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Espaço Vital

- Publicada em 16 de Novembro de 2023 às 20:15

Os tristes casos do juiz assediador em série

Em 16 de outubro último, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), por meio de dois discretos registros no Diário da Justiça - com o uso apenas das iniciais dos seus respectivos nomes - afastou dois magistrados de suas funções.
Em 16 de outubro último, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), por meio de dois discretos registros no Diário da Justiça - com o uso apenas das iniciais dos seus respectivos nomes - afastou dois magistrados de suas funções.
Eram eles: Angélica Chamon Layoun (da comarca de Cachoeira do Sul), por insatisfatória produção jurisdicional; e Odijan Paulo Gonçalves Ortiz (da comarca de Vacaria). Contra este segundo, logo ficou-se sabendo da existência de representações a propósito de reiteradas importunações sexuais praticadas, em diferentes momentos, contra quatro mulheres, individual e separadamente.
No dia 16 de novembro, o TJ-RS admitiu a existência de sólidos indícios e contundentes depoimentos das vítimas, assim solidificando o afastamento de Odijan Paulo: ele assediou uma própria colega magistrada, uma advogada e duas estagiárias. Dois processos administrativos disciplinares correm em sigilo no TJ-RS e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desde maio deste ano, quando a primeira denúncia chegou na Corregedoria gaúcha.
As investidas de Odijan ocorriam no ambiente de trabalho, em espaços públicos e também nas redes sociais. O assediador havia ingressado na magistratura, via concurso público, em setembro de 2022. Oito meses depois - já detectado o seu perfil - ele foi transferido para a Comarca de Vacaria, onde atuou durante cinco meses, até ser afastado preventivamente (com direito a continuar recebendo seu salário). Ele ainda está no período chamado de vitaliciamento, que equivale ao estágio probatório para magistrados. Assim, Odijan pode ser exonerado se o procedimento administrativo disciplinar for julgado procedente. No caso, ele perderá o direito à remuneração. Em hipotéticas ocorrências semelhantes, em que se envolva um magistrado vitaliciado, a "pena máxima" - branda - é a de aposentadoria com vencimentos proporcionais.
Em julho último, a Corregedoria-Geral da Justiça concluiu um procedimento administrativo de que participaram 15 juízes corregedores. Nos autos digitalizados estão os depoimentos das quatro mulheres que confirmam terem sido importunadas pelo magistrado. Também é este expediente que sustenta o procedimento aberto no CNJ.
O caso também foi encaminhado ao Ministério Público Estadual, que já está apurando se a conduta do magistrado tem tipificação penal. O procedimento está na fase de coleta de provas e depoimentos. No encerramento, haverá o arquivamento, ou a denúncia criminal. Ocorrendo esta, a capitulação será feita no art. 215-A, da Lei nº 13.718/2018, que alterou alguns dispositivos do Código Penal Brasileiro. O texto legal atualizado trata da importunação sexual e tipifica como crime "praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro". A pena é de reclusão, de 1 a 5 anos - se o ato não constituir crime mais grave.
O Espaço Vital não divulga o nome da comarca onde ocorreram os assédios para evitar dissabores em relação às pessoas das quatro mulheres que foram assediadas e que confirmaram detalhes sobre o modo de agir do magistrado.
 

Tim-tim para Excelências (1)

Após congresso em Mendoza (Argentina), haverá degustação de vinhos

Após congresso em Mendoza (Argentina), haverá degustação de vinhos


MINISTERIO DE TURISMO DE LA NACIÓN/DIVULGAÇÃO/JC
Esta semana, especialmente dos dias 15 a 18, deve ter sido trabalhosa, mas aprazível para 10 ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e 12 magistrados de vários estados. Os 22 viajores viajaram para a atraente Mendoza - no centro da região vinícola da Argentina - ali participando do "3º Congresso Internacional de Direito da Empresa". A realização é do Instituto Brasileiro de Direito da Empresa, e a pauta aborda insolvência, direito digital, mediação e direito penal da empresa.
A divulgação congressional anunciou ser "imperdível oportunidade para enriquecimento intelectual e exercício de qualificado networking com os congressistas e palestrantes". Os atos ocorrem no luxuoso Park Hyatt Hotel, sob o consistente patrocínio de entidades e empresas como a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), a Naturgy (concessionária de gás do Rio de Janeiro) e a TCL Terminal de Contêineres de Paranaguá (maior empresa do setor na América Latina).
 

Tim-tim para Excelências (2)

Ah!, amanhã, véspera do voo de retorno - depois das estafantes palestras e discussões certamente eruditas - os convidados serão recebidos para prazeres da mesa e de Baco: um almoço com degustação de vinhos numa vinícola local. Também haverá um show de tango.
Abelhuda, a radiocorredor advocatícia transmitiu um lembrete de preocupação: "Talvez os nobres magistrados, um dia, possam ter que julgar processos das empresas anfitriãs".

O Supremo se humaniza...

...Mas nos Estados Unidos. Depois de 234 anos de sua criação (em 1789), a Suprema Corte de lá acabou de editar o seu primeiro código de conduta. A medida é uma reação a recentes escândalos revelados (claro) pela imprensa independente. Um juiz viajou pelo mundo às custas de um magnata do Texas. E outro magistrado, mais contido, foi em férias a um resort pago por um mecenas do Partido Republicano. Esses exageros decepcionaram os nove membros (vitalícios) do mais alto tribunal federal estadunidense.
Nesta semana, vimos em nosso País (a 6.792 km de distância, em linha reta entre as capitais Washington e Brasília) as extravagâncias de três desembargadores do Piauí. Eles partiram no rumo de Salamanca (Espanha), por conta dos cofres públicos, recebendo diárias em dobro. Viajaram acompanhados das esposas para assistirem um "Congresso Intercontinental de Direito Civil".

Exame probo

Um mês e meio após assumir a presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso viu aprovada na terça, dia 14, por unanimidade, a resolução que cria o Exame Nacional de Magistratura. A prova será um requisito para quem quiser prestar concurso público para juiz e será aplicada em toda a Justiça brasileira, nas esferas estadual, federal, trabalhista e militar.
Segundo Barroso, "a iniciativa elimina qualquer risco de favorecimento a candidatos ligados às cúpulas dos tribunais".

Em tempo

Surgiu, atualizadíssima, uma pertinente pergunta que tem tudo a ver com a revelação, no dia 16 de novembro, da existência de um assediador na Justiça gaúcha. Eis: "Haverá, nos futuros exames, rigorosas avaliações psicotécnicas e psiquiátricas para detectar possível(is) assediador(es)?
E-mails para a redação: 123@espacovital.com.br .

Cármen Lúcia: 'Judiciário machista'

Única mulher na atual composição do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia criticou, no dia 14 de novembro, durante seminário organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, a falta de igualdade no sistema de Justiça. E afirmou que até ela, como magistrada, sofre preconceitos.
Duas frases dela: "O Judiciário continua muito preconceituoso em relação às mulheres; machista, também. Quando se faz concurso público para a magistratura, nós temos acesso porque passamos nas provas, mas nas promoções não temos as mesmas condições".

Veto à orientação sexual

O CNJ aprovou, por unanimidade, também na terça-feira, dia 13, a resolução que proíbe que pedidos de adoção feitos por casais formados por pessoas do mesmo sexo sejam negados devido à orientação sexual deles. O texto proíbe "manifestações contrárias aos pedidos pelo fundamento de se tratar de casal ou família monoparental, homoafetivo ou transgênero".
A norma vale para processos de adoção, guarda e tutela de crianças e adolescentes. E também nos processos de habilitação de pretendentes.

Aplausos

O Itamaraty prevê chegar até o final de 2023 com 25 mulheres chefiando embaixadas ou missões internacionais entre 133 postos disponíveis, ou seja, 18,8%. Há um ano, eram 13,5%.
No total, as mulheres representam 23% dos diplomatas do ministério. Nesta semana, a diplomata de carreira Glivânia Maria de Oliveira (mineira, 61 de idade) foi indicada embaixadora em Caracas, na Venezuela. O posto é considerado "sensível". Ela é a atual embaixadora brasileira no Panamá.

Especialista em feriadões

A Câmara dos Deputados teve nenhuma sessão de plenário e das comissões nesta semana por causa do feriado da Proclamação da República, no dia 15 de novembro - que virou feriadão de sete dias. O esvaziamento da Casa mantém em compasso de espera o trâmite de propostas consideradas prioritárias para a nação. A decisão benevolente foi tomada por Arthur Lira (PP-AL) e líderes partidários. Dane-se a nação...