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livros

- Publicada em 27 de Abril de 2023 às 18:05

Tailor Diniz, personagens, tramas e memórias

Erico Verissimo escreveu que os bons personagens são os que criam vida própria, se libertam do autor-criador e saem por aí a fazer das suas e a dizer o que bem entendem. Nestes tempos de literatura pós-moderna a ficção dialoga com a ficção, os livros com os livros, as autores com os autores e personagens, temas e autores andam por aí, embolados, na memória inventada ou não, onde, se sabe as coisas acontecem muitas vezes.
Erico Verissimo escreveu que os bons personagens são os que criam vida própria, se libertam do autor-criador e saem por aí a fazer das suas e a dizer o que bem entendem. Nestes tempos de literatura pós-moderna a ficção dialoga com a ficção, os livros com os livros, as autores com os autores e personagens, temas e autores andam por aí, embolados, na memória inventada ou não, onde, se sabe as coisas acontecem muitas vezes.
Isso tudo vem a mente com a leitura da narrativa envolvente e bem estruturada de Novela Interior (Quintal de Letras, 132 páginas), novo romance do consagrado e premiado escritor, jornalista e roteirista Tailor Diniz. Tailor escreveu, entre outros, os romances Em linha reta (seminfinalista do Prêmio Oceanos), Transversais do Tempo (Prêmio Açorianos) e A superfície da sombra, traduzido na Bulgária e adaptado para o cinema em 2017, com direção de Paulo Nascimento. Tailor recebeu prêmios por roteiros nos festivais de Gramado e Brasília.
Um escritor sexagenário decide aposentar-se da escrita, mudar-se para a cidade natal e viver confinado em um galpão, sem computador, blocos de anotações, canetas e tendo apenas o silêncio e um cachorrinho como companhia. Já na primeira noite as crises de abstinência e personagens duvidosos aparecem. Um deles vai contando histórias que envolveram o escritor, quando adolescente, em meio a um escândalo sexual.
O escritor vai descobrir, por si próprio e pelos "personagens" coisas que não sabia sobre ele e sobre estonteantes acontecimentos que ocorreram em 1972 na cidadezinha natal. Uma história vai puxando a outra, uma lembrança vai trazendo outra e nas páginas finais tudo, ou quase tudo, vai ficar esclarecido. Metáforas e comparações entre aqueles tempos de repressão e censura e os tempos atuais brotam nas páginas repletas de suspense do romance, e o leitor poderá refletir sobre a história, a criação literária e, principalmente, poderá participar com prazer do jogo que se estabelece entre o autor e seus pesonagens. Uma vez mais Tailor mostra que tem o que narrar e sabe como fazê-lo.
 

Lançamentos

  • A lógica da economia - Ensaios sobre mercado e as leis invisíveis que organizam a sociedade (Avis Rara - Faro Editorial, 96 páginas, R$ 34,90), de Fréderic Bastiat, grande jornalista, traz quatro ensaios sobre imprudência econômica e o verdadeiro papel do estado, justiça dos juros, dinheiro e riqueza e natureza do capital. É um manual de sobrevivência no Brasil.
  • As cidades condenadas - Condemned Cities (Invencionática-Bestiário, 132 páginas), do premiado poeta, médico e tradutor José Eduardo Degrazia, coletânea de poemas, recebeu o Prêmio Internacional Aco Karamanov e tem versos sobre a vida, o tempo e as muitas cidades do mundo que o poeta visitou e observou com olhos diversos.
  • Nos céus de Paris - O romance da vida de Santos Dumont (L&PM Editores, 288 páginas, R$ 33,90), romance biográfico do grande e premiado escritor Alcy Cheuiche, mostra a fascinante trajetória do Pai da Aviação, desde a Serra da Mantiqueira, interior de Minas Gerais, até a conquista de Paris, onde é reverenciado até hoje.

E palavras

Nova perspectiva sobre o liberalismo e a Bíblia, por Robert A. Sirico

Como sabemos desde sempre, a força das parábolas bíblicas ultrapassa, em muito, as meras crenças individuais, são atemporais e universais. Jesus , através delas, desafia a enxergar a realidade de modo transcendental , de modo que se as mesmas coisas fossem ditas de modo literal, talvez não perpassassem o temo, nem mesmo tivessem a mesma capacidade de fazer refletir. Com as parábolas Jesus nos convida a refletir sobre a nossa vocação individual, a importância e a beleza do trabalho árduo, do uso do nosso potencial criador em favor da sociedade.
Em sua nova obra, A Economia das Parábolas (LVM Editora, 184 páginas, R$ 44,00, tradução de Matheus Pacini) o internacionalmente consagrado Padre Robert A. Sirico, presidente emérito e co-fundador do Action Institue, que tem sede em Michigan, em síntese, apresenta uma perspectiva nova sobre o liberalismo e a Bíblia.
Robert A. Sirico durante seus estudos e início do ministério preocupou-se com a falta de treinamento que os alunos de estudos religiosos recebem em princípios econômicos fundamentais, deixando-os mal equipados para entender e abordar os problemas sociais de hoje. Sirico fundou o Acton Institute com Kris Alan Mauren em 1990 e em 1999 recebeu doutorado honorário em Ética Cristã da Franciscan University if Steubenville e em 2002 Universidade Francisco Marroquin concedeu-lhe doutorado honorário em Ciências Sociais. Sirico faz parte do Conselho de Consultores do Civic Institute em Praga e serviu na Comissão de Direitos Civis de Michigan de 1994 a 1998.

Apresentando treze parábolas bíblicas na obra, o Padre Sirico revela que os contos que Jesus usava em sua pedagogia evangelizadora chancelavam, por exemplo, princípios como a prática do livre comércio, a dignidade através do mérito do trabalho, a propriedade privada e o lucro através de um justo acordo de mercado
O Padre Sirico argumenta e contrasta as atuais leituras socialistas dessas parábolas com uma nova e esclarecedora hermenêutica dos textos sagrados. Sirico mostra que Cristo e as Sagradas Escrituras autenticam valores como o direito à propriedade, a liberdade individual e o mérito pelo trabalho.
No prefácio à edição brasileira da obra do Padre Sirico, Antonio Cabrera Mano Filho, Presidente do Instituto Fé e Trabalho, escreveu: "A obra apresenta uma abordagem profunda e consistente, destacando a importância da liberdade econômica como um meio fundamental para que as pessoas possam desenvolver seus talentos e habilidades empreendedoras. O autor argumenta que a liberdade econômica não é apenas um direito humano fundamental, mas também um meio para que o homem possa contribuir com Deus na criação, buscando realizar suas potencialidades em prol da sociedade."
As parábolas escolhidas pelo Padre Sirico têm uma dimensão econômica óbvia e revelam muito sobre a forma como vivemos e a forma como deveríamos viver.

A propósito

No posfácio do livro, o autor traz ainda um ensaio completo sobre a relação entre catolicismo, socialismo e o liberalismo, deixando claro que a tese central do livro é a que o livre mercado e a filosofia liberal, em sua essências, estão em consonância com as virtudes cristãs milenares. Enfim, como se vê, estamos diante de uma obra que não somente quebra paradigmas diante de um cristianismo socialista tipicamente latino-americano, como também oferece-nos uma nova chave de leitura cristã da sociedade. Em síntese, é uma obra ao mesmo tempo disruptiva para a mente e acalentadora para o espírito contemporâneo. Com criatividade consistente, o Padre Sirico nos dá consciência e esperança.