Ano que vem vamos comemorar o bicentenário da fundação do Brasil e aí uma nova edição da obra clássica de nossa história O Império Brazileiro - 1822-1889 (Avis Rara - Faro Editorial, 288 pág, R$ 64,90) , de Oliveira Lima , vem em boa hora. Como se sabe, a obra de Oliveira Lima não é apenas fruto de pesquisas e análises, é um livro diferente, escrito por uma testemunha ocular muito especial desse período monárquico.
Manuel de Oliveira Lima (Pernambuco, 1867 - Washington, 1920), um dos mais notáveis historiadores brasileiros, foi escritor, diplomata e jornalista. Ele presenciou a chegada da família imperial vinda de Lisboa, representou o país em dezenas de países, atuou como professor em Harvard e foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras. Ele doou para a Universidade Católica da América, em Washington, sua biblioteca de 58 mil livros, seiscentos quadros, cartas trocadas com intelectuais e incontáveis álbuns com recortes de jornais.
Império Brazileiro é um retrato do país captado muito próximo ao fim do período monárquico e apresenta os momentos mais relevantes sobre a história da fundação do Brasil. É, sem dúvida, o livro mais completo, factual, verdadeiro e testemunhal do período. Oliveira Lima conviveu com Dom Pedro II, Rui Barbosa, Afonso Celso, Gilberto Freyre e Machado de Assis e o jornalista e política Barbosa Lima Sobrinho escreveu sobre ele: "Um incansável divulgador da história e da cultura do Brasil no estrangeiro". Gilberto Freyre escreveu: "O que animou a obra inteira de Oliveira Lima foi a visão do Brasil em sua projeção transatlântica; em sua vastidão continental; em suas relações com as outras duas Américas; e, não apenas considerado em sua realidade telúrica de conjunto de Brasis em profundidade, um deles Pernambuco."
Oliveira Lima revela inúmeros pontos-chave que foram importantes para a formação do Brasil. Testemunha confiável, traz materiais para os brasileiros que são bem diferentes daqueles que os cínicos e "humoristas" usam para retratar o período monárquico.
Lançamentos
- Em busca da Alma do Brasil (edição do autor, 480 pág) do psiquiatra e colunista Montserrat Martins e colaboradores, tem prefácio de Marina Silva e apresenta textos que retratam brasileiros de muitas regiões e emoções, uma colcha de retalhos de várias almas. Fotos em cores e em preto-e-branco estão na obra.
- Câncer de Mama - que bicho é esse? (Desdobra, 176 pág, R$ 49,90), do mastologista Fernando Vivian, desmistifica o câncer de mama, falando de forma didática e leve, mas ao mesmo tempo com a seriedade necessária. O livro tem ilustrações de Sérgio Lopes e prefácio de Gilmar Marcílio.
- Quem é a estrada? (Vienense, 256 pág), estreia em livro da conhecida jornalista e professora Fernanda Pandolfi, relata 270 dias de viagens por 37 países, em cinco continentes. Não foi uma volta ao mundo, foi uma volta nela mesma, disse ela, que aos trinta anos resolveu buscar autoconhecimento e realização.
Natal
Então é Natal! Os sábios e bem-humorados italianos dizem: "Natale con i tuoi, Pasqua e cappo danno con chi vuoi", ou seja, Natal é com os teus e Páscoa e Ano Novo com quem quiseres. Os amargurados dizem que família é bonita em álbum de retratos, que família é assunto impróprio para menores. Alguns se queixam de família muito grande, outros de família nenhuma. Uns se queixam dos parentes mortos e outros dos parentes que ainda estão muito vivos por aí. Melhor é bom relacionamento com familiares e amigos, cada um no seu quadrado, cada um com suas cruzes e estrelas. Uns moderninhos aí dizem que família hoje, em nossos dias de relações "líquidas", é um grupo de pessoas que, de vez em quando, dorme debaixo do mesmo teto. Há os que preferem arrumar irmãos, pais, primos e tios através de amizades. "Parentes do coração", dizem. Normal. Vínculos de sangue, de amizade, de sociedade, o importante é a parceria, seja como for.
Gosto de dar e receber presentes, panetones, champanha, nozes, peru, Papai Noel, festas de fim de ano e tudo mais. Acho que o espírito natalino vai sobrevivendo, mesmo com o consumismo e com os efeitos da pandemia. Espírito natalino para valer é São Francisco de Assis, Santa Madre Teresa de Calcutá, Betinho, Santa Irmã Dulce, Chico Xavier e outros grandes que mostravam, por vezes anonimamente, que Natal não é só em dezembro.
Claro, nós, humanos, seres (anjos) de uma asa só, precisamos dos outros para dar nossos pequenos vôos, carecemos de datas, referências, ritos e marcos para nos lembrarmos de dar beijos, abraços, presentes e sorrisos e para baixarmos um pouco a guarda utilizada nas lutas pelos pãezinhos de cada dia. E daí que o espírito de Natal mudou, que até a roupa e o jeito do Papai Noel não são os mesmos? Qual o problema?
Vida, movimento, renovação, nova natividade e o tédio sendo mandado para aquele merecido lugar. Não vou ficar aqui pregando que todo dia, todo mundo seja santinho, bonzinho e amorosinho. A gente sabe de nossos limites, que às vezes somos demasiadamente humanos. Sabe que na vida amamos de verdade poucas pessoas. Por isso nada de sermões, conversas chatas e torrar a paciência do próximo. Melhor torrar castanhas para a festa.
Óbvio que há momentos que devemos fazer como Jesus, dar umas chicotadas nos vendilhões dos templos e botar para correr alguns tipos de criaturas que sempre existiram, existem e existirão. Há momentos em que devemos lidar com os males de nós mesmos e aplicar uns corretivos. Ano que vem temos eleições e aí vamos ficar de olho nos partidos, nas ideias e nos políticos. A gente sabe que os velhos esquemas continuarão, mas a esperança é a última que morre.
O melhor mesmo é pensar, especialmente em fins de ano, que sempre vai haver espaço para uma melhoradinha básica. A perfeição, ao contrário de uma boa refeição, é muito chata. E a pressa, é bom lembrar, é inimiga da refeição e de um monte de coisas. Ninguém, nada é completo e definitivo.
A propósito...
Bom, então, dito tudo isso aos meus queridos e fiéis vinte e dois leitores, resta desejar muita saúde, refeições tranquilas, felicidade, sonhos sem limite, sono reparador, alegria, amor, sexo, muuuitaa graaaana, calma, boas e adequadas técnicas de respiração, banhos de vinho do Hotel SPA de Bento Gonçalves, muitas risadas, algumas lágrimas e tudo de bom e de novo para nós, depois desse ano meio complicado. Acima de tudo, desejo ótimos relacionamentos com familiares, amigos, colegas de trabalho e com todas as pessoas que vocês encontrarem, em especial com os mais humildes que te ajudam. Isso é o que interessa, como eu disse semana passada neste conhecido espaço. E vamos nos comportar bem! Mas não demais, né? Vai um pecadinho natalino aí? Ninguém é de ferro. Beleza!