Geralmente a figura de Gengis Khan evoca a imagem de um bárbaro implacável e sanguinário, sobre o lombo de um cavalo, liderando um bando de cruéis guerreiros nômades no saque do mundo civilizado. No recém-publicado
Gengis Khan e a formação do mundo moderno, o professor doutor norte-americano Jack Weatherford, do Macalester College, em Saint Paul, Minnesota, que é especialista em povos tribais e que doutorou-se pelo Chinggis Khan College, na Mongólia, apresenta uma ideia bem diferente do líder mongol, considerado o maior conquistador do mundo. Com menos de cem mil guerreiros Khan, usando métodos civilizados para a época, conquistou mais terras e povos em 25 anos do que os romanos em 400 anos. O império Mongol ia da Sibéria à Índia, do Vietnã à Hungria e da Coreia aos Bálcãs. Khan e o povo mongol são apresentados de forma diferente por Weatherford, que mostra, além da habilidade guerreira, suas estruturas social e econômica. Os mongóis não utilizavam técnicas como tortura, estupro e mutilação e procuravam, mesmo em guerra, não lutar e matar de modo desmedido. Khan foi dos primeiros conquistadores a colocar o poder da lei acima de seu próprio. Encorajou a liberdade religiosa, criou escolas públicas, concedeu imunidade diplomática a emissários de outros reinos, aboliu a tortura e instituiu o livre comércio, criando rotas comerciais e possibilitando trocas de mercadorias e ideias. Jack Weatherford fez um fascinante trabalho de revisão histórica, traçando um retrato novo de um líder comparado a Jesus e que, mesmo vindo de um remoto canto da Terra, criou um império que levou o mundo para a Idade Moderna. Jack foi o único acadêmico ocidental na história a receber permissão para entrar na região do
Grande Tabu, a terra natal de Khan e onde foi enterrado. Através do esforço de Weatherford, podemos reconsiderar a formação de nosso mundo moderno, lendo a agradável narrativa que apresenta o melhor e o pior sobre o legendário guerreiro mongol, seu povo e seu país. Os mongóis introduziram o primeiro papel-moeda e o sistema postal internacional e desenvolveram tecnologias revolucionárias como a imprensa, o ábaco, o canhão e a bússola. Além disso, levaram produtos locais como limões, tapetes, cenouras, macarrão, chá, baralhos e calças para o mundo inteiro. De certo modo, foram arquitetos de um novo estilo de vida. Bertrand Brasil, 462 páginas, R$ 49,00,
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