Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Colunas#A voz do Pastor

Coluna

- Publicada em 23 de Julho de 2015 às 00:00

Os bens da natureza: dom e tarefa


Jornal do Comércio
Recentemente, o Papa Francisco lançou um grande apelo em prol do urgente e necessário cuidado para com nossa "casa comum", o planeta terra. Esse apelo faz eco ao discurso que aponta para a existência de uma crise ecológica. Entretanto, o Papa também nos recorda que não existe crise ecológica em si; o que existe é, sobretudo, uma grande crise antropológica.
Recentemente, o Papa Francisco lançou um grande apelo em prol do urgente e necessário cuidado para com nossa "casa comum", o planeta terra. Esse apelo faz eco ao discurso que aponta para a existência de uma crise ecológica. Entretanto, o Papa também nos recorda que não existe crise ecológica em si; o que existe é, sobretudo, uma grande crise antropológica.
De fato, o ser humano oferece indicações de que está perdendo a capacidade de administrar aquilo que foi colocado em suas mãos. O ser humano de todos os tempos recebeu a nobre tarefa de ser o guardião e o administrador competente dos bens da natureza. Estes bens são um dom!
Ora, quando se perde o sentido do dom, a tarefa é corrompida e as consequências se fazem logo sentir. É o que todos experimentamos em diferentes situações do cotidiano, quando nos damos conta de que não somos mais capazes de ler os sinais do céu e das estrelas, das águas e dos ventos, da lua e do sol, do humano e do divino.
A autorreferencialidade que o ser humano se impôs, criou as condições para que ele se compreendesse como separado das relações com Deus e com a natureza, com o divino e o natural.
Sonhamos com um desenvolvimento sustentável e integral. Pois, para quem vive a partir da fé, está presente a convicção de que "o Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado". Há também a certeza de que a "humanidade possui (...) a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum". Por isso, tal desenvolvimento é possível; acreditamos na força e determinação do ser humano em se dispor para colaborar nessa construção.
O caminho é longo, mas não impossível. Urge, antes de tudo, reconhecer a "necessidade de cada um se arrepender do próprio modo de maltratar o planeta, porque todos, na medida em que causamos pequenos danos ecológicos, somos chamados a reconhecer a nossa contribuição - pequena ou grande - para a desfiguração e destruição do ambiente". Faz-se também necessário recordar que "quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus; quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas úmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar... Tudo isso é pecado, porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus".
Subjaz a estas atitudes criminosas e a esses pecados, a visão utilitarista e consumista que marca o cotidiano de muitos. Os desequilíbrios presentes na natureza que se manifestam de forma sempre mais contundente e frequente traduzem as consequências de tal visão; expressam também a enorme desigualdade ainda existente entre pobres e ricos, países do norte e países do sul; revelam injustiças e exclusões geradas e mantidas pelo modelo econômico de desenvolvimento vigente. A visão utilitarista e consumista mutila a natureza, desperdiça alimentos, produz fome...
O documento papal nos recorda que os problemas ambientais têm raízes éticas e espirituais. Por isso, somos chamados a encontrar soluções não só na ciência e na técnica, mas também no próprio ser humano. É preciso mudar a compreensão de si e da realidade, da natureza e dos bens por ela oferecidos.
Isso, em linguagem cristã , se denomina "conversão". Sugere-se "passar do consumo ao sacrifício, da avidez à generosidade, do desperdício à capacidade de partilha, numa ascese que significa aprender a dar, e não simplesmente renunciar. É um modo de amar, de passar pouco a pouco do que eu quero àquilo de que o mundo de Deus precisa. É libertação do medo, da avidez, da dependência".
Para nós, cristãos, o mundo é "sacramento de comunhão"; é uma "forma de partilhar com Deus e com o próximo" os bens da natureza colocados à disposição de todos, indistintamente.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO