Os sábios italianos dizem “il natale con i tuoi” (o Natal com os teus) e “capo d’anno con chi vuoi” (Ano-Novo com quem quiseres). Os amargurados dizem que família só é bonita em álbum de retratos, que família é assunto impróprio para menores. Hoje há quem diga que família é um grupo de pessoas que, de vez em quando, dorme debaixo do mesmo teto. Família tantas vezes é tipo casamento-cidadela: quem está dentro quer sair e quem está fora quer entrar. Quem tem muita família ou pequena demais reclama, quem não tem por vezes fica lamentando. Alguns dizem que são melhores os pais, irmãos e outros “parentes” escolhidos/adotados fora da família, tipo amigos, sócios e tal. Ficam falando que não aguentam o fato de que família é imposição, sangue, obrigação e não sei o quê mais. No Natal e no fim do ano isso tudo aumenta de tamanho, toca mais, ao som daquelas antigas musiquinhas de Natal que tocavam nas Lojas Americanas. Pois é, quase todo mundo tem alguns parentes que já foram para o andar de cima, outros que estão aí vivos demais, sei lá. Há quem prefira viajar para bem longe e mandar a família, o Papai Noel e o espírito natalino para longe. Tem os que preferem ficar sozinhos e não querem dividir nem uma mesinha de bar na noite de Natal. Cada um no seu quadrado, cada um carregando suas cruzes e suas estrelas como acha melhor. Óbvio que não estou aí para oferecer regras como presentes de Natal, mas a questão é que uma crônica não deve acabar em ponto de interrogação, em cima do muro. Quem gosta de muralha é chinês ou esses políticos aí que ficam rolando lero sem compromisso. Acho que o espírito natalino deve prevalecer, que ao menos na noite do dia 24 a gente deve dar um tempo para os ressentimentos, os pensamentos negativos e as lembranças tristes. Não importa se sozinho, com os parentes, com os amigos, aqui ou em Madagascar, acho que o lance é passar algumas horas, ao menos, esquecendo certas coisas que a gente fez com os outros e outras que fizeram conosco. Esqueça, perdoe. Se quiser, só perdoe, vá lá. Ano passado ganhei um presente merreca e equivocado de amigo secreto, uma carteirinha feminina surreca e dourada, mas já perdoei o filho da mãe. Ele não sabe o que faz, vamos perdoá-lo, diria Jesus, que ainda e sempre deve ser o nosso convidado principal da noite. Dá um sorriso aí, Jesus, é teu aniversário!
“Não faz sentido latir tanto se na verdade você não tem nada a dizer”
“Ora. Daqui pra frente, Linus, pense por si só...Não aceite conselhos de ninguém! O livro da vida não tem respostas no final !”
“A maioria dos psiquiatras concorda que ficar sentado em um canteiro de abóboras é um ótimo tratamento para uma mente perturbada!”