A escritora irlandesa Marian Keyes, nascida em 1963, já é bem
conhecida do público brasileiro por romances de sucesso como Melancia,
Férias, Tem alguém aí? (Prêmio Popular Fiction Award 2007), Los Angeles e
muitos outros. Sua literatura envolve, quase sempre, heroínas fortes, que após
muita luta conseguem seu lugar ao sol. Marian formou-se em Direito, mas era
infeliz como advogada. Trabalhou como garçonete. Mal-sucedida no amor,
consumidora de bebidas e portadora de depressão clínica, Marian chegou a tentar
o suicídio em 1993. Hoje ela mora em Dublin com o marido Tony e desfruta do
carinho de milhões de leitores espalhados pelo mundo. Cheio de charme,
romance publicado em 2008, é seu lançamento mais recente no Brasil. A obra
tomou anos de trabalho da autora, obrigou-a a fazer uma tonelada de pesquisas,
coisa que detesta, e, como diz ela, a
narrativa tem como cenário o mundo dividido e nada atraente da política
irlandesa. Em síntese a narrativa envolve Paddy de Courcy, um carismático e
terrivelmente sedutor político, que está em ascensão. Ela vai
casar e aí quatro mulheres vão querer saber todos os detalhes. A consultora de
moda e estilo Lola Daly, a namorada de Paddy, é a primeira a ter todos os motivos
para saber exatamente o que está acontecendo. Lola foge da cidade e vai para
uma cabana no litoral. Será que o retiro vai ser tão idílico? A jornalista
Grace quer uma versão bem íntima do noivado do político e acha que Lola tem a
chave do segredo. Grace conheceu Paddy há pouco tempo, mas vive pensando nele.
Marnie, a irmã de Grace, pode ter a resposta. Ela está casada, tem um marido
maravilhoso e lindas filhas, mas Paddy, afinal, foi seu primeiro amor. Do que
Marnie precisa para levar sua vida adiante?
Mas e o que dizer da futura sra. De Courcy? Alicia fará qualquer coisa
pelo noivo e está determinada a ser a primeira-dama perfeita. Mas será que ela
conhece o verdadeiro Paddy? Será que ela
domina os mistérios? Pois é, leitores, estão aí quatro mulheres bem diferentes,
um homem absolutamente sedutor e um segredo sombrio que conecta a todos. Humor,
lágrimas, emoção, cenas cheias de vida e tudo mais que só uma pessoa e uma
escritora como Marian Keyes é capaz de fazer. Bertrand Brasil, tradução de Maria
Clara Mattos, 784 páginas, mdireto@record.com.br.
E palavras...
Tropa de Elite 3
Os últimos acontecimentos do Rio de Janeiro, com a tomada da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, parecem a continuação dos filmes Tropa de Elite 1 e 2, que, de repente, influenciaram as pessoas e os acontecimentos. Tudo é bem didático. Online a gente recebe aulas de cidadania e história e fica sabendo de tudo. É comovente a solidariedade da comunidade com as forças policiais e mais comovente ainda ver que se trata de uma vitória da própria sociedade contra o crime e contra organizações à margem da lei que, aparentemente, funcionavam e funcionam nas favelas, em favor dos desvalidos. Vários ex-governadores do Rio diziam que polícia não deveria subir morro e, ao fim e ao cabo, deixavam que bicheiros, traficantes e outras forças tomassem conta de grandes, populosas e importantes partes do território carioca. Permitir leis e comunidades à margem das normas que devem reger a todos os brasileiros pode ser uma solução desesperada a curto prazo, mas no fim, como se vê, o arranjo não é bom para ninguém. Agora os próprios moradores das favelas pedem socorro às polícias e às forças armadas e se dão conta de que viver mais e melhor é possível dentro da legislação nacional. É evidente que a tomada dos morros é só o início. A questão do consumo de drogas deve ser pensada por todos nós. Ela é a causa de tudo ou quase tudo que está aí. Precisamos pensar e sonhar com trabalho, ideais, saúde, educação e segurança para todos. Somos humanos, colonizados por portugueses e espanhóis, claro que gostamos de heróis, de paizões, de seres salvacionistas e de soluções milagrosas, mas, depois de tudo o que aconteceu e acontece no Rio, precisamos entender de uma vez que os heróis somos nós, com pequenas-grandes ações cotidianas e com vontade de construir uma nação e não apenas um País ou um território demarcado. Não há milagres, super-heróis ou fórmulas mágicas. Não há Dom Sebastião ou Padre Cícero capazes de segurar nossas pontas. Segurança, educação, saúde, moradia, luz elétrica, saneamento e sentimento nacional não caem do céu nem podem ser dádivas de instituições ou pseudo-heróis. A construção é coletiva, democrática, republicana, legal e pacífica. Bem como nos mostraram os habitantes dos morros cariocas e, em especial, as moças e as senhoras, com seus gestos, seus olhares, suas palavras e suas mensagens cheiras de esperanças realistas.
Lançamentos
- Os contos e os vigários - Uma história
da trapaça no Brasil de José Augusto Dias Júnior traça uma história
cultural no Brasil do século XX a partir do fato de que “os espertos se
fazem tolos e o tolo quer ser esperto”. Você já caiu no conto do
vigário? Queria ganhar uma grana no mole? Leya, 326 páginas, www.leya.com.
- Las Vegas -
Guia Prático de Viagem do engenheiro e viajante Fabio Trabulsi
Ashcar traz a história da cidade, mapas, informações, fotos e
curiosidades para os turistas aproveitarem muito mais do que apenas os
famosos cassinos de Vegas. Editora RDG, 208 páginas, www.editorardg.com.br.
-
Revista de História da Biblioteca Nacional, número 62, editada
por Luciano Figueiredo, traz artigo de capa de Vivi Fernandes de Lima
sobre mitos brasileiros; entrevista com Alfredo Bosi; lei seca à
brasileira, a vitória das cervejas, por Teresa Cristina de Novaes
Marques e outras matérias. Biblioteca Nacional, 100 páginas, www.revistadehistoria.com.br.
-
Eduardo III de William Shakespeare com tradução interlinear,
introdução e notas de Elvio Funck, é uma das 11 peças históricas do
autor de Romeu e Julieta. É a primeira tradução brasileira, no modo
interlinear e com notas explicativas. Editora Movimento, 208 páginas. www.editoramovimento.com.br.
E versos
Construção
Sou, ao todo, apenas um.
Um outro retém meu gesto.
Em híbrido movimento,
Componho idéias.
Permita-me ser honesto:
desconheço o caminho,
busco, ao avesso,
descalço, bem lento.
Muito longe, o impossível.
Desfaço caminhos
e danço.
Retenho a solidão na palma,
e o tempo , contra meus passos,
consome lembranças.
Em descompasso,
abismos me enlaçam,
renasço.
Depois,
os outros contam o