Eu me lembro como se fosse hoje. Estávamos na frente da casa de negócios do meu pai, no município de São Vendelino, quando lá de dentro da casa ouvimos a música Saudades do Matão, uma valsinha muito bonita. Minha mãe me pegou no colo e falou:
- Essa é minha música.
A frase me marcou porque eu nos meus 6 ou 7 anos, por volta de 1950, não entendia como alguém podia ser dono de uma melodia.
Embora o Google diga que a música de Raul Torres e Jorge Galatti foi composta em 1964, em que eu já tinha 21 anos, certo estou que o Google está errado. Nunca confie cegamente nele, ainda mais se a informação for da Wikipedia.
E além do mais, muitas composições de tempos remotos foram roubadas por espertalhões. Este é o fato, confio mais na minha memória.
Essas lembranças de tempos de criança, de mais de 75 anos, me vem à mente acionadas por um gatilho qualquer, um objeto, uma foto, um cheiro ou paisagem. É ao mesmo tempo estranho e belo.
O meu primeiro picolé (de framboesa) foi trazido de Porto Alegre envolto em serragem com gelo em barra pelo ônibus do seu Kurt Backes, marido da minha professora, dona Nely, do Grupo Escolar. Quem o vendeu foi a venda "secos & molhados" do seu Aut e foi disputada a tapa.
E teve o meu primeiro charuto, que não fumei. Certa manhã de domingo, quando o pai e a mãe estavam na missa, a um quilômetro de casa, furtei um charuto que meu pai vendia.
Gastei meia caixa de fósforos e não saía fumacinha. Eis um mistério que só me dei conta depois, traças tabagistas o furaram e claro que não podia tragar.
A primeira sobremesa de gelatina de morango com creme de baunilha, um desbunde, luzes de Porto Alegre vistas à noite de cima do Morro do Diabo, a primeira visão da avenida Farrapos com mais carros que em uma semana em São Vendelino, quando visitamos a tia Sylvia, os luminosos das lojas, luzes e mais luzes no 4º Distrito de Porto Alegre.
A primeira torrada de presunto e queijo, a primeira Coca-Cola, o primeiro sorvete cremoso das máquinas em Tramandaí, e o cheiro da maresia a centenas de metros da praia cheia de dunas e zero edifícios, a primeira casquinha de siri e a primeira pisada em um deles ao entrar na água, a primeira lambada de uma onda que me derrubou, a minha primeira namorada aos 7 anos - mas namorar só de olhar, claro, sexo só anos depois.
Mesmo que eu pensasse nisso, o padre dizia que se ia para o inferno, o sacana. Também o primeiro enterro, uma criança de poucos anos - a mortalidade infantil era grande naqueles tempos. Vestiram ela em roupinha de anjo azul e branco, mãos postas para a eternidade e a certeza que existia um céu só para as crianças.
Tudo tão perto e ao mesmo tempo tão longe, saudades que doem assim como a letra da música da minha mãe:
Neste mundo, choro a dor
Por uma paixão sem fim
Ninguém conhece a razão
Porque eu choro tanto assim.
Dupla do barulho
Sai ano, entra ano e essa dupla está lá, mais firme que fundação da ponte do Guaíba. O proprietário do restaurante Gambrinus, João Melo, fez questão de posar com o funcionário da casa, o Zezinho, que é uma espécie de RP (relações públicas) do Mercado Público de Porto Alegre. Não parece, mas o último samurai de Hulha Negra é sobrevivente de várias enchentes e incêndios do Mercado. Guarda até um avental chamuscado e calças com a enchente de 1941.
Te mete!
A Estância das Oliveiras, aqui do Rio Grande do Sul, foi a quinta marca de azeite de oliva mais premiada do mundo, o primeiro mais premiado do Brasil entre outros galardões. É o primeiro azeite do Brasil premiado em cinco continentes.
Porto Noite Alegre
Um belo texto sobre a casa noturna Bar 1 fecha a terceira temporada da série de reportagens Porto Noite Alegre. A matéria publicada na edição de hoje do JC, refaz com riqueza de detalhes o cenário da avenida Getúlio Vargas nos anos 1980.
Memória da cidade
A série Porto Noite Alegre conta, a cada capítulo, a história de uma casa noturna que marcou época na capital gaúcha. O autor é o jornalista e pesquisador Marcello Campos, autor de seis livros, que há quase duas décadas se dedica ao resgate de fatos, lugares e personagens porto-alegrenses.
E o vento levou
Uma árvore na subida da rua Santo Antônio foi quebrada no temporal de quarta-feira, 1º de janeiro, ficando um galho perigosamente pendente em cima da calçada. Se cair na cabeça de alguém, mata. Leitor que mora em prédio contíguo ligou para a prefeitura de Porto Alegre e relatou o caso. Quem o atendeu foi muito gentil e deu o prazo para a retirada do objeto contundente: 45 dias.
Licença para atropelar
As notas sobre o inferno dos pedestres, os patineteiros desaforados - uma boa parte deles - mereceram uma dúzia de concordâncias de leitores, quase sempre com relatos de quase-atropelamento. O que não se sabia é que patinetes têm licença para trafegar em cima da calçada na Capital. Pedestre, viva seu dia como se fosse o último.
Sem surpresa
A atividade do comércio físico na semana do Natal de 2024 (18/12/2024 a 24/12/2024) registrou queda de 3,9%, a maior para a data comemorativa desde 2020, quando o índice foi de -10,3%. Os dados são do Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian.
É duro o beiço do burro
Como se dizia antigamente. Em 2023, pagava-se R$ 6,50 em um pedágio para ir e voltar de Porto Alegre ao município de Carlos Barbosa. Em 2024 paga-se R$ 44,40 em quatro pedágios. Reajuste de 683%.
Lista de valores
O Sinapro-RS lançou a Lista Referencial de Valores 2025, balizador para os serviços e os preços praticados pelas agências de propaganda no Rio Grande do Sul.
A voz da experiência
Ricardo Nunes (MDB) tomou posse para seu segundo mandato como prefeito de São Paulo e anunciou 28 secretários, incluindo três ex-prefeitos da região metropolitana para comandar órgãos estratégicos da cidade.