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Cinema

- Publicada em 14 de Setembro de 2023 às 17:20

Cenas

O Festival de Veneza, a mais antiga das mostras cinematográficas, cuja primeira edição foi realizada no ano de 1932, parece que não anda escolhendo bem seus jurados. Há alguns anos foi premiado uma insignificância como A forma da água, que também venceu o Oscar, em outra evidência de que a ausência de critérios é marca de uma época e que não apenas no cinema se manifesta. Na edição concluída há alguns dias foi premiado com o Leão de Ouro o mais recente filme de Yorgos Lanthimos, realizador de filmes como O sacrifício do cervo sagrado e A favorita, marcados pela superficialidade e a grosseria. A mais nova obra do cineasta terá no Brasil o título de Pobres criaturas, e está sendo anunciada como uma versão feminina de Frankenstein, o romance de Mary Shelley tantas vezes filmado. Fica a esperança de que o diretor desta vez não recorra a cenas de mau gosto vistas em seus dois trabalhos anteriormente exibidos aqui. Mas o trailer, infelizmente, antecipa que tudo continua no mesmo padrão. É interessante lembrar que o Festival de Veneza, no ano de 1960, cometeu um crime ao não premiar com o Leão de Ouro Rocco e seus irmãos, de Luchino Visconti, que saiu da mostra com um prêmio de consolação, enquanto um filme de André Cayatte, hoje esquecido, foi o vencedor. Tal vexame, é claro, não apaga muitos acertos da mostra, modelo para todos os festivais que atualmente se multiplicam por todo o mundo.
O Festival de Veneza, a mais antiga das mostras cinematográficas, cuja primeira edição foi realizada no ano de 1932, parece que não anda escolhendo bem seus jurados. Há alguns anos foi premiado uma insignificância como A forma da água, que também venceu o Oscar, em outra evidência de que a ausência de critérios é marca de uma época e que não apenas no cinema se manifesta. Na edição concluída há alguns dias foi premiado com o Leão de Ouro o mais recente filme de Yorgos Lanthimos, realizador de filmes como O sacrifício do cervo sagrado e A favorita, marcados pela superficialidade e a grosseria. A mais nova obra do cineasta terá no Brasil o título de Pobres criaturas, e está sendo anunciada como uma versão feminina de Frankenstein, o romance de Mary Shelley tantas vezes filmado. Fica a esperança de que o diretor desta vez não recorra a cenas de mau gosto vistas em seus dois trabalhos anteriormente exibidos aqui. Mas o trailer, infelizmente, antecipa que tudo continua no mesmo padrão. É interessante lembrar que o Festival de Veneza, no ano de 1960, cometeu um crime ao não premiar com o Leão de Ouro Rocco e seus irmãos, de Luchino Visconti, que saiu da mostra com um prêmio de consolação, enquanto um filme de André Cayatte, hoje esquecido, foi o vencedor. Tal vexame, é claro, não apaga muitos acertos da mostra, modelo para todos os festivais que atualmente se multiplicam por todo o mundo.
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No excelente documentário dedicado ao compositor Ennio Morricone, o cineasta Giuseppe Tornatore registrou um depoimento do maestro Antonio Pappano, atual diretor da Royal Opera House e titular da Orchestra dell'Accademia Nazionale di Santa Cececila. Em sua manifestação, o maestro se referiu a Morricone como "um dos nossos", querendo assim dizer que os trabalhos daquele compositor merecem ser considerados como algo realmente digno de atenção especial. O documentário de Tornatore também registrou uma manifestação de Bernardo Bertolucci, o cineasta de 1900, que trabalhou com Morricone naquele filme. Bertolucci lembra que pediu ao compositor que escrevesse algo que tivesse o poder de certos temas de Giuseppe Verdi, que, ouvidos pela primeira vez, permanecem na memória do ouvinte. Quem viu aquele filme certamente nunca esquecerá os créditos iniciais, sobre um quadro de Giuseppe Pelliza da Volpedo e acompanhados por uma bela partitura de Morricone, inspirada em adágios clássicos. E certamente ninguém esquecerá os trabalhos de Morricone para A missão, Era uma vez no Oeste e Era uma vez na América.
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Morricone não foi o único grande autor de música para cinema, um gênero que floresceu na década de 1930, quando compositores europeus como os austríacos Eric Wolfgang Korngold, já celebrado na Europa, e Max Steiner, que teve aulas com Gustav Mahler, passaram a escrever música para filmes, entre eles muitos clássicos do cinema. Bernard Hermann, o grande colaborado de Alfred Hitchcock, Miklos Rosza, que também colaborou com aquele cineasta, e até Leonard Bernstein, autor da música que acompanhou, as imagens de Sindicato de ladrões, de Elia Kazan, a única vez em que o grande maestro escreveu música para um filme fora do gênero musical, também deixaram valiosas contribuições ao gênero E hoje em dia todos conhecem os trabalhos de John Williams, que segue a tradição dos anos de 1930 e 1940. Orquestras de todo o mudo estão se aproximando de obras escritas para o cinema, com o claro intuito de tornar mais acessível a música de concerto. E até por isso poderiam se dedicar também a obras que compositores como Serguei Prokofieff, Georges Auric e Heitor Villa-Lobos, autores das partituras de filmes como Alexander Nevski, de Serguei Eisenstein, Os espiões, de Henry George Clouzot, e O descobrimento do Brasil, de Humberto Mauro, sem esquecer obras do repertório utilizadas em filmes. Vale registrar a homenagem este ano feita a Stanley Kubrick pela forma como utilizou obras musicais em 2001: uma odisseia no espaço, nos Concertos Promenade da BBC. Uma curiosidade: aqueles documentários que registram interpretações da Filarmônica de Berlim dirigida por Herbert von Karajan, foram realizados por Clouzot, também realizador de O salário do medo e As diabólicas.