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Cinema

- Publicada em 25 de Agosto de 2022 às 18:06

Os melhores de todos os tempos

Hélio Nascimento
Ao contrário de muitas revistas dedicadas ao Cinema, a londrina Sight&Sound, ao publicar, de dez em dez anos, a sua lista de melhores filmes de todos os tempos, não transforma seus redatores em deuses do olimpo cinematográfico reunidos com a missão de escolher aqueles títulos que deverão sobreviver como as maiores obras-primas. A revista, que é uma publicação do British Filme Institute (BFI), costuma fazer uma eleição da qual participam diretores, roteiristas, historiadores, intelectuais de diversas áreas e críticos de vários países. O resultado de tal opção é que a lista costuma ter repercussão em todo o mundo, desde sua primeira publicação no ano de 1952, quando o filme vencedor foi Ladrões de Bicicletas, realizado em 1948 por Vittorio de Sica. Dez anos mais tarde, o primeiro lugar foi conquistado por Cidadão Kane, de Orson Welles, filmado em 1941, O filme de Welles permaneceu cinco décadas no primeiro lugar, até que, em 2012, cedeu o posto para Vertigo (Um corpo que cai), dirigido por Alfred Hitchcock em 1958. Não foi propriamente uma surpresa, pois, em 2002, o filme aparecia em segundo lugar. De certa forma, a última eleição da revista inglesa confirmou a opinião daqueles que sempre viram naquela obra de Hitchcock a matriz de um cinema que depois seria consagrado por Alain Resnais em O ano passado em Marienbad, com aquela descrição de uma tentativa de reconstruir o passado.
Ao contrário de muitas revistas dedicadas ao Cinema, a londrina Sight&Sound, ao publicar, de dez em dez anos, a sua lista de melhores filmes de todos os tempos, não transforma seus redatores em deuses do olimpo cinematográfico reunidos com a missão de escolher aqueles títulos que deverão sobreviver como as maiores obras-primas. A revista, que é uma publicação do British Filme Institute (BFI), costuma fazer uma eleição da qual participam diretores, roteiristas, historiadores, intelectuais de diversas áreas e críticos de vários países. O resultado de tal opção é que a lista costuma ter repercussão em todo o mundo, desde sua primeira publicação no ano de 1952, quando o filme vencedor foi Ladrões de Bicicletas, realizado em 1948 por Vittorio de Sica. Dez anos mais tarde, o primeiro lugar foi conquistado por Cidadão Kane, de Orson Welles, filmado em 1941, O filme de Welles permaneceu cinco décadas no primeiro lugar, até que, em 2012, cedeu o posto para Vertigo (Um corpo que cai), dirigido por Alfred Hitchcock em 1958. Não foi propriamente uma surpresa, pois, em 2002, o filme aparecia em segundo lugar. De certa forma, a última eleição da revista inglesa confirmou a opinião daqueles que sempre viram naquela obra de Hitchcock a matriz de um cinema que depois seria consagrado por Alain Resnais em O ano passado em Marienbad, com aquela descrição de uma tentativa de reconstruir o passado.
Listas de melhores nunca serão as mesmas e nem fazem a constatação definitiva. As listas, à medida que o tempo passa e os eleitores são substituídos pela inevitável passagem do tempo, se modificam, mas sempre refletem as tendências de uma época. O fato de apenas três filme terem ocupado até agora o primeiro lugar é a evidência da importância que eles tiveram em seu tempo e também a constatação de que seus valores permanecerão. A lista da Sight&Sound é formada por cem filmes e só os primeiros dez são destacados pela mídia mundial. Mas a revista publica os títulos de todos os cem e ainda divulga o nome e os preferidos de cada votante. Assim, é possível constatar a preferência de muitos diretores, o que certamente, em alguns casos, pode causar surpresas. E não só com relação a cineastas. Foi interessante saber que Slavoj Zizek, filósofo esloveno de formação freudiana e marxista, colocou, em 2012, entre os 10 melhores de todos os tempos The sound of music (A noviça rebelde), realizado por Robert Wise em 1965, algo que certamente deixou satisfeito aqueles que sempre cultivaram simpatia por aquele conto de fadas baseado em fatos reais. E poucos concordarão com Camille Paglia, que colocou Ben-Hur, do grande William Wyler, produzido em 1959, em primeiro lugar de sua lista. Essas divergências nos permitem estranhar a ausência de Ingmar Bergman, embora o cineasta sueco esteja presente da lista de vários diretores. É sabida a admiração de Woody Allen por ele e também a de Stanley Kubrick, que chegou a escrever para o diretor de Gritos e sussurros uma carta de admirador e o homenageou numa cena de 2001: uma odisseia no espaço, aquela do xadrez com o computador, uma referência ao jogo com a morte em O sétimo selo. A lista atualizada da revista será publicada no número de novembro deste ano.
Na última década do século passado, a US News & World Report, uma revista americana dedicada principalmente a assuntos econômicos solicitou a economistas de todo o mundo uma lista de dez livros indispensáveis para o entendimento da sociedade moderna. Na lista apareceu um romance: Os Thibault, de Roger Martin du Gard. E, curiosamente e não de forma surpreendente, dois filmes: Tempos Modernos, de Charles Chaplin; e A grande ilusão, de Jean Renoir, realizados respectivamente, em 1936 e 1937. O primeiro ilustra o processo de mecanização do ser humano e o segundo descreve o entendimento entre classes como algo acima das fronteiras geográficas. Ambientado durante a Primeira Guerra Mundial, o filme de Renoir também registra os primeiros sinais de um conflito ainda maior. Ambos evidenciam, inclusive por chamar a atenção de um segmento não diretamente ligado ao cinema, mas voltado para a realidade, como nossa arte merece muito mais atenção do que aquela dirigida apenas para seus aspectos exteriores.
 
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