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Livros

- Publicada em 19 de Outubro de 2023 às 17:39

Fobias, manias, você tem medo de quê?

Quem de nós não se sentiu angustiado por ter de falar em público? Muitos odeiam grandes alturas ou locais apertados, e uns compram livros, roupas, automóveis e objetos que não precisam. Tem os que morrem de medo de aranhas, cobras e outros bichos. Há os que ficam em pânico se estão a mais de metro de seus celulares.
Quem de nós não se sentiu angustiado por ter de falar em público? Muitos odeiam grandes alturas ou locais apertados, e uns compram livros, roupas, automóveis e objetos que não precisam. Tem os que morrem de medo de aranhas, cobras e outros bichos. Há os que ficam em pânico se estão a mais de metro de seus celulares.
O livro das fobias e manias (Editora Intrínseca, 320 páginas, R$ 59,90), da experiente jornalista e escritora best-seller Kate Summerscale, autora de seis livros, é um guia que mostra 99 obsessões para entender a mente humana. Desde o medo de tomar banho até o medo de florestas, passando por beatlemania, mitomania, odontofobia, homofobia e mania do riso, entre outros, Kate vai da pré-história até nossos loucos tempos atuais e traça um grande, profundo e instigante panorama das fixações que transformam nossa percepção da realidade.
Mesclando fatos históricos, curiosidades inusitadas e exemplos de figuras célebres como Salvador Dali e Stephen King, Kate mostra com abordagem didática e linguagem clara como nossos temores e manias moldaram a sociedade em que vivemos, em diferentes aspectos. Mostrando exemplos de filmes como O Iluminado e Tubarão, histórias insólitas e descobertas científicas, a autora explora as diferentes facetas de nossas obsessões e de que modo elas transformam e encantam o mundo.
A fobia social, identificada pelo psiquiatra George Miller Beard em 1880 e reconhecida pela Associação Norte-Americana de Psiquiatria como transtorno em 1980 é tratada no livro, bem como a ergofobia (aversão ao trabalho) e a oneomania, a mania de comprar, para quem ainda pode.
Com tom irônico, histórias bizarras e surpreendentes, informações sérias e relevantes e mil detalhes sobre as compulsões da humanidade , a obra é uma mão na roda para enfrentar o momento e para debater com algum psicoterapeuta da charmosa rua Fobias da Silva. Os terapeutas se situavam mais no Largo da Loucura, na frente da Santa Casa, mas hoje estão pela cidade toda, ajudando os atarantados viventes.
 

Lançamentos

• Luiz Coronel - o gentil homem de letras (Bestiário, 118 páginas, R$ 48,00), do consagrado professor , articulista e escritor Eduardo Jablonski, aborda a grande produção literária de Coronel, a forma como usa a imagem e a temática que dialoga com o tradicionalismo , em forma de poesia, música, causos humorísticos e crônica memorialista.
• Crônicas para ler com calma - 2 (Editora Escuna, 116 páginas, R$ 50,00), textos de Ari Teixeira, Cintia Lopes Castro Lucho, Erika Hanssen Madaleno, Gilberto Jasper, Glei Soares, Indaiá Dillenburg, Ivani Schütz, Jaime Cimenti, Marcelo Villas-Boas, Milton Gerson, Ricardo Azeredo e Vera Helena Guimarães, tem lançamento 26/10, Rua Saldanha Marinho 132, 19h.
• Equatoriais (Maralto, 160 páginas, R$ 44,90), do premiado antropólogo e escritor Maurício de Almeida, autor do romance A instrução da noite (Prêmio SP Literatura - 2017), traz contos que falam de amor, afeto, povos originários e estradas que cortam o Brasil, com lirismo e o testemunho sobre pessoas, paisagens e histórias de nosso Brasil. 

Silêncio, palavras, brigas, diálogo?

Alguns acham que tudo isso que está aí, esse mundão todo, que precisa sempre ser mudado, começou há apenas 13.5 bilhões de anos, com o tal Big Bang. O Big Ben não existia naquele tempo para marcar a hora certa. A matéria, a energia, o tempo e espaço surgiram do Big Bang e a partir daí "evoluímos" até sermos estes macacos de terno e gravata, portando iPhones e dotados da maluquice beleza que andam por aí.
Como sou democrático, plural, transparente e humano, e como não quero encrenca, cedo espaço nesta crônica aos ilustres criacionistas. Pois, segundo o Gênesis, primeiríssimo livro da Bíblia, no começo Deus criou o céu e a terra. A terra era um grande vazio, sem nenhum ser vivente e um mar profundo a cobria. A escuridão cobria o mar e o espírito de Deus se movia por cima da água. Bom, aí Deus começou a falar, apareceu o verbo. A verba veio bem depois, mas não botem a culpa nele.
Deus disse: que haja luz! Separou a luz e a escuridão e criou o dia e noite. Deus seguiu falando, dividiu as águas, criou os seres vivos, os pets, os humanos e no sétimo dia descansou. Depois que Deus quebrou aquele maravilhoso silêncio da natureza, deu no que deu.
Não quero discutir, cada um acredite no que quiser. Uns dizem até que foi Deus que criou o Big Bang e pronto. Boto fé na ciência, ciência na fé e vou adiante, não sei bem por quê e nem para onde. A resposta é a procura pela resposta. Eu não digo nada, estou em tempo de silêncio, depois desse período eleitoral babélico. Muitos quebraram o silêncio para ficar quebrando a cara e a paciência dos outros. A linguagem pode ser a fonte de mil mal-entendidos. Ou não.
Dizem os orientais que temos duas orelhas e uma boca , que é melhor ouvir duas vezes mais do que falar. As palavras são de prata, o silêncio é de ouro, diziam os antigos. Meu pai era italiano e de vez em quando, meio zen, me dizia que, muitas vezes, a melhor maneira de ganhar uma discussão era não começá-la. Silêncio, palavras, uns dizem que as melhores partes dos psicoterapeutas e mesmo dos humanos são os ouvidos. Quando os psis ou nós falamos, o outro se dá conta de que todos andamos meio perdidos .
Palavras nos aproximam e nos afastam. Na velocidade leporina destes tempos barulhentos, ouvidos e silêncios estão em baixa. As pessoas querem mais dançar do que ouvir música. Os sons das aporrinholas eletrônicas e as "composições" dos DJs servem para isso, para anestesiar os ouvidos e botar a galera para sacudir o esqueleto. Escutar, então, parece ter ficado em algum lugar do passado, parece um verbo que se enclausurou num velho dicionário de papel, desses que quase ninguém mais abre.
Em boca fechada não entra mosca, dizia-se. Mas quem está interessado em ficar de boca fechada? De mais a mais, na Tailândia comem moscas e tudo o que se mexe, como gafanhotos, cupins e formigas. Qual o problema? Abra a boca, coma mosca, seja um ser globalizado.

A propósito

Passada aquela eleição tipo plebiscito muito louco, do terrível Fla-Flu de várzea profunda, com os times Arranca Tôco e Quebra Canela batendo acima e abaixo da linha de cintura, quem sabe a gente toma tento, vergonha e paciência e conversa decentemente. Quando um burro fala, o outro murcha as orelhas. Passou a etapa da regra sem regra. Um ciclo se fechou. Novas esperanças, planos e prazos para o parto do Brasil, que segue mais demorado que atendimento no SUS. Palavras agregadoras, silêncios eloquentes, escutas caninas e diálogos produtivos, quem sabe? O mundo ainda não acabou, parece. A História é uma criança e a democracia é a própria democracia, se renovando feito fênix, mais comprida que esperança de pobre e bombacha de alemão.