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Coluna

- Publicada em 06 de Fevereiro de 2015 às 00:00

Petrarca, o modelo da poesia lírica


REPRODUÇÃO/JC
Jornal do Comércio
Este ano já começa com um desses lançamentos de peso: Cancioneiro, do gênio renascentista italiano Francesco Petrarca, com primorosa tradução do professor e escritor José Clemente Pozenato, autor do clássico romance O quatrilho. Pozenato também assina uma introdução em que relata a vida e a obra do poeta. A bela edição em capa dura (Ateliê Editorial e Editora da Unicamp, 534 páginas) conta com prefácio do professor, tradutor e poeta Armindo Trevisan, ilustrações de Ênio Squeff e centenas de utilíssimas notas de rodapé. A cuidadosa edição nasce já clássica e referencial e permite aos leitores brasileiros entrar em contato direto com uma das obras seminais da poesia universal.
Este ano já começa com um desses lançamentos de peso: Cancioneiro, do gênio renascentista italiano Francesco Petrarca, com primorosa tradução do professor e escritor José Clemente Pozenato, autor do clássico romance O quatrilho. Pozenato também assina uma introdução em que relata a vida e a obra do poeta. A bela edição em capa dura (Ateliê Editorial e Editora da Unicamp, 534 páginas) conta com prefácio do professor, tradutor e poeta Armindo Trevisan, ilustrações de Ênio Squeff e centenas de utilíssimas notas de rodapé. A cuidadosa edição nasce já clássica e referencial e permite aos leitores brasileiros entrar em contato direto com uma das obras seminais da poesia universal.

Esta obra-prima da literatura universal foi concluída por volta de 1370 e logo se colocou como o principal modelo de poesia lírico-amorosa no Ocidente. Sua primeira edição impressa data de 1470. Nos 30 anos seguintes, houve dez edições da obra, com diferentes títulos. Nela, o poeta nascido em Arezzo em 1304 abriu caminho para uma poesia do sentimento num jogo emocionante com a razão, com uma nova linguagem que há de solene, de quase escultural em Dante torna-se variado, por vezes esvoaçante, em Petrarca. A sorte favoreceu mais Dante, mas o fato é que Petrarca deixou marcas mais fundas na poesia do Ocidente, que perduram até hoje.

O tema central dos 366 poemas - são 117 sonetos, 29 canções, 9 sextinas, 7 baladas e 4 madrigais -, é o amor em vida e depois da morte de Laura. Mas há também poemas que nos situam no cotidiano do poeta, como o da velhinha, de manhã bem cedo, rodando seu tear. No grande poema não há personagens ou enredo. O que avulta é a grande aventura sentimental e poética de Petrarca.

Logo no início da apresentação, Armindo Trevisan cita a monumental História da Literatura Ocidental, de Otto Maria Carpeaux, que referiu que Petrarca era o primeiro lírico moderno e o mais original de todos os poetas líricos da literatura universal. Para Trevisan, Petrarca é o poeta que nunca morreu e que merece uma revisitação, e que a gente o reencontre na poesia contemporânea. Trevisan ressalta que Petrarca deve ser lido com novos olhos e, sobretudo, com novos ouvidos.

Enfim, a Ateliê Editorial e a Editora da Unicamp colocam nas mãos dos leitores brasileiros esse patrimônio da poesia universal. A nova e criativa tradução, que buscou a coloquialidade perseguida por Petrarca e que utiliza rimas “modernas”, torna Petrarca contemporâneo e vem acompanhada, adequadamente, das ilustrações que reconstroem uma visão do ambiente da poesia petrarquiana.

Lançamentos

  • Thomas Piketty e o segredo dos ricos (Editora Veneta, 144 páginas), com organização de Silvio Caccia Bava, tem artigos de Piketty, o famoso autor de O capital no século 21, e textos de Luiz G. Belluzo, Ladislau Dowbor, Kostas Vergopoulos e outros especialistas sobre as transformações do capitalismo no século XXI.
  • Do governo dos vivos - Curso no Collège de France 1979-1980, do francês Michel Foucault (1926-1984) - WMF Martins Fontes, 360 páginas - é a primeira das pesquisas que Foucault realizou no campo da ética, tanto nos cursos do Collège de France quanto nos últimos volumes de História da sexualidade.
  • Um diário do ano da peste (Artes e Ofícios, 286 páginas), do romancista inglês Daniel Defoe, autor dos clássicos Robinson Crusoe e Moll Flanders, é um modelo de novela-reportagem. Usa informações com rigor jornalístico e imaginação de ficcionista. Era um dos livros favoritos de Gabriel García Márquez.

E palavras...

Gilberto Werner e a paixão pelo Moinhos

O Moinhos de Vento é um dos bairros mais antigos e importantes de Porto Alegre. Muitos o consideram o mais charmoso e, atualmente, o metro quadrado de suas construções segue como um dos mais caros  da Capital. Unindo passado e presente, prédios residenciais e comerciais, mas sempre de olho no futuro, o Moinhos é um patrimônio de todos.

Moinhos de Vento – Memória e Reconhecimento (Edição do Autor, 126 páginas, com patrocínio da Goldsztein Patrimonial), do pesquisador e escritor Gilberto Domingues Werner, nascido e criado no bairro, traz dezenas de belas fotos em cores e em preto e branco da região, cedidas pela Fototeca Sioma Breitman, pelo Acervo Laudelino Medeiros e por Neila Sanches. As imagens permitem visualizar como era o Moinhos e como ele se apresenta nos dias de hoje. A beleza das áreas verdes e das construções, em especial os prédios da Hidráulica, de inspiração francesa, está bem retratada no livro, que certamente serve e servirá de apoio a estudantes, pesquisadores e leitores em geral.

A obra conta, também, com textos do autor, de Antoine de Saint Exupéry, Dante de Laytano, Sérgio Goldsztein e Mario Rozano, entre outros. Luiz Fernando Coufal, morador símbolo do bairro, um dos fundadores da lendária Confraria Listo da Padre Chagas e até hoje residindo nele, muito colaborou com o autor, assim como os demais integrantes da histórica confraria: Sérgio Mariante, Paulo Silveira Martins e Marcelo Coufal, entre outros. 

História, Chácara Mostardeiro, hipódromos, hidráulica, hospital alemão, baixada tricolor, Praça Júlio de Castilhos, Colégio Bom Conselho, Parcão, Associação Leopoldina Juvenil, Caixeiros Viajantes, Sociedade Germânia, rua 24 de outubro, Independência, Florêncio Ygartua e Sociedade Filantrópica Suíça estão no volume, que, diga-se, foi fruto da paixão e do amor que Gilberto Werner tem pelo Moinhos. 

Os gremistas vão adorar as várias páginas dedicadas à Baixada Tricolor, primeiro imóvel que o time adquiriu. Ocupado em 1904 e escriturado definitivamente em 1911, foi o primeiro campo do Grêmio e onde ele comemorou seu cinquentenário, em 1953. O local foi palco de muitas glórias, que a família tricolor certamente gostará de lembrar e relembrar. 

Também emociona a todos a história do Parcão, área desapropriada pelo prefeito Loureiro da Silva em 1962 e denominada Parque Moinhos de Vento pelo prefeito Telmo Thompson Flores em 1972. No local existia o Hipódromo do Moinhos de Vento. O último páreo foi em 15 de novembro de 1959, com vitória da égua Ouro Selva, do stud Ouronegro, de propriedade do sr. Arthur Germano Schiell, conceituado “turfman”. O Parcão, hoje, é dos nossos espaços mais simpáticos, saudáveis, elegantes e inspiradores. Ali marcham, trotam e galopam os cavalos da memória. Ali estão nossas memórias afetivas, os prazeres do presente e os tesouros do futuro.

O livro de Gilberto Werner permanecerá como registro histórico e amoroso do lugar onde ele viu pela primeira vez a luz do sol. Os leitores vão sentir isso, com certeza.

A propósito...

Bem que a prefeitura municipal de Porto Alegre poderia estabelecer uma política diferente em relação aos prédios listados como patrimônio histórico no Moinhos de Vento. Simplesmente listar e nada oferecer ou propor aos proprietários não é justo nem razoável. Melhor seria tombar ou não, ao invés de só listar e nada dar em troca. Melhor estabelecer uma legislação adequada e dialogar com os donos das casas, no sentido de que eles possam utilizar imóveis tombados ou não. Já é tempo de pensar nisso, para, paralelamente, preservar o patrimônio cultural e desenvolver o bairro. É o que se faz, com sucesso, no exterior. 
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