vai, todos os caminhos o levarão a lugar nenhum". Convenceu a China a se abrir para a economia de mercado, aproveitando habilmente a crise entre a China e a URSS.
Amado e odiado, charmoso, elegante, controverso, inteligente e poderoso, Kissinger em público, dizem, falava coisas bem diferentes do que no privado. Normal para um século tão cheio de narrativas.
Kissinger - 1923-1968: o idealista (Crítica-Planeta do Brasil, 1008 páginas, R$ 229,90, tradução de Solange Pinheiro, Cláudia Santana e Angela Tesheiner), primeiro volume da biografia assinada por Niall Ferguson, que é um dos mais célebres historiadores do mundo, mostra as origens do menino judeu alemão que tornou-se imigrante pobre em Nova York e depois soldado na Batalha das Ardenas, interrogador de nazistas e estudante de história em Harvard, onde depois foi professor durante 15 anos.
Depois foi conselheiro de John Kennedy, Nelson Rockefeller e Richard Nixon, antes de tornar-se Secretário de Estado de Nixon e Gerald Ford. Partindo de registros confidenciais de Kissinger o historiador, que também utilizou documentos de mais de cem arquivos ao redor do mundo, escreveu o que vem sendo considerada uma obra-prima que reconstrói toda uma era, da qual o diplomata era um dos principais - senão o principal - protagonista.
A obra mostra os primeiros cinquenta anos de Kissinger como se fosse um romance de formação, com uma educação em cinco etapas. A primeira foi a experiência do jovem Kissinger com a tirania alemã, a democracia norte-americana e a guerra mundial. A segunda foi a descoberta do idealismo filosófico e depois do conhecimento histórico em Harvard, e sua primeira aplicação em "Boswash" daquelas ideias acadêmicas no novo campo da estratégia nuclear. A terceira etapa foi a dura lição de realidade política que ele recebeu em Washington durante os anos vertiginosos e arriscados da administração Kennedy. Então veio a quarta etapa, a partir da prática, do novo tipo de guerra que estava sendo travado no Vietnã. A quinta etapa, em Paris, fez Kissinger aprender o que era ser ludibriado diplomaticamente. Nas primeiras etapas a obra refere que o mentor de Kissinger foi Fritz Kraemer, seu Mefistófeles, e, depois, William Elliott, o idealista do sul dos Estados Unidos, formado em Oxford.
 

A propósito

Nenhum estadista norte-americano foi tão reverenciado e criticado como Henry Kissinger. Muitos o consideravam um "homem indispensável", cujos conselhos foram requisitados por todos os presidentes desde Kennedy a Obama. Muitos críticos hostis o consideraram um estrategista maquiavélico amoral, com seu sangue-frio e sua realpolitik. É claro que a pátina do tempo precisa cair sobre ele e sua história para julgamentos mais serenos, mas o certo é que, para entender as últimas décadas do mundo, é essencial estudar todos os passos de um diplomata que esteve no centro de tudo.

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