O Jornal do Comércio celebra neste domingo 92 anos de circulação ininterrupta. E nada melhor do que uma bela edição, com muito conteúdo, para marcar a data. São 76 páginas, com destaque para o especial Dia da Indústria, encartado com reportagens mapeando os setores mais importantes do Rio Grande do Sul e mostrando o avanço de distritos industriais em diferentes partes do Estado.
Se é para falar na nostalgia, recordar os anos 1950 no Rio Grande do Sul, minha lembrança remete instantaneamente para as zonas rurais do Vale do Caí, entre tantas outras colônias alemãs. Confesso que tenho saudades daqueles tempos, mesmo sem as facilidades da vida moderna.
Resumindo, sinto até hoje o cheiro das estradas de chão batido. Posso descrever com detalhes como eram as casas e vilas daqueles tempos, povoados pequenos que hoje são cidades médias, e asfaltadas. Sempre digo para quem pede asfalto que depois pedirão quebra-molas. É ao mesmo tempo uma dor e a lembrança precisa daqueles tempos.
A dor é porque quase todos os meus amigos de infância e adolescência já morreram. Creiam, essa é uma dor que só os velhos sentem por um simples motivo: eles faziam parte de mim e da história que vivi. É duro ficar sozinho na Terra. Como disse Charles de Gaulle, a velhice é um naufrágio. Não me venham com essa baboseira de melhor idade. É ficção, e das brabas.
Saudades, então. Das vilas em que se dormia com janelas abertas, tempo em que todos se conheciam, do cheiro de comida na hora do almoço, do café quente e pão preto com schmier da colônia, da morcilha preta ou branca que eu filava dos colonos quando lanchavam na roça no meio da manhã e no meio da tarde, para aguentar o rojão do trabalho manual com gadanhas, enxadas e a pesada plantadeira de milho, o chiado das carroças tracionadas por dois bois.
Como se fosse o ventre da mãe, os paióis com uma ou duas vacas de leite, em cima a forragem e palha do milho debulhado, tudo com seu cheiro próprio. A cereja do bolo era o teto de zinco. Era reconfortante ouvir o barulho de chuva deitado entre as palhas ou alfafa para os cavalos de tração.
Às vezes eu pegava carona nas carroças, especialmente em dias de chuva, com metade dela coberta por uma lona. A velocidade era mínima, uma pessoa caminhando normalmente as acompanhava sem esforço. Mas quem é que tinha pressa? Tudo era em câmera lenta naquele tempo. Das melhores lembranças.
Era nos Kerbs que a alemoada se largava. Dia do padroeiro da vila, almoço festivos nos domingos juntando todos os parentes. Depois da missa ou culto, barril de chope em buraco cercado de serragem e gelo, a comida alemã e vez por outra um churrasco.
De noite, o baile ao som de uma bandinha alemã. Após olhares furtivos com uma menina e com a licença dos pais, lá se iam os pés-de-valsa rodopiando pelo salão com sapato de festa, não raro calçado só na entrada do salão para não gastar a sola e preservá-lo da caminhada de casa. Bailar não era de graça, um fiscal prendia uma fita na lapela dos paletós e cobrava uma taxa. De madrugada, na parte baixa do salão um reconfortante café preto bem forte e cuca com linguiça fervida para curar a ressaca após uma dúzia de cervejas. Essa era a farra dos colonos.
Se tenho saudade dolorida é das noites de lua cheia prateando vales, potreiros e morros. Dava um enorme sentimento de paz, paz que foi perdida com a chegada do asfalto.
O presidente do partido União Brasil, Antônio Rueda, disse que a federação com o PP terá candidato próprio à presidente ou "a vice" nas eleições em 2026. De fato, é uma aliança poderosa, mas salvo o imponderável pode almejar ter vice. O que falta à União Progressista é a mesma que de outros partidos, um candidato bom de voto.
As últimas pesquisas mostram que 54% dos eleitores não aprovam o governo Lula. Mas o dado mais notável é que 62% não querem que o marido de Janja se candidate. Há análises deste alto percentual que significa que o eleitor já cansou de reeleições. É uma tese, mas como em tudo depende de quem a tenta. Tudo indica que Lula cansou a beleza dos eleitores.
Apesar das críticas, o projeto de lei que tramita no Senado vedando a reeleição dos presidentes com mandato único de cinco anos também é bem razoável, com período de transição. Com quatro, o primeiro é para tomar pé da situação e no último o café vem frio. Se um presidente não diz a que veio com cinco anos tem que pegar o boné. Sem falar que no sistema atual ele gasta energia para se reeleger.
A propósito da foto de ontem em que um estabelecimento de Canela teve que colocar o aviso "proibido sentar nas flores", leitor diz ter uma saída: "Basta plantar cactos; alguns têm até flores bonitas".
O Brasil poderia interessar mais investidores externos se tivesse feito a lição de casa não gastando mais que a arrecadação. O diabo mora nos detalhes e o risco fiscal é um detalhe gigantesco visível a olho nu em todo mundo de negócios. Ninguém bota dinheiro bom em cima de um negócio ruim.
"O meu assunto é pelo desleixo total das autoridades pelo acesso ao nosso aeroporto. Sem iluminação e sem sinalização é quase impossível acertar o acesso de veículos pela BR. Em dia de chuva então é um voo cego."