César é o título do volume V da aclamada série de romances históricos Senhores de Roma, da consagrada escritora australiana Colleen McCullough. A narrativa trata da trajetória de Caio Júlio César desde sua época como general de Roma até a tomada do poder. Colleen, neurofisiologista, trabalhou na Austrália e no Reino Unido antes de entrar para o Departamento de Neurologia da Escola de Medicina Clínica da Universidade de Yale, onde permaneceu por dez anos. Ficou famosa, anos depois, pelo romance Pássaros feridos (sete milhões de exemplares vendidos) e pela série Senhores de Roma. Mudou-se para a Ilha de Norfolk, no Pacífico Sul, em busca de tranquilidade. No Brasil, a Editora Bertrand já publicou os thrillers Liga, desliga e Assassinatos demais, ambos protagonizados pelo detetive Carmine Delmonico, chefe de polícia da pequena Holloman, em Connecticut. César traz à tona a paixão e a genialidade de um homem incomparável, numa escrita soberba, com riqueza de detalhes, mostrando toda a força e o fascínio do protagonista. O ano é 54 a.C., e o imperador César está devastando a Gália. Ao mesmo tempo em que suas vitórias são épicas, os conservadores líderes de Roma não estão satisfeitos. Na verdade estão apavorados. Até onde vai a ambição do mais brilhante soldado do império? Ele deve ser destruído antes que seja capaz de derrubar o governo romano e tomar posse como ditador. Quando Caio e o Senado o traem, César usa seu enorme talento e sua força contra a ingratidão romana. Apoiado por um exército leal e bem-treinado, ele marcha em direção a Roma. Mas antes de atingir seu objetivo, deve enfrentar Pompeu, o Grande, um formidável adversário, que o subestima. São tempos de grande tribulação para todos. Um mundo de intriga política, guerras, assassinatos, conquistas, alianças familiares e rivalidades apaixonadas formava o período mais famoso do Império Romano, muito bem retratado no romance de Colleen. Pompeu era o Primeiro Homem em Roma e genro de César, mas sabia que sua grandeza poderia estar por um fio. Cícero, com sua brilhante retórica, estava abalado pela ameaça de violência, e o povo romano estava ansioso por seu destino, que estava nas mãos de César e prestes a ser definido pelos enfrentamentos épicos. Enfim, a trajetória de um dos maiores estrategistas militares da história da humanidade e um período histórico ímpar estão na obra, que mereceu elogios da crítica especializada e acolhida do público. Editora Bertrand Brasil, tradução de Maria D. Alexandre, 840 páginas, mdireto@record.com.br.
Lançamentos
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Viver/sobreviver - As relações humanas na batalha pela vida, do empresário-empreendedor porto-alegrense Flávio Nascente dos Santos, mostra uma bela trajetória de vida e um exemplo notável de superação. O autor compartilha generosamente boas lembranças, grandes conquistas e convida a valorizar a vida. Editora Palomas, 132 páginas, telefone 3228-2900.
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Napoleão, biografia de Napoleão Bonaparte do grande escritor e político francês André Maurois, destaca a personalidade ímpar do maior líder francês de todos os tempos. O texto mescla bem narrativa histórico-literária e relato jornalístico e fala da família e da vida movimentada do imperador, com dezenas de fotos e ilustrações. Globo, 160 páginas, www.globolivros.com.br.
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A evolução de Bruno Littlemore, romance de estreia do norte-americano Benjamin Hale, traz uma história altamente inventiva. Bruno, o chimpanzé precoce, se envolve com a eminente primatóloga Lydia Littlemore, e os dois vivem uma história de amadurecimento, descoberta e amor. Intrínseca, 512 páginas, www.intrinseca.com.br.
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Contagem dos inocentes, primeiro romance do catarinense Fernando Bins, radicado em Caxias do Sul, narra um assassinato que movimenta o departamento de polícia de Caxias do Sul numa manhã de 2012. Erick Robbins, o jovem e atormentado gênio, Flávio Cunha, prestigiado detetive aposentado, e Brenda Menegaro, médica legista, vão trabalhar muito no caso. Lorigraf, 304 páginas, (54) 3226-1811.
E palavras...
José Castelo navega nos mares inquietos da prosa e do verso
De uns anos para cá, muita gente anda reclamando que não há mais crítica literária no Brasil, que as coberturas dos lançamentos dos livros estão mais centradas em informações, resenhas, que falta opinião e tal. Em parte a queixa procede, mas para quem gosta de crítica, da boa, está aí a coletânea Sábados inquietos do jornalista e escritor carioca radicado em Curitiba José Castello, publicada pela Leya. O volume reúne as 100 melhores crônicas de Castello, selecionadas a partir das 250 que publicou no suplemento Prosa de O Globo, aos sábados, desde 2007 até 2012. Um trabalho delicioso e surpreendente, que o autor descreve como “aventuras que narram suas peripécias através dos mares inquietos e turbulentos da poesia e da ficção”. Os exercícios de crítica literária de Castello perpassam autores como Machado de Assis, Lewis Carroll, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Vinicius de Moraes, Kafka, Borges, Beckett, Coetzee, Rulfo, Umberto Eco, Tolstoi e muitos outros. O que dá uma certa unidade aos textos é o fato de eles partirem, quase sempre, de uma perspectiva íntima, falando sobre o que tocou mais diretamente o autor em cada obra analisada. As crônicas induzem o leitor a uma verdadeira viagem no mundo das emoções, um mundo quase surreal. “Sofro dos livros que leio e acredito que, na maior parte das vezes, eles, sim, me leem, me afetam e me modificam. Não posso negar que eles sempre me inquietam. Através da leitura, faço longas e inesquecíveis viagens ficcionais. Digamos, portanto, que é um livro de viagens. Uma coletânea de aventuras que narram minhas peripécias através dos mares inquietos e turbulentos da poesia e da ficção. Assim o vejo, e assim gostaria que o lessem”, escreveu José Castello na introdução. Sobre Vinicius de Moraes, disse Castello: “Nunca se sabe onde Vinicius está”. Os tradicionalistas apreciam seus sonetos, mas lamentam suas incursões pela leveza do contemporâneo. Os vanguardistas se irritam porque Vinicius não sofria da compulsão ao novo - o “make it new” - de Ezra Pound, que, na verdade, fez da ruptura uma nova tradição. Os intelectuais de gabinete se indispõem com as aventuras de Vinicius pelos becos da realidade e com sua insistência em “poetizar o mundo” - enquanto João Cabral, seu antípoda, num gesto oposto, pretendia “despoetizar a poesia”. Drummond foi mais sábio ao entender que, de todos eles, Vinicius foi o único que conseguiu recriar uma conexão, há muito perdida, entre poesia e vida. É isso. (Jaime Cimenti)
e versos
Josafá
Um trem some na noite,
Já não sabes
O que nesta viagem
Te aconteceu.
O olho cego de Deus
Ilumina os campos nevados,
A brancura de nada saber
Te faz bem.
Moves-te
Num ventre de áspide,
Move-te a vontade de outrem.
Tua complacência viaja.
Tua complacência,
Uma fúria
Que o vagar das sombras
Enterneceu.
Não há tua história,
Tua estrela no peito, teus bens.
Há um rosto fixo e mudo.
Teu nome é ninguém.