A norte-americana Daisy Link, 30 de idade atual, ganhou notoriedade internacional em 2024 após afirmar ter engravidado dentro de um presídio em Miami, sem contato físico com o pai da criança. A história inusitada chamou a atenção da mídia global e levantou questionamentos sobre os protocolos de segurança nas cadeias dali. Segundo Daisy, ela e o detento Joan De Paz, com quem nunca teve contato direto, desenvolveram uma relação por meio de conversas através do sistema de ventilação. Após meses de comunicação, ela teria usado um aplicador interno para realizar a inseminação com material genético enviado por ele.
O bebê nasceu em junho de 2024, e o próprio De Paz descreveu o ocorrido como “algo parecido com a Virgem Maria”. Especialistas em fertilidade — ouvidos na investigação — consideraram o caso extremamente raro, com chances de sucesso inferiores a 5% em tais condições.
O episódio curioso logo foi ofuscado por acusações mais sérias. Daisy estava presa desde 2022, acusada de matar Pedro Jimenez, seu companheiro. Ela teria atirado na perna dele e fugido do local, o que resultou na morte por hemorragia. A defesa alegou legítima defesa, porque “Daisy sofria violência doméstica”. Ela afirmou ainda que amava Jimenez. O filho do casal, de 11 anos, testemunhou que o pai atirou e errou, antes de agredir a mãe. Apesar disso, o júri considerou a acusação procedente.
O veredicto do julgamento foi de culpa por homicídio. A extensão da sentença será anunciada em 21 de novembro, e Daisy pode enfrentar uma longa pena no mesmo presídio onde sua história inusitada começou. Ela permanece detida, agora como mãe de um “bebê milagroso” e condenada por um crime que mobilizou a opinião pública.
Em nome do pai
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Sentença proferida na sexta passada, na 11ª Vara da Família e Sucessões de São Paulo (SP), extinguiu — sem analisar o mérito — uma ação ajuizada pelos cidadãos Hugo Sérgio Marques Júnior e Guilherme Augusto Marques. Eles alegavam que o pai deles, Hugo Sérgio Marques, falecido em 2015, seria filho biológico de Senor Abravanel, o Silvio Santos. A tese dos supostos netos foi a de que Wilma Marques, mãe de Hugo, teria tido um caso com Silvio.
Os irmãos pediram nova análise do caso judicial originário, que é de 1996, quando o pai deles tentou comprovar ser filho do famoso e bilionário apresentador. Este, na época, se recusou a fazer exame de DNA e o TJ-SP entendeu "não haver provas mínimas" para determinar. Na nova ação, os dois pretensos netos requereram a exumação do corpo, ou o uso de material genético das filhas de Silvio, o que foi negado.
A herança do apresentador, estimada em R$ 6,4 bilhões, permanece sob controle da esposa, Íris Abravanel, e das filhas, Cintia, Silvia, Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata. Cada uma administra parte do império, que inclui o SBT, a Jequiti e o Baú da Felicidade. Os supostos netos ainda podem recorrer ao TJ-SP, STJ e STF, alegando direito à identidade genética. Mas, por enquanto, estão fora da partilha.
Outro campeão de lentidão
O advogado Edgar Granata (jubilado pela OAB/RS - nº 8388) escreve ao Espaço Vital para registrar que ele, pessoalmente, e familiares também são vítimas de "um outro processo campeão de lentidão na Justiça estadual gaúcha". E relata com objetividade: "Está na 2ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, desde 2002; é uma ação contra o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem/RS. O desenrolar (ou enrolar?) é uma interminável história que moureja na 2ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre".
A ação recordista completou 23 anos de convivência (ou conivência?) com Madame Tartaruga Forense em 23 de setembro último. (Proc. nº 50638135320208210001).
A economia do Itaú...
A 2ª Turma do STF manteve, na semana passada, a decisão que derrubou a possibilidade de serem considerados como "mera estimativa" os valores indicados no pedido inicial de uma ação trabalhista. Por maioria, foi rejeitado recurso de uma ex-funcionária do Banco Itaú que contestava decisão individual do relator Gilmar Mendes. Assim, o TST terá que proferir nova decisão, respeitando os limites dos valores que estão na inicial.
Em junho, o ministro havia cassado acórdão do TST que considerou "os valores indicados na petição inicial de uma ação trabalhista como mera estimativa". Na decisão, dada em reclamação constitucional movida pelo banco, Gilmar determinou que o TST julgue novamente o caso. Deve levar em conta o dispositivo que estabelece que a ação trabalhista tem que conter pedido de valor certo.
Na execução provisória, a bancária paraense Gilsemare Bolognini Mastelari apresentou cálculo para o valor esperado de R$ 182,4 mil — que é quase o triplo do que fora 'estimado' na inicial. O Itaú escapou de pagar bolada maior: quitará R$ 65 mil e economizará R$ 117 mil. (Reclamação nº 77179).
A goleada da I. A.
Uma pesquisa divulgada pela Microsoft na semana passada listou as atividades com maior probabilidade de perda de postos de trabalho. Quarenta profissões serão engolidas pela automatização. Intérpretes e tradutores lideram como "os profissionais a serem mais afetados".
Logo após, vêm atendentes de suporte ao cliente, telemarketing e algumas funções da área de TI. São: cientista de dados, desenvolvedores web e assistentes estatísticos. Duas áreas tradicionais — como o direito e a medicina — também serão impactadas.
1,7 mi em plataformas digitais
O Brasil tem 1,7 milhão de pessoas trabalhando via plataformas digitais. Segundo o anúncio do IBGE na sexta-feira, o contingente humano aumentou em 400 mil brasileiros, em dois anos. A maioria é de homens, negros, entre 25 e 39 anos — informais.
Detalhando: 53,1% desses trabalhadores atuavam com transporte particular de passageiros; 29,3% deles estavam em aplicativos de entrega; 17,8% em apps de prestação de serviços gerais; e 13,8% em aplicativos de táxi, Uber, 99 etc.
Queda do capitalismo
Em 2013, no seu auge, o grupo Camargo Corrêa faturava quase R$ 20 bilhões por ano e empregava 65 mil pessoas. Era um dos maiores símbolos do capitalismo brasileiro, com presença na construção, no vestuário, na energia e no cimento. Então, veio a Operação Lava Jato, a crise financeira, e o império fundado por Sebastião Camargo em 1939 desmoronou.
No início deste mês, a Mover, nome atual da holding do grupo, fechou um acordo para a entrega de seus dois últimos grandes ativos para saldar dívidas de R$ 14 bilhões. Na transação, o grupo vendeu a participação de 15% na concessionária de infraestrutura Motiva (ex-CCR) — considerada a joia da coroa — para pagar uma dívida de R$ 3 bilhões com o Bradesco. E a cimenteira InterCement, que atua no Brasil e na Argentina, por sua vez, será transferida aos grandes credores financeiros (o Bradesco, um empresário argentino e detentores de títulos estrangeiros) para acabar com um débito de R$ 9,4 bilhões.