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Fernando Albrecht

Fernando Albrecht

Publicada em 29 de Maio de 2025 às 18:25

As várias faces do Guaíba

Fernando Albrecht/especial/jc
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O Guaíba tem várias faces, assim como o ser humano. Quando está calminho é bonito demais, mostrando os diversos equipamentos que o usam para navegar ou fazer negócios. O porém de sempre é a visão deprimente dos antigos silos, mais ao fundo. Depois da enchente de 2024, dificilmente a região atrairá interessados para a ocupação de prédios e atrações turísticas. A proposta da revitalização do Cais Mauá continua de pé. Mas está no papel.
O Guaíba tem várias faces, assim como o ser humano. Quando está calminho é bonito demais, mostrando os diversos equipamentos que o usam para navegar ou fazer negócios. O porém de sempre é a visão deprimente dos antigos silos, mais ao fundo. Depois da enchente de 2024, dificilmente a região atrairá interessados para a ocupação de prédios e atrações turísticas. A proposta da revitalização do Cais Mauá continua de pé. Mas está no papel.
 

A saudade que eu não tenho

Cada tempo com seus policiais. As duplas de brigadianos em Porto Alegre nos anos 1960 eram chamadas de Pedro e Paulo oficialmente, então, o povo tratou de sugerir nomes de PMs de acordo com a região. No Vale do Sapateiro, seriam Fritz e Frantz. Na colônia italiana, foram sugeridos Pepe e Peppone. Claro que a Brigada Militar nem cogitou, mas como eu fui um dos autores, ainda acho que teria sido uma boa e os nomes pegariam bem. Essa foi a parte engraçada, mas nem tudo naqueles verdes anos foi bom. Começando pela comida.
Hoje não sei, mas a bóia do Restaurante Universitário era um atentado terrorista. O menu, quase sempre o mesmo: arroz, um feijão que de tão espesso poderia servir como asfalto, carne mais dura que sola de sapato, uma laranja ou banana, dependendo da estação. Nas pensões da Riachuelo, em que muito almocei, o quadro não era muito diferente, inclusive a carne dura. Confesso que não fazia bem para o apetite olhar bem o prato, sob pena de rejeitá-lo. A salvação era um ovo frito, pago por fora. O compositor e humorista Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) dizia que uma comida ruim ficava palatável com um ovo frito por cima. Acho que a galinha merece uma estátua por tudo que nos dá, quem sabe um monumento no Parque da Redenção com o nome Homenagem à Galinha Desconhecida.
Nas roupas, que hoje se diz que eram melhores, a chegada dos fios sintéticos criou monstros de mau cheiro. Aí, por 1963, chegaram as camisas Volta ao Mundo, que mesmo depois de lavadas não perdiam os vincos. Em compensação, ficavam impregnadas do cheiro do corpo em poucos minutos, principalmente a popular "asa". Outra novidade foram as blusas Banlon, que padeciam do mesmo mal. Ai de quem tirasse uma garota para dançar usando a blusa por mais de duas horas, terminava um namoro que nem mesmo começou. As galochas eram obrigação em dias de chuva, mas mofavam os sapatos de couro. Aí surgiu o sintético Vulcabras, com o mesmo inconveniente.
As bancas do abrigo dos bondes, na rua José Montaury, ofereciam saladas de banana. Isso mesmo, banana, porque era quase a única fruta. Certa vez, pedi uma dessas saladas no bar na Estação Rodoviária antiga e o dono quase deu em mim. Guri desaforado, falou ele, saindo de trás do balcão com brilho assassino nos olhos. Abacate era a segunda mais solicitada, a de banana era a campeã. Mamão nem todos gostavam. Para curar a ressaca, calda de cana moída na hora. O lado ruim é que as canas não eram lavadas antes. Cachorro-quente dependia da qualidade da salsicha, e o melhor era do Matheus, defronte à Praça da Alfândega. Foi lá que um dia deram para um mordedor um Guaraná Caçula com pimenta e uma empada de frango com a mais forte pimenta que o homem já plantou.
Era comum as pessoas passearem na praça noite alta, zero chance de assalto. Numa destas caminhadas, dois promotores de Justiça trocavam lembranças dos bons tempos. Um deles era muito baixinho, baixinho mesmo, e desfilou suas mágoas para o colega, o doutor Zeca.
- Veja você, Zeca meu amigo, minha vida é um inferno por causa da baixa estatura. Me chamam de pintor de rodapé, que só sirvo para tirar penico debaixo da cama e por aí afora. Pior é que não tem solução.
O doutor Zeca ponderou a fala do amigo, e deu uma sugestão que acabou com uma amizade de décadas.
- Já experimentaste aguar os pés para ver se cresces?

Tentativa de homicídio

Bem, talvez não chegue a tanto, mas é fato que ao viajar de ônibus pela cidade, o passageiro que está sentado precisa ficar sempre com a mão alerta para proteger o rosto. Isso se deve às mochilas nas costas dos que estão em pé que, ao se virar, podem desferir um mochilaço nos desavisados.

Visita ilustre

O Sistema Fiergs recebe, entre os dias 4 e 6 de junho, uma delegação da União Europeia para mais uma edição do programa Conhecendo a Indústria. A intenção é incentivar iniciativas que fortaleçam a produtividade e a competitividade da indústria de forma sustentável — especialmente diante das expectativas em torno do acordo comercial Mercosul-UE.

A era da cumbuca

Uma das novas tendências na área de alimentação "de fora" é o surgimento de ofertas de cumbucas ou assemelhadas em porções menores de preço na faixa dos R$ 15, aliado à melhor qualidade. Vão concorrer diretamente com os hambúrgueres da vida e bufês self-service. Algumas oferecem até preços menores se compradas em maior quantidade.

Cachaça não é água não

O Anuário da Cachaça 2025 mostrou que o Brasil tem 1.266 cachaçarias. Minas Gerais ponteia, com 501 estabelecimentos produtores da "água que passarinho não bebe". O Rio Grande do Sul é o terceiro, com 67.

Sem surpresa

O presidente da Câmara Federal, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que a casa tem que costurar acordo com o governo federal sobre o aumento do IOF. Significa que a "solução" será ou aumentar o IOF em percentual menor ou fazer outra gambiarra em outros impostos da enorme cesta tributária que assola este País.

Vontade política

Leitores se manifestaram sobre a nota de ontem em que questionam por que a avenida Borges de Medeiros não é reaberta ao trânsito, o que teria reflexos positivos em vários bairros. Talvez falte o que está escrito no título desta nota.

Qualidade de vida

A pequena cidade de Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, registra a melhor qualidade de vida no Brasil, segundo relatório do Índice de Progresso Social (IPS) dos 5.570 municípios brasileiros. Não me comovi. Não devem ter pesquisado São Vendelino.

Essa não!

O relator da PEC que define o fim da reeleição para o Executivo e mandatos de 5 anos para os cargos eletivos, sendor Marcelo Castro (MDB-PI), disse que o plenário do Senado deve restaurar o trecho que determina que integrantes da Casa tenham mandato de 10 anos. Credo em Cruz Ave Maria! Endoidou, senador?

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