Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Livros

- Publicada em 05 de Abril de 2023 às 19:24

Nova Déli, 2004: prazer, dinheiro e vingança

A era imoral (Editora Intrínseca, 560 páginas, R$ 89,90, tradução de Marcello Lino) romance da jornalista e escritora indiana Deepti Kapoor, autora de A Bad Character, mostra novamente as qualidades literárias da autora. A obra teve seus direitos adquiridos para mais de vinte países e será utilizada pela FX e Fox 21 para adaptações para cinema e televisão. A empolgante narrativa inicia em Nova Déli, em 2004, quando cinco pessoas são mortas por uma Mercedes em alta velocidade. O carro pertence a um homem rico, um príncipe indiano, mas assim que a poeira baixa, quem é visto ao volante é seu jovem funcionário. Um estado de choque, ele é incapaz de explicar a série de eventos que culminou no crime que acaba de acontecer – ou de prever a trama sombria que está prestes a se desenrolar. Com ótimo equilíbrio entre saga familiar e thriller, o romance trata com maestria o tempo e as perspectivas da narrativa e conta com detalhes e muita ação sobre o jovem e pobre funcionário Ajay e seu patrão, o playboy colunável Sunny Wadia, que quer superar as façanhas do pai, chefe da amada e temida família Wadia. Sunny quer destronar o pai, mas sabe que não tem a mesma fibra do velho e, mesmo assim, não quer abandonar a ambição. Como parte essencial da trama, está a curiosa jornalista Neda, que se vê envolvida entre o tédio das restritas ambições da classe média, uma paixão e a possibilidade de violar os valores morais que sempre conheceu. Em meio às reviravoltas e tragédias, a conexão entre os prês pode tanto forjar uma rota de fuga, quanto provocar uma destruição irremediável. A era imoral é, sem dúvida alguma, um épico veloz e impactante, que além de falar da Índia contemporânea, mostra os elementos básicos do desejo no mundo em que vivemos: riqueza, prazer, poder e vingança. O prazer e o dinheiro nunca mandaram tanto em tudo, especialmente nos suntuosos ambientes de Nova Déli. O romance foi comparado, sem exagero, ao lendário O Poderoso Chefão, sucesso na literatura e no cinema. Deepti Kapoor é uma excente contadora de histórias.
A era imoral (Editora Intrínseca, 560 páginas, R$ 89,90, tradução de Marcello Lino) romance da jornalista e escritora indiana Deepti Kapoor, autora de A Bad Character, mostra novamente as qualidades literárias da autora. A obra teve seus direitos adquiridos para mais de vinte países e será utilizada pela FX e Fox 21 para adaptações para cinema e televisão.
A empolgante narrativa inicia em Nova Déli, em 2004, quando cinco pessoas são mortas por uma Mercedes em alta velocidade. O carro pertence a um homem rico, um príncipe indiano, mas assim que a poeira baixa, quem é visto ao volante é seu jovem funcionário. Um estado de choque, ele é incapaz de explicar a série de eventos que culminou no crime que acaba de acontecer – ou de prever a trama sombria que está prestes a se desenrolar.
Com ótimo equilíbrio entre saga familiar e thriller, o romance trata com maestria o tempo e as perspectivas da narrativa e conta com detalhes e muita ação sobre o jovem e pobre funcionário Ajay e seu patrão, o playboy colunável Sunny Wadia, que quer superar as façanhas do pai, chefe da amada e temida família Wadia. Sunny quer destronar o pai, mas sabe que não tem a mesma fibra do velho e, mesmo assim, não quer abandonar a ambição.
Como parte essencial da trama, está a curiosa jornalista Neda, que se vê envolvida entre o tédio das restritas ambições da classe média, uma paixão e a possibilidade de violar os valores morais que sempre conheceu. Em meio às reviravoltas e tragédias, a conexão entre os prês pode tanto forjar uma rota de fuga, quanto provocar uma destruição irremediável.
A era imoral é, sem dúvida alguma, um épico veloz e impactante, que além de falar da Índia contemporânea, mostra os elementos básicos do desejo no mundo em que vivemos: riqueza, prazer, poder e vingança. O prazer e o dinheiro nunca mandaram tanto em tudo, especialmente nos suntuosos ambientes de Nova Déli. O romance foi comparado, sem exagero, ao lendário O Poderoso Chefão, sucesso na literatura e no cinema. Deepti Kapoor é uma excente contadora de histórias.

Lançamentos

  • O crime do bom nazista (Todavia, 128 páginas, R$ 59,90) romance mais recente do premiado escritor e tradutor Samir Machado de Machado tem incríveis personagens no zepelim que deixa Pernambuco em 1933 em direção ao Rio de Janeiro. Crime e mistério acontecem neste policial que lembra Agatha Christie e Arthur Conan Doyle.
  • Análise Econômica do Direito e da Propriedade (Editora Sorian, R$ 99,90) dos professores Manoel Valente Figueiredo Neto e Maria Carolina Rosa Gullo, da Universidade de Caxias do Sul, mostram, em síntese, que o direito e a economia são elementos indissociáveis da vida na sociedade organizada.
  • A Mulher Abandonada e O Coronel Chabert (L&PM Editores, R$ 44,00, 192 páginas) do genial Honoré de Balzac, romances que fazem parte de A Comédia Humana, são uma perfeita porta de entrada para o grande universo do autor, mostrando famílias, paixões, ouro, prazer e desilusões.

Rubem Braga, o maior cronista do Brasil

Pero Vaz de Caminha escreveu a primeira grande crônica do Brasil, a eterna Carta de Pero Vaz de Caminha, que é considerada a certidão de nascimento do nosso País. Nossa imprensa, desde os tempos coloniais e imperiais até nossos dias, sempre contou com grandes contistas como Machado de Assis, José de Alencar, João do Rio, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Rachel de Queiroz, Otto Lara Resende, Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Arnaldo Jabor, Zuenir Ventura, Clarice Lispector e muitos outros. Mas quem é considerado o maior cronista brasileiro de todos os tempos por muitos é o capixaba Rubem Braga (1913-1990). Em 62 anos de jornalismo escreveu mais de 15 mil crônicas.
A crônica é considerada um gênero literário bem brasileiro e Rubem Braga, com seu humor, lirismo, ironia e competência no manejo da língua brasileira, soube elevar a crônica a altos patamares literários. Os leitores, o tempo, a crítica e as academias seguem reverenciando o mestre que em 1936 lançou sua primeira coletânea de crônicas, intitulada O conde e o
passarinho. De julho a outubro de 1939 Rubem Braga trabalhou no Correio do Povo e na Folha da Tarde, onde publicava crônicas, que depois integraram um livro.
150 Crônicas Escolhidas – Rubem Braga (Global Editora, 416 páginas, R$ 69,00) com seleção e prefácio do crítico literário e ensaísta gaúcho André Seffrin, apresenta uma bela coleção de textos sobre amor, bichos, pessoas, política e protesto, guerra, artes, artistas e memória, entre tantos outros temas que Braga cultivou durante sua longa carreira de jornalista, editor e diplomata. Falando de uma borboleta, de amores e desamores, de políticos e de artistas, de importantes nadas do cotidiano e de tudo um pouco, Rubem Braga pousa seu olhar sutil e suas palavras apropriadas e originais. Falando do pavão, Braga conta que estudou sobre a ave e descobriu que aquelas cores todas não existem nas penas do pavão. Ao invés de pigmentos, existem minúsculas bolhas d`água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. “O pavão é um arco-íris de plumas” ensina o cronista, que gostava muito de flores, plantas e pássaros.
No prefácio André Seffrin escreveu: “No entanto, aqui temos centena e meia de crônicas, desta vez em blocos temáticos não estanques, em que atuam misturados o poeta lírico, o contador de histórias e o jornalista engajado, combativo, de franca oposição ao status quo. Mistura em que cabe ainda o memorialista intermitente, despertado por eventuais visões de objetos ou paisagens – ora em relevo elegíaco, ora repassado de ironia, como naquela crônica em que relembra um tormento: o intragável vício do cigarro. Na glória ou na miséria do trato humano, eis novamente o clássico cronista, árdego e íntegro no seu ruminar.”

A propósito

Braga escrevia lindas crônicas até e principalmente sobre a falta de assunto. Nos tempos doidos e doídos em que vivemos, os cronistas escrevem quase sempre pequenos artigos de opinião sobre pessoas, situações e temas que andam por aí. Não temos mais falta de assunto, temos assuntos, palavras, sons, imagens, palpites e tudo mais em excesso. Os cronistas não andam nas ruas observando, sentindo aromas e colhendo sensações e histórias. Eles ficam, na maior parte do tempo, garimpando nas redes sociais e no noticiário os temas que vão preencher a tela em branco. Mas Rubem Braga vive, assim como devem viver nossos encontros presenciais com as pessoas, os bichos e a natureza.