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Livros

- Publicada em 25 de Agosto de 2022 às 19:59

Liberdade de expressão, cancelamento e politicamente correto

Todo mundo acredita, no fundo, ser defensor da liberdade de expressão, mas sempre com algumas exceções. E aí começam as questões que envolvem interesses individuais e coletivos, indivíduos, empresas, instituições públicas e privadas, governos, cancelamentos diversos e o tal politicamente correto, que tantas celeumas causa. Contra toda censura - Pequeno tratado sobre a liberdade de expressão (Avis Rara - Faro Editorial, 224 páginas, R$ 49,90), de Gustavo Maultasch, diplomata e escritor, vem em boa hora para colaborar com esses temas tão atuais e complexos.
Todo mundo acredita, no fundo, ser defensor da liberdade de expressão, mas sempre com algumas exceções. E aí começam as questões que envolvem interesses individuais e coletivos, indivíduos, empresas, instituições públicas e privadas, governos, cancelamentos diversos e o tal politicamente correto, que tantas celeumas causa. Contra toda censura - Pequeno tratado sobre a liberdade de expressão (Avis Rara - Faro Editorial, 224 páginas, R$ 49,90), de Gustavo Maultasch, diplomata e escritor, vem em boa hora para colaborar com esses temas tão atuais e complexos.
Gustavo Maultasch é judeu, neto de sobreviventes do holocausto e há muitos anos tem refletido sobre a complexa relação entre liberdade de expressão e discursos extremistas. Ele foi Network Fellow do Edmon J Safra Center for Ethics, da Universidade de Harvard, é bacharel em direito pela Uerj, mestre em diplomacia pelo Instituto Rio Branco e doutor em administração pública pela Universidade de Illinois - Chicago.
O autor entende que para articular a defesa contra a censura, os defensores da liberdade de expressão precisam voltar aos fundamentos: afinal, por que a liberdade de expressão é tão importante? Por que não se deve confiar ao Estado a função de definir o que pode ou não pode ser dito? Quais os limites da liberdade de expressão? E por que é bom, para as próprias minorias e para a própria democracia, que se reconheça a liberdade de expressão inclusive para o discurso de ódio e de ataques às instituições democráticas?
Com clareza, precisão e utilização de exemplos históricos, o autor, depois de uma década de reflexões, trata destes temas e explica por que precisamos, agora, mais do que nunca, realizar um debate amplo e corajoso sobre o tema da liberdade de expressão.
A experiência norte-americana, a proibição do discurso de ódio prejudicando minorias, as restrições à liberdade prejudicando a democracia, as exceções, as fake news, o negacionismo, as redes sociais e a histeria da vanguarda são temas da obra, que, como se vê, é atual, importante e necessária.
 

Lançamentos

Chapéus, Coroas, Tiaras & Adornos (V.S.Záttera, 288 páginas, R$ 180,00), novo livro, em cuidadosa edição, da consagrada pesquisadora e especialista em indumentária Véra Stedile Zattera, apresenta estudos e fotos que mostram os objetos desde o Império Russo e a Europa até nosso chapéu gauchesco.

G.E. Tupi – Sonho de Guris & Outras histórias de Petrópolis (Editora Escuna, 108 páginas), de Piero D´Alascio, Flávio Dutra e Léo Ustárroz é um mergulho nos anos 1960, quando três garotos fundaram um time de futebol. Futebol varzeano e cenários e personagens do bairro estão na obra. Prefácio do ex-prefeito José Fogaça.

Vai Doer: Aventuras de Um Médico em Crise (Editora Intrínseca, 272 páginas, R$ 49,00), do britânico Adam Kay, ex-médico, comediante e roteirista, traz a loucura das cem horas semanais de trabalho de um jovem médico, com objetos bizarros, mil decisões rápidas e plantões malucos, entre outras aventuras.

Milton Nascimento, 80



Há quem diga, e devem ser muitos, que a música e o amor são as coisas mais próximas de Deus. Não há dúvida de que a música é das únicas linguagens realmente universais e que, quase sempre, está associada com o bem, a paz e às características mais angelicais do ser humano, que, como bem sabemos, também tem qualidades demoníacas. Sem histórias, sem poesia ou sem música, acho que não teríamos mundo e humanos dignos deste nome.

Nosso país é extremamente musical e dá para dizer que o samba, a bossa nova, a MPB, o sertanejo e outros gêneros musicais são dos maiores patrimônios que temos. Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Villa-Lobos, Ary Barroso, Cartola, Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Vinícius, Lupicínio e o maestro Tom Jobim, entre tantos outros, mostram nossa riqueza musical.

Nesse momento cabe destacar, se é que é preciso destacar, o grande, imenso Milton Nascimento, que depois de sessenta anos de carreira está se despedindo dos palcos, mas, felizmente, não se despede da música, como ele mesmo falou. Aos oitenta anos, Milton, nesse momento de tumultos sociais, econômicos, éticos e políticos, é uma benção para o Brasil e para os brasileiros, que precisam de união, paz, serenidade e busca de novos e bons rumos.

O povo sábio diz que a voz do povo é a voz de Deus, e a sábia Elis Regina disse que se Deus cantasse, cantaria com a voz de Milton Nascimento. Milton Nascimento, então, somando, é a voz de Deus e a voz do povo. Nos shows Milton diz que Elis foi o grande amor de sua vida, que tudo que faz é pensando nela e, numa entrevista, ele contou que certa vez cantou mais de vinte músicas para a Elis e ela não escolheu nenhuma. Aí ele mostrou Canção do sal, ela adorou, gravou e o resto é história e muito sucesso.

Com grande humildade, talento de tamanho amazônico e sensibilidade absolutamente ímpar, Milton cantou as suas raízes, suas aldeias e pessoas mineiras e ganhou o universo. É de nossos artistas mais mundiais e premiados, sempre colocando a arte, a liberdade e os melhores valores humanos como temas centrais de suas composições. Milton sempre cantou os amores, o desamor, a amizade, a importância das mulheres, as belezas de alguns tons de músicas religiosas e, quando foi preciso, especialmente nas suas letras, passou seus recados sobre questões políticas e sociais. Sua Travessia é uma de nossas canções mais importantes, ao lado de outras pérolas como Carinhoso, Aquarela do Brasil e Águas de Março.

Sem querer hierarquizar demais as coisas, e claro que a opinião é sujeita a críticas democráticas e é dada mais em tom de elogio, hoje dá para dizer que Milton Nascimento forma uma espécie de santíssima trindade brasileira com Villa-Lobos e Tom Jobim, no cenário de nossa grande história musical. Agora é esperar que Milton, depois de se despedir dos palcos, tenha saúde e paz e siga compondo, cantando e encantando por muitos anos, que disso muito precisamos.

A propósito



Voltando ao começo, nesta vida de Encontros e Despedidas, o amor e a música, junto com os amigos e a família, são as coisas mais próximas de Deus. Vamos comemorar bem os oitenta anos do Milton Nascimento, voz de Deus e voz do povo, que sempre colocou, com humildade, a arte e os bons valores acima de tudo. Tomara que a música, provavelmente nossa linguagem mais universal, siga contribuindo, ainda mais, para um planeta e seres humanos melhores. Num mundo ainda cheio de cacofonia, acordes dissonantes e seres desafinados, isso não é pouco. Vamos torcer para nossos administradores públicos e privados olharem, ao menos um pouco, para os exemplos que nos deixaram os maiores (e os menores) da música brasileira, uma das melhores do mundo. Precisamos de mais harmonia e afinação na regência.