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Cinema
Hélio Nascimento

Hélio Nascimento

Publicada em 09 de Outubro de 2025 às 17:48

Na tela apropriada

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Todos aqueles que acompanham a programação das salas de exibição têm constatado a presença de filmes lançados há algumas décadas. Produções nacionais e estrangeiras têm voltado a ser exibidas na que hoje é chamada de tela grande, proporcionando assim a oportunidade de serem avaliadas no lugar certo, isso quando as condições técnicas do cinema não estão contaminadas por imperfeições causadas pelo desleixo de alguns exibidores. Os locais dedicados a uma programação selecionada – Cinemateca Paulo Amorim, Cinemateca Capitólio e Cinema do Sindicato dos Bancários – lideram o movimento. E mesmo algumas salas comerciais por vezes abrem espaço para títulos anteriormente exibidos. Assim, os interessados em resolver enigmas tiveram nova oportunidade com a reapresentação de Cidade dos sonhos, enquanto outros avaliaram se as virtudes de Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, na época destacadas, superaram a passagem dos anos. Em épocas passadas, quando o cinema possuía o monopólio da imagem em movimento, para usar uma expressão de Federico Fellini, empresas produtoras tinham o costume de anualmente voltar a exibir filmes antigos, através de cópias retiradas dos negativos originais, proporcionando assim às novas gerações conhecer alguns clássicos do passado. Com a chegada de outros meios de exibição, tal prática foi extinta e sucessos do passado foram destinados a outros espaços.
Todos aqueles que acompanham a programação das salas de exibição têm constatado a presença de filmes lançados há algumas décadas. Produções nacionais e estrangeiras têm voltado a ser exibidas na que hoje é chamada de tela grande, proporcionando assim a oportunidade de serem avaliadas no lugar certo, isso quando as condições técnicas do cinema não estão contaminadas por imperfeições causadas pelo desleixo de alguns exibidores. Os locais dedicados a uma programação selecionada – Cinemateca Paulo Amorim, Cinemateca Capitólio e Cinema do Sindicato dos Bancários – lideram o movimento. E mesmo algumas salas comerciais por vezes abrem espaço para títulos anteriormente exibidos. Assim, os interessados em resolver enigmas tiveram nova oportunidade com a reapresentação de Cidade dos sonhos, enquanto outros avaliaram se as virtudes de Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, na época destacadas, superaram a passagem dos anos. Em épocas passadas, quando o cinema possuía o monopólio da imagem em movimento, para usar uma expressão de Federico Fellini, empresas produtoras tinham o costume de anualmente voltar a exibir filmes antigos, através de cópias retiradas dos negativos originais, proporcionando assim às novas gerações conhecer alguns clássicos do passado. Com a chegada de outros meios de exibição, tal prática foi extinta e sucessos do passado foram destinados a outros espaços.
A volta ao cartaz de Paris, Texas, o mais conhecido e admirado filme de Wim Wenders, realizado em 1985, é uma oportunidade para que um dos títulos mais importantes do cinema alemão seja conhecido em sua forma original pelos espectadores das novas gerações. Depois de vencer o Festival de Cannes, o filme foi lançado em Porto Alegre no mesmo ano pelo Cinema-1. Na época, o cinema alemão, depois da repercussão obtida pelo cinema francês através de obras de diretores como Alain Resnais, François Truffaut, Claude Chabrol, Jean-Luc Goddard e Louis Malle, para citar apenas os mais destacados, começou a ocupar seu espaço em telas de todo o mundo com os trabalhos da geração do pós-guerra, principalmente com três nomes: Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder e   Wim Wenders. Filmes por eles realizados fizeram carreira internacional e recolocaram sua cinematografia no lugar que antes do nazismo havia sido conquistado por nomes como Fritz Lang, Friedrich Willem Murnau, Georg Wilhelm Pabst e Josef von Sternberg. E seria injusto não citar o nome de Leni Riefenstahl, que, embora sua relação com o regime vigente nos anos 30, deixou inegáveis contribuições ao documentário.
Wim Wenders, nascido em 1945 e que recentemente obteve êxito com Dias perfeitos, realizou filmes significativos como Alice nas Cidades, Com o passar do tempo e O amigo americano. Ele não permaneceu em seu país como cineasta. Realizou filmes em diversos países e um de seus filmes tinha o título de O céu de Lisboa. Admirador do cinema dos Estados Unidos, principalmente de Nicholas Ray, a quem dedicou um documentário sobre os últimos anos daquele cineasta, ele teria que realizar uma obra como a que agora está sendo reapresentada. Filmando em vários países, ele foi o próprio representante do filme de estrada, aquele no qual o percurso se transforma em aprendizado, seja pela descoberta de novos cenários, seja pelo conhecimento de personagens, símbolos de vidas antes desconhecidas. Em Paris, Texas, muitos viram uma clara influência de John Ford, principalmente na cena final, uma variação em torno do tema do reencontro, algo que o mestre citado havia exposto de forma admirável em Rastros de ódio. Quando o sistema tradicional de exibição foi substituído pelo DCP, que oferece condições de nitidez e luminosidade antes não alcançadas, alguns filmes como Vertigo, de Alfred Hitchcock, foram relançados causando até surpresas em algumas cenas. Muitas obras-primas do passado mereciam também uma volta para serem novamente apreciadas, pelo menos nas salas onde o espectador é respeitado por exibidores dispostos a oferecer o melhor.

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