Um aniversário sempre deve ser comemorado, menos os aniversários ocorridos em meio a tragédias de qualquer ordem. A colenda porto-alegrense festejou 250 anos na sexta-feira em clima de pesar pela indescritível tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. Não dá para ter alegria em um clima desses.
O sons de Porto Alegre
Impressionante como a historinha que fala do apito do trem mexeu com os leitores. Todos tiveram alguma lembrança relacionada a ele. O que leva a outro aspecto de recordações: os sons e ruídos do dia-a-dia que preenheram nossos ouvidos.
O clang clang do metal contra metal acionado pelos motorneiros dos bondes para advertir pedestres. O maior deles, o apito da Brahma três vezes por dia. Bairros inteiros usavam o das 7h como despertador.
Nas madrugadas, o apito do Guarda Noturno, que maldosos diziam que servia para alertar o ladrão.
Entre os sons perdidos, figuram o ruído dos engradados de metal dos entregadores de leite a domicílio, a campainha dos telefones nos pontos de táxi, a flauta de Pan dos carrinhos dos afiadores de facas, a corneta de vendedores de sorvetes, o claque claque das batidas de escovas dos engraxates nas caixas de madeira para atrair fregueses, os altos-falantes dos cinemas de bairro chamando para a próxima sessão, chamada alternada com músicas, muitas de marchas miltares.
Outros sons ainda existem aqui e acolá, como o silvo do gás escapando na troca dos barris de chope. E também tínhamos sons partioculares de alguns bairros. Até os anos 1970, um personagem apelidado de Frank Sinatra percorria a avenida Independência assobiando músicas de Sinatra, usando o chapéu de aba curta que caracterizava o The Old Blue Eyes.
Mas um apito da Brahma em especial tinha uma boa história do tipo si non e vero e bene trovatto. Nos anos 1960, a empresa resolveu cortar o caneco de chope que dava no almoço dos funcionários, o que aumentava o tempo da refeição. O sindicato entrou com ação e ganhou a causa. Perguntaram o que queriam como compensação, dinheiro ou menos horas/trabalho.
Nenhum dos dois. Eles queriam o caneco de chope de volta. E levaram.
A dor perfeita
Como faz quando dezenas de milhares de pessoas perderam tudo e não têm recursos para recomeçar e nem dinheiro para pagar dívidas no comércio e bancos e nem pode dar garantias para obter um novo empréstimo?
Malvadezas anteriores I
Não se pode comparar a enchente de 1941 no Interior e na Capital. Começa que o Estado tinha cerca de 3,3 milhões de habitantes e a maior parte ainda despovoada. No caso de Porto Alegre, a cidade era mais "baixa", com menos áreas surrupiadas do Guaíba. Por exemplo, o Guaíba ia até a avenida Padre Cacique até os anos 1960.
Malvadezas anteriores II
Não foi só a de 1941. Em 1967 e 1983 tivemos outras grandes enchentes. Na primeira, as águas beijaram o prédio do Banrisul. A primeira vez que se ouviu falar no El Niño e sua irmã foi em 1983. O que remete à hipótese de que a dos anos 1940 também foi malvadeza do guri.
Aquele abraço
Desta vez a página não abraça um município, abraça os moradores das regiões devastadas pelas enchentes, gente que perdeu tudo que levou décadas para conseguir, admirável povo que, mesmo chorando, vai reconstruir o que perdeu e vai dar a volta por cima. Abraço a essa brava gente do campo e da cidade, com profundo respeito desta página.
Carreteiro estrangulado
O arroz carreteiro traz nos ingredientes uma tributação que pode atingir 141,77% quando chegar ao prato dos gaúchos. "É um exemplo de quanto a tributação em produtos básicos têm penalizado a sociedade", diz o presidente do Sescon-RS Flávio Ribeiro Júnior.
Miúdas
ESTADO está sem ninguém no STJ e vai ficar sem ninguém no STF com a aposentadoria de Rosa Weber.
FECOMÉRCIO-RS lançou a campanha "Empresa Monstro" para destacar a atuação da Federação em prol do comércio gaúcho.
SENADOR Sergio Moro (União Brasil) perde tempo se defendendo. Já está condenado. Melhor seria pedir asilo no exterior.
007, James Bond, tinha licença para matar. No Brasil, é autorização para roubar.
EXISTE o regime capitalista, socialista e comunista. No Brasil temos o regime do compadrio.
Antena perdida
A demissão de Ana Moser do Ministério do Esporte para dar lugar a um deputado pouca-prática, mais a ausência do presidente Lula (PT) no Rio Grande do Sul - em sobrevoo que fosse nas regiões devastadas pela enchente -, mostram que ele perdeu a antena do simancol.


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