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Fernando Albrecht

Fernando Albrecht

Publicada em 23 de Janeiro de 2025 às 17:37

O prédio de Porto Alegre que é fino como folha de cartolina

Tânia Meinerz/JC
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Fernando Albrecht
Visto neste ângulo, o prédio do antigo Sulbanco na avenida Farrapos parece fino como folha de cartolina. O forasteiro que o encara pela primeira vez não acredita no que vê. Elementar, meu caro Watson, é apenas o afunilamento para aproveitar o terreno em "V".
Visto neste ângulo, o prédio do antigo Sulbanco na avenida Farrapos parece fino como folha de cartolina. O forasteiro que o encara pela primeira vez não acredita no que vê. Elementar, meu caro Watson, é apenas o afunilamento para aproveitar o terreno em "V".
 

Os audazes jornalistas do passado

Nestes 56 para 57 anos de jornalismo vocês hão de convir que acumulei um grande estoque de causos de jornais e jornalistas. As redações eram barulhentas, a soma dos ruídos das máquinas de escrever e de abruptas algazarras dignas de caturritas de hospício soavam como música para nós. Um dos meus tipos inesquecíveis foi o jornalista João Carlos Terlera, da Assembleia Legislativa. Quando era solteiro, ele tinha como hábito publicar nos classificados dos jornais recados tipo "jornalista bem apessoado quer se encontrar com senhoritas bonitas para namoro sério..". Finalizava mencionando o número de uma mesa previamente reservada no Bar Galarim, na Marechal Florianópolis, hoje um Zaffari.
Para se certificar que a candidata "para conversar e algo mais" preenchesse os requisitos, ele mandava um batalhão precursor, um colega chamado Rei do Furo, com pescoço longilíneo que parecia uma pintura de Modigliani. Às vezes correspondia, às vezes não. Confirmada a beleza da dita cuja, ele ia ao Bar Galarim para os finalmentes. O dono se chamava Barcelino Becker
Outra história envolve o embaixador Assis Chateaubriand, à frente dos Diários e Emissoras Associados, de um vasto império de jornais, TV Tupi, geradoras em vários estados e 16 jornais. A empresa mantinha uma bela fazenda com gado europeu em Belém Novo, a Chambá. Lá pelas tantas, nos anos 1960, ele sofreu um derrame e não se entendia o que ele falava. Pois foi nesta condição que ele visitou a Chambá.
Ninguém entendia o que ele falava, menos a enfermeira e o cronista Antônio Onofre, que fazia a crônica "Ronda" no Diário de Notícias de Porto Alegre. Quando o Chatô chegou, Onofre se aproximou da cadeira de rodas, beijou o patrão na testa e desandou a falar. Ocorre que ele despejava como uma metralhadora, além da terrível dicção. Então falou uma sequência de vogais ininteligíveis para um mortal comum.
Comovido, Chateaubriand, o Velho Capitão, respondeu balbuciando pelo derrame e boca semi paralisada. Lá se foram eles conversando animadamente por vogais sem sentido por vários minutos. Quando Chatô foi embora, o jornalista Robson Flores, que ouviu a conversa, perguntou o que Chatô tinha dito. Antoninho respondeu com as mesmas vogais sem sentido. Vá entender.
De outra feita, um repórter do Diário de Notícias, que cobria o Palácio e a Assembleia, tinha a mania de ligar para a redação e ditar a notícia por telefone bem na hora de fechar a edição, cuja redação e oficinas ficavam na avenida São Pedro. Usava essa artimanha porque era muito ruim de texto, detestava escrever. Mas uma noite em que ele veio com esse lero, o diretor de redação, Celito de Grandi, subiu nas tamancas.
- De novo não! Não me venha com desculpas de trânsito engarrafado! Eu seguro a edição, você vem bater a matéria.
Contrafeito, o setorista pegou um táxi, parou na São Pedro, subiu para a redação, botou lauda na máquina, e titubeou.
- Celito, hospício é com H?
- Claro que sim, era só olhar no dicionário, caramba!
Não fosse o Celito se dar conta na hora de baixar a matéria, ela teria começado assim:
"Sob os hospícios da Primeira Dama do Estado... "
 

Sustentação Oral

A OAB-RS realizará um ato público em defesa da sustentação oral no dia 28 de janeiro, às 10h, em Porto Alegre, contra a implementação do "plenário virtual" - que dá a possibilidade para os tribunais não permitirem a sustentação oral ao vivo nos julgamentos, e substituírem a sustentação oral por um vídeo gravado pelo advogado. É um prejuízo para os cidadãos na busca de seus direitos, diz o presidente da entidade, Leonardo Lamachia.
 

O pêndulo se move

Em reunião ministerial recente, Lula falou que talvez não seja candidato em 2026. Cheira a um exame mais detalhado das recentes pesquisas. E o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que o presidente é o único nome realmente competitivo da esquerda para vencer as eleições, e que a esquerda pode perder as eleições. Bidu. Só não contaram para ele.

O clipe salvador

O Hospital Moinhos de Vento foi palco de um marco na medicina cardiovascular brasileira ao realizar o primeiro procedimento de reparação da válvula tricúspide na região Sul. Trata-se de uma terapia inovadora que utiliza um clipe especialmente desenvolvido. Ora vejam só. O norueguês Johann Vaaler inventou o clipe de papel em 1899.

O Litoral do "se"

O Litoral gaúcho vai ferver neste final de semana, e não será pelo calorão. Além da oitava edição do Paleta Atlântida - o maior churrasco do mundo, numa extensão de quatro quilômetros de areia - será realizada a 19ª Travessia Torres-Tramandaí pela beira-mar, com previsão de 4 mil atletas. Veranista de final de semana comentou numa mesa de bar:
- Vou estacionar em Capão Novo e pedir um Uber para ir a Xangri-Lá ou Capão da Canoa.
O gaiato da mesa ao lado retrucou:
- Isto se conseguir um Uber...

Por falar em Uber...

O aplicativo fez uma parceria com taxistas para ter os táxis convencionais. Vamos ver se dá para entender: o Uber entrou no mercado de transporte individual para bater de frente com os táxis convencionais e agora se junta a eles? Tudo tão estranho...

História da Carochinha

Fui repórter policial por vários anos no início da minha carreira jornalística. E se alguma coisa aprendi com a rudeza e criminalidade e seus principais atores é identificar uma história mal contada. E essa do bolo com arsênico é uma delas. A história não fecha.

De mala e cuia para longe do RS

Dá para entender porque gaúchos do Interior se mudaram ou pretendem ir de mala e cuia para outros estados, movimento iniciado depois da enchente de 2024. Aqui não dá para plantar nem um pé de alface que ele morre afogado ou queimado.
 

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